Caminhão em que Ozéias trabalhava antes de começar a correr - foto de arquivo pessoal. |
Diga-me com quem Corres: Ozéias
Amigos!O que você faria?...
Se você fosse um caminhoneiro que vendeu seu único caminhão para pagar dívidas?
O que você faria?...
Se depois de quatro anos de trabalho duro, na estrada, só lhe restasse R$ 5.000,00 e mais nada?
O que você faria eu não sei... Só sei que em 2004, Ozéias – o herói desta história – simplesmente, foi caminhar...
Saindo do Fundo do Poço
Pesando 126kg para 1,77m de altura, aos 31 anos, Ozéias Carlos B. Lira já era um obeso grau III ou obeso mórbido. No "fundo do poço financeiro", segundo suas próprias palavras, decidiu recuperar não apenas patrimônio, mas silhueta do tempo de militar e a auto-estima abalada, toda vez que lhe chamavam de Geléia, Leitão ou Baleia.- Eu precisava pensar em como ía erguer a minha vida (...) Então comecei a caminhar 1h e 30min por dia, mesmo que chovesse canivete!... - relembra.
Ozéias no tempo de militar da Brigada PQD... |
... Depois chegou a pesar 126 km - "vida de caminhoneiro", diz. |
Com determinação e a disciplina aprendida no quartel, começou a perder 1kg a cada duas semanas. Motivado, aumentou a intensidade das passadas e perdeu 22kg. naquele mesmo ano (2004). A partir de então, os gozadores saíram de cena para dar vez aos curiosos, que perguntavam: "Qual remédio você está tomando?" ou "Qual é o seu médico?"
Quando chegou aos 100kg, em 2005, o ex-Faustão começou a trotar, de segunda à sábado, na pista de pedrestres da movimentada Rua Oliveira Belo, Vila da Penha. Foi quando participou de sua primeira prova: a Corrida de São Sebastião - 10km, no Aterro do Flamengo. Logo, um amigo lhe convidou para ingressar na equipe de corredores Acoruja, mas de princípio ele rechaçou achando que "lá só tinha pessoas magras e que corriam muito".
O Caminhoneiro
Em 1999, o sucesso obtido como motorista de kombi levou Ozéias a comprar seu caminhão baú 1113 Mercedes Bens, trabalhando em sociedade com o irmão até 2003. Foi necessário dormir na boléia, virar noites, se alimentar mal e ganhar muito peso. Entre muitas histórias deste período, ele conta que certa vez foi coletar uma carga em uma empresa localizada em um dos acessos ao Complexo do Alemão. Foi parado na barreira do tráfico e teve de responder a várias perguntas, abrir o baú para uma revista e seguir com o baú aberto até o portão da empresa. Para piorar, não pode entrar de imediato no depósito e, durante uma hora, os traficantes se alojaram no baú do caminhão, portando fuzis e anunciando droga. Hoje, nosso corredor trabalha em uma empresa na Penha e, de segunda a sexta, é possível correr à noite.
Cinco Maratonas
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Quando se increveu para a primeira maratona (42k), logo em 2005, o fez escondido da família. Durante a prova perguntava a si mesmo: "O que é que eu tô fazendo aqui nessa porra!" - mas completou a corrida. Depois da prova não conseguia subir um degrau sequer, seus pés perderam seis unhas e levou uma semana para se recuperar. A emoção da chegada, no entanto, falou mais alto do que qualquer sofrimento e o fez retornar nas maratonas de 2006, 2007, 2008, 2009 e 2010, destas vezes, já habituado e sem o mesmo sofrimento.
Agregador, Ozéias manda e-mails ou telefona, convidando toda turma sempre que tem longão. Daqueles 126kg, que carregava, só sobraram 72 (!) e até hoje tem pessoas que lhe param na Rua Oliveira Belo para perguntar se ele é aquele gordinho que dava duas voltas na pista (3.400m) e depois caía morto.
Para compor esta postagem eu fiz várias perguntas ao Ozéias, só esqueci de perguntar ao meu ídolo se "valeu a pena ter ido à falência, para depois romper a própria casca e se libertar da própria prisão?"... Pensando bem, é uma pergunta totalmente dispensável: todo mundo já sabe a resposta.
Abraço!
Bira.
Agregador, Ozéias manda e-mails ou telefona, convidando toda turma sempre que tem longão. Daqueles 126kg, que carregava, só sobraram 72 (!) e até hoje tem pessoas que lhe param na Rua Oliveira Belo para perguntar se ele é aquele gordinho que dava duas voltas na pista (3.400m) e depois caía morto.
Para compor esta postagem eu fiz várias perguntas ao Ozéias, só esqueci de perguntar ao meu ídolo se "valeu a pena ter ido à falência, para depois romper a própria casca e se libertar da própria prisão?"... Pensando bem, é uma pergunta totalmente dispensável: todo mundo já sabe a resposta.
Abraço!
Bira.