História de Gigante II

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(...) Hoje, a poucos dias de disputar a finalíssima do Prêmio Multi Show de Humor, assisti suas apresentações nas eliminatórias do concurso (vídeo abaixo) e, orgulhoso, retornei para entrevistá-lo (...)

Capa da Revista Ast-Rio com foto do Léo.

História de Gigante II

Amigos!

Quando entrevistei, em julho de 2010, o novo funcionário Leonardo Reis para a Revista ASTRIO, queria apenas mostrar sua história de superação aos demais colegas do Tribunal de Contas do Município. Nem eu, nem ele, poderíamos imaginar que três meses depois, uma nova fase de sua vida iniciaria como o humorista: Gigante Léo.

Hoje, a poucos dias de disputar a finalíssima do Prêmio Multi Show de Humor, assisti suas apresentações nas eliminatórias do concurso (vídeo abaixo) e, orgulhoso, retornei para entrevistá-lo.

Léo relatou seu primeiro sucesso em um Open-mic - espetáculo para iniciantes - no SESC Tijuca (set/10), onde ele teria cinco minutos e permaneceu doze no palco. Logo, começou a fazer Comédia em Pé,  chamando atenção de Leandro Hassum, que o convidou para a peça Lente de Aumento. Quando participou do humorístico Caras de Pau, na TV Globo, já era campeão do Concurso Risadaria 2011 - Região Sudeste e vice-campeão do Risadaria Nacional. Entrevistado por Jô Soares, fez shows Brasil a fora e outros programas de TV. Seus textos geraram o Livro dos Anões - Editora Matrix - (out/11).


Todo esse sucesso, no entanto, não seria suficiente para conduzi-lo à finalíssima do Prêmio Multishow 2012. Léo teria criar novos textos, personagens e piadas. Esquecer aquelas que exploravam sua condição de anão.

- Incorporar o Hulk foi meu grande desafio. Cheguei a sentir medo. Para ficar mais seguro, pensei em adaptar algumas piadas de anão ao Hulk, mas logo vi que não daria certo. Por fim, o Hulk foi minha melhor apresentação no Prêmio Multishow, mostrando a mim mesmo que eu sei fazer humor - relata.

Enquanto a final do Prêmio Multishow não passa, você vai poder ler ou rever a matéria História de Gigante, escrita quando Léo nem sonhava em ser revelação do humor nacional:


História de Gigante

" Todos somos iguais, apenas temos dificuldades diferentes."
- Leonardo Reis

por Ubiracy Rezende - fotos: Ivan Maurity

“Era uma vez...” não serve para começar essa História de Gigante porque no papel de gigante, nosso protagonista com 1,05m de altura não seria convincente aos olhos das crianças. Muitas delas, ao cruzarem com Leonardo Nuñez de Miranda Reis no corredor do shopping exclamam naturalmente: “Mãe, olha lá o homem pequeno!” Recebem de volta um aceno e um sorriso do Léo, ou a repreensão e tapas de pais desconcertados. Mas histórias de gigante também são lidas por adultos e é esse o nosso caso.

A velha fórmula do herói que sofre como um cão, até o capítulo final, também não serve. Aos 30 anos, Léo afirma  nunca ter sofrido discriminação no colégio, faculdade ou mestrado – com exceção do maternalzinho, onde pais de alunos pediram à diretora do colégio Pica-pau Amarelo que o tirassem da turma de seus filhos.

– Meu colégio está aqui não apenas para ensinar, mas para formar cidadãos. E o Leonardo não sai! – respondeu a diretora, ainda hoje sua amiga.

Com quatro anos de idade, Léo não poderia entender o que ocorria e o fato não lhe marcou. Marcas mesmo foram deixadas pelo bisturi, ao longo de 12 anos, nas várias cirurgias para correção dos pés retorcidos. Corpo frágil, alma blindada, o menino superava aqueles difíceis períodos que esteve internado visitando outros leitos, conversando com todos, contando piadas: “Também fazia festa no hospital”, conta.
Bacharel em Ciência da Computação pela UFF, concluiu o mestrado na linha de Engenharia de Software, em 2005, pela COPPE/UFRJ. Fez alguns cursos de informática e formou-se em Inglês pelo IBEU (7 anos de curso, mais 2 anos de conversação). Entre 2001 e 2004, trabalhou na área de tecnologia da TV Globo, onde participou normalmente dos processos seletivos, com todos os candidatos – não eram vagas destinadas a deficientes. Em 2003, enquanto trabalhava oito horas por dia e fazia mestrado no COPPE, inscreveu-se para o concurso público do TCMRJ, já no período de prorrogação. Estudou menos de um mês no tempo que lhe sobrava: fim de semana ou à noite. Foi o segundo colocado, mas só havia uma vaga destinada a deficiente. Não pensou que o primeiro colocado pudesse desistir e começou a se preparar melhor para outros concursos, quando uma ligação do TCMRJ o avisou que a vaga de analista de informação era sua.

Duas pequenas rampas, uma escada no banheiro e a troca da maçaneta facilitaram a acessibilidade na Assessoria de Informática, onde entre outras tarefas, é responsável pela manutenção do site do TCMRJ. Adaptado também é seu carro, um Honda Fit cinza paladium com banco do motorista e pedais levantados, para o qual o TCM disponibiliza uma vaga exclusiva no estacionamento. O mesmo carro que enguiçou em um alagamento, em novembro último passado, no Largo do Jacaré, quando para fugir de um engarrafamento de uma noite chuvosa, Léo confiou no GPS e adentrou naquela área de risco. Ligou para o reboque, enquanto algumas pessoas se aproximaram fazendo perguntas sobre o veículo importado. Como o reboque não chegou, disfarçou a tensão entrando no banheiro do posto de gasolina para onde o carro foi empurrado e voltou a ligar para a seguradora cobrando urgência no atendimento. Somente por volta das 22h e 30min que o socorro chegou. A esta altura, o Léo já ganhara o apelido de Pequeno, na roda, e as garantias de que se precisasse de um mecânico, poderia contar com os serviços de um especialista em carros importados do local.

Quando Léo nasceu, no dia 04 de dezembro de 1979, no Méier, D. Elisabete nem teve tempo de examinar o bebê, como fazem todas as mães: “Pela reação da equipe médica deu para perceber que alguma coisa diferente havia acontecido” – relata. Perguntei-lhe se a chegada do Léo trouxe mudanças em seu interior e ela respondeu:

– Trouxe todo o tipo de mudança, tanto interior quanto exterior, explico. Quando o Léo nasceu eu era muito novinha, cheia de vaidade e bastante superficial. Léo, com sua vontade de viver e de vencer, me mostrou o verdadeiro significado da beleza. Ser bonita deixou de ser somente usar roupas da moda (exterior), mas principalmente olhar-se no espelho e se ver bonita (interior). O Léo é lindo, irradia beleza e todos percebem e sentem isso. A maior lição que aprendi com o meu pequeno gigante, é que para ser feliz, precisamos estar sempre de bem com a vida, a partir daí tudo fica fácil. 

O único anão dos quatros filhos de D. Bete relata que teve “uma criação normal, sem distinção ou tratamento diferenciado. Quando não conseguia fazer algo, eles até me ajudavam, mas sempre me estimularam a conseguir fazer. Nunca me trataram como ‘coitadinho’ ou com pena. Na infância ou adolescência joguei bola, andei de skate, ia a festas, fiz teatro e tudo que um adolescente faz.”

Desde 2002 é coordenador do MEJ – Movimento Eucarístico Jovem voltado à perseverança e 1ª eucaristia de crianças e adolescentes da Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, no Méier. Atualmente faz Teologia na PUC, limitou-se a três ou quatro matérias por semestre, por motivos de trabalho. Como se vê, o gigante continua crescendo. #

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CENAS EXTRAS

1- BATATA INGLESA: Na época TV Globo, Léo foi almoçar com o amigo Walter e outros colegas de trabalho no Shopping da Gávea. A fila estava enorme na loja Batata Inglesa e a funcionária do caixa, um tanto estressada. Na hora de fazer o pedido, como o balcão do caixa era bem alto e a funcionária não podia vê-lo, com a impaciência à flor da pele, ela ficou repetindo para o Walter, que estava logo atrás do Léo:
– Anda logo, faz o pedido que a fila ta grande!...
Enquanto o gaiato do Walter apenas sinalizava com os olhos que havia alguém na sua frente.
– Anda logo! – repetia a funcionária.
– Não parece não, mas tem alguém na minha frente. – disse Walter.
A funcionária debruçou-se sobre o balcão e viu que o Léo era o próximo. Ficou absolutamente sem graça. Pediu mil desculpas, para riso geral. 

2- CRIANÇA EXPERTA: Ao ligar para o atendimento do cartão de crédito e solicitar informações sobre a fatura, do outro lado da linha, a atendente não parava de fazer perguntas para conferir a autenticidade da ligação. Pacientemente, Léo foi respondendo, com seu timbre de voz imaturo, perguntas sobre sua idade, data de nascimento, telefone, CPF, identidade, etc... Quando já não havia mais o que perguntar, a atendente falou:
– Senhor, sua voz não condiz com sua idade. Não posso passar informações para uma criança.
– Como pode uma criança responder todas as perguntas que você fez? – argüiu Léo.
Mas não teve jeito, foi preciso ligar para o corretor da seguradora ao qual o cartão era vinculado e só depois obter a informação desejada.

3- SALARIO MÍNIMO: Essa é o próprio Léo que conta: “Tudo começou quando a minha amiga, Vanessa Santos (Vanessinha), jornalista, estava fazendo assessoria de imprensa da GRES Renascer de Jacarepaguá. Numa brincadeira por telefone que ela fez comigo, pois eu sempre tive vontade de desfilar na Sapucaí, perguntei: "Poxa, não tem como eu sair num carro na escola de samba?". Ela respondeu: "Só se for de salário mínimo"... E não foi que o carnavalesco Lane gostou da ideia e criou um espaço no carro do Purgatório e o meu personagem de salário mínimo. Na época estava uma polêmica sobre aumentar ou não o salário mínimo, o que ela, como assessora de imprensa, pegou o fato e chamou o jornal "O Dia" para fazer uma matéria. As fotos ficaram tão interessantes, que o editor-chefe resolveu colocá-la como matéria de capa. Aí foi aquele alvoroço...
Depois da publicação, além de fazer mais duas matérias como salário-mínimo e falando da minha indignação pelo valor do salário mínimo nacional, virei uma celebridade momentânea. Passei a ser reconhecido nas ruas, frequentar camarotes da escola Renascer e ser estrela da escola.Tirava foto com madrinha de bateria, na época, Rita Guedes, subia no palco e ia aos eventos da escola, como um show da GRES Renascer com o GRES Salgueiro na Ilha dos Pescadores, onde tirava fotos e fiquei na área VIP. Depois do desfile, no sábado de carnaval, fui para o camarote da escola, onde curti o final do desfile. Foi um momento de muita curtição e alegria, e um pouco de celebridade.
Um fato engraçado foi quando, no caminho para o camarote (junto com a madrinha de bateria Rita Guedes), uns moleques na rua começaram a arrancar as notas falsas de R$ 1,00 da minha fantasia, quase me deixando desnudo. Não adiantava nada eu falar que as notas eram falsas!...

Abraços!
Bira.
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