terça-feira, 23 de novembro de 2010

Diga-me com quem Corres: Ozéias

(...) Eu precisava pensar em como ía erguer a minha vida (...) Então comecei a caminhar 1h e 30min por dia, mesmo que chovesse canivete!(...)


Caminhão em que Ozéias trabalhava antes de começar a correr - foto de arquivo pessoal.


Diga-me com quem Corres: Ozéias

Amigos!

O que você faria?... 
Se você fosse um caminhoneiro que vendeu seu único caminhão para pagar dívidas?

O que você faria?... 
Se depois de quatro anos de trabalho duro, na estrada, só lhe restasse R$ 5.000,00 e mais nada? 
O que você faria eu não sei... Só sei que em 2004, Ozéias – o herói desta história – simplesmente, foi caminhar...

Saindo do Fundo do Poço

Pesando 126kg para 1,77m de altura, aos 31 anos, Ozéias Carlos B. Lira já era um obeso grau III ou obeso mórbido. No "fundo do poço financeiro", segundo suas próprias palavras, decidiu recuperar não apenas patrimônio, mas silhueta do tempo de militar e a auto-estima abalada, toda vez que lhe chamavam de Geléia, Leitão ou Baleia.

- Eu precisava pensar em como ía erguer a minha vida (...) Então comecei a caminhar 1h e 30min por dia, mesmo que chovesse canivete!... - relembra.

Ozéias no tempo de militar da Brigada PQD...
... Depois chegou a pesar 126 km - "vida de caminhoneiro", diz.

Saía para caminhar motivado pelas palavras de sua mãe e seu irmão, mas na rua ouvia piadinhas, como: "Pra você emagrecer vai ter de dar a volta ao mundo!" ou " ...Só tomando chumbinho que 'seca rápido'!"

Com determinação e a disciplina aprendida no quartel, começou a perder 1kg a cada duas semanas. Motivado, aumentou a intensidade das passadas e perdeu 22kg. naquele mesmo ano (2004). A partir de então, os gozadores saíram de cena para dar vez aos curiosos, que perguntavam: "Qual remédio você está tomando?" ou "Qual é o seu médico?"

Quando chegou aos 100kg, em 2005, o ex-Faustão começou a trotar, de segunda à sábado, na pista de pedrestres da movimentada Rua Oliveira Belo, Vila da Penha. Foi quando participou de sua primeira prova: a Corrida de São Sebastião - 10km, no Aterro do Flamengo. Logo, um amigo lhe convidou para ingressar na equipe de corredores Acoruja, mas de princípio ele rechaçou achando que "lá só tinha pessoas magras e que corriam muito".


O Caminhoneiro


Em 1999, o sucesso obtido como motorista de kombi levou Ozéias a comprar seu caminhão baú 1113 Mercedes Bens, trabalhando em sociedade com o irmão até 2003. Foi necessário dormir na boléia, virar noites, se alimentar mal e ganhar muito peso. Entre muitas histórias deste período, ele conta que certa vez foi coletar uma carga em uma empresa localizada em um dos acessos ao Complexo do Alemão. Foi parado na barreira do tráfico e teve de responder a várias perguntas, abrir o baú para uma revista e seguir com o baú aberto até o portão da empresa. Para piorar, não pode entrar de imediato no depósito e, durante uma hora, os traficantes se alojaram no baú do caminhão, portando fuzis e anunciando droga. Hoje, nosso corredor trabalha em uma empresa na Penha e, de segunda a sexta, é possível correr à noite.


Cinco Maratonas




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Quando se increveu para a primeira maratona (42k), logo em 2005, o fez escondido da família. Durante a prova perguntava a si mesmo: "O que é que eu tô fazendo aqui nessa porra!" - mas completou a corrida. Depois da prova não conseguia subir um degrau sequer, seus pés perderam seis unhas e levou uma semana para se recuperar. A emoção da chegada, no entanto, falou mais alto do que qualquer sofrimento e o fez retornar nas maratonas de 2006, 2007, 2008, 2009 e 2010, destas vezes, já habituado e sem o mesmo sofrimento.

Agregador, Ozéias manda e-mails ou telefona, convidando toda turma sempre que tem longão. Daqueles 126kg, que carregava, só sobraram 72 (!) e até hoje tem pessoas que lhe param na Rua Oliveira Belo para perguntar se ele é aquele gordinho que dava duas voltas na pista (3.400m) e depois caía morto.
 
Para compor esta postagem eu fiz várias perguntas ao Ozéias, só esqueci de perguntar ao meu ídolo se "valeu a pena ter ido à falência, para depois romper a própria casca e se libertar da própria prisão?"... Pensando bem, é uma pergunta totalmente dispensável: todo mundo já sabe a resposta.

Abraço!
Bira.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Mais Imagens do Revezamento!

Amigos!



Apenas algumas fotos e poucas palavras...


 Pra começar, nosso garoto Antônio... Experiência e Vitalidade!




 No começo da corrida tudo é festa... Sorrisos! Depois é que o bicho pega!


Dizem que o Ozéias já foi gordo, mas eu nunca acreditei!

 Esse aí nem tocava no solo... Se tocou eu nem percebi!






Adriano cheio de estilo. Parece até capa da Runner's!

Nosso "cinegrafista" em destaque!... Voou na pista e depois pegou a bike para filmar os amigos!


A equipe Body Shape Academia (ordem das fotos): Antônio, Bira, Ozéias, Sandro, Adriano e Alessandro!

Mais Abraços!

Bira
(confira os vídeos na postagem anterior!)
http://www.bira-log.blogspot.com/

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Maratona Pão de Açúcar de Revezamento - Etapa Rio - 07/11/2010.

Amigos!



Nossa equipe (Academia Body Shape) fez bonito na Maratona de Revezamento Pão de Açúcar, domingo, 07-11-2010, no Aterro: Em pé: Adriano, Sandro, eu, Ozéias e Antônio. Agachado, o Alessandro que além de correr seu trecho, pegou a bicicleta para registrar as imagens abaixo. Ficamos em sexto com 2h46min e uns quebrados... Valeu!

Bira - Km 1




















Bira - KM 4 e 5






















Adriano - Km



Sandro - Km



Ozéias - Km



Antônio - Km



Abraços!

Bira

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Quem é o Dono da Terra?

Amigos!


Finalmente eu e Edna passamos alguns dias (mais precisamente 5) fora do Rio e da rotina. Individualmente eu não posso dizer que estivesse carente de fazer um passeio, faz pouco tempo que estive correndo em Belo Horizonte, Porto Alegre, Buenos Aires e etc, mas sempre fui sozinho. Além do mais, mesmo que estivesse com a Edna nestas corridas, não seria a mesma coisa para o casal. Uma coisa é um casal viajar em função de um evento, outra é viajar por eles mesmos. E assim nós fomos para Recife e Porto de Galinhas.


Chegamos na tarde de sexta-feira, 22/10/10, na capital pernambucana. O cansaço de dois vôos atrasados atirou nossos corpos de chumbo na cama do excelente hotel. Foi preciso coragem para se livrar da maciez da espuma, tomar um banho e trocar de roupa. Mas se a noite não espera para chegar, tínhamos que aproveitar as últimas horas de luz natural para visitar Olinda.


O céu cinzento logo ficaria negro e sem brilho de estrelas. Não daria tempo de ver muita coisa, além das fachadas de igrejas fechadas, violeiros, toalhas de rendas e alguns ateliês, numa espécie de degustação - fast-tuor, fast-food - tapioca de coco com coca-cola e corra que lá vem a chuva!... Os planos de petiscar à noite no Recife Antigo foram por água abaixo. Terminamos comendo pizza no grandioso Shopping Recife, a oito quadras do hotel.

Na manhã seguinte a chuva só piorou. Corri uma hora e meia no calçadão da Praia de Boa Viagem, desviando de poças e atento à água que os pneus atiram na calçada. Minha mulher nem se animou para dar uma olhada na praia, debaixo de chuva. Por R$100,00, um taxi nos levou à pousada em Porto de Galinhas. Como não parou de chover, passeamos na cidade olhando lojas e voltamos cedo para a pousada, torcendo pela vitória do sol em sua batalha contra as nuvens.
 
Quando acordei na manhã de domingo, ainda nem haviam servido café no restaurante da pousada. Comi algum biscoito e saí pra correr pela estrada. Percebi melhor que a cidade - Ipojuca - está se preparando como nunca para este verão. A estrada que conduz a Porto de Galinhas está ganhando iluminação sem fios aparentes, asfalto liso e belas calçadas com ciclovia e pista para caminhada. Fiquei feliz em ver que o nordeste está progredindo. Este povo lindo, acolhedor e humano merece ter sustento em sua própria terra. Durante a viagem de taxi, já tinha observado as obras da refinaria Abreu e Lima e obras de abastecimento. Tubulações que conduzirão água da Bacia do São Francisco às cidades nordestinas. Enquanto corria, lembrava do relato orgulhoso e vibrante do taxista ao descrever o progresso de seu Pernambuco. Mesmo sendo de manhã, durou pouco para que eu retirasse a camiseta no calor do nordeste. Corri uns oito quilômetros de asfalto até desembocar na Praia de Macaraípe, reduto dos surfistas. Ali perto as obras já estavam quase concluídas e eu já me sentia feliz imaginando tudo pronto, quando avistei ao lado da pista vária demarcações no terreno. Barracos eram erguidos, maculando o paisagismo antes mesmo de sua conclusão. Automaticamente fiquei indignado, ainda correndo, me perguntando: "De que vale investir tanto nesta bela obra, se já está surgindo uma favela ao longo do caminho?" Enquanto isso, um "invasor" remexia em um canteiro, plantando ou colhendo verduras. Uma mulher abriu a porta de seu barraco e me viu passando na estrada. Sem perceber meu olhar crítico, oculto pelas lentes espelhadas dos óculos de sol, ela abriu um belo sorriso de falou com uma voz que vinha do coração: "Bom-dia!..." Quase tropecei em suas palavras, mas respondi prontamente: "Bom-dia!..." Se minhas pernas não pararam, minha mente deu um nó. Eu ali, na condição de turista, julgando saber o que é melhor para a cidade. Deparando com barracos e esquecendo que dentro deles tem gente que também merece um teto. Foi preciso ouvir aquele "bom-dia" para pensar nisso. Senti-me um pouco culpado.


Afinal de contas, a quem pertence a terra? Ao turista que não quer ver barraco fincado à beira da estrada? Ao comerciante que quer ver mais turista? Ao desprovido que levanta seu teto onde é possível?...



Não deu para responder tanta pergunta do mesmo jeito que pude responder ao inesperado "bom-dia". Distraí a mente retornando à pousada, desta vez, correndo pelas praias. A chuva se foi e prevaleceu o mormaço na manhã e tarde de domingo. A praia ficou cheia

 .

Na segunda o céu sorria exibindo um sol branco-colgate. O vento soprava forte nas velas das jangadas. As piscinas naturais, mais uma vez, estavam repletas de peixes coloridos. Bares sobre rodas se deslocavam nas areias vendendo coqueteis e tocando música. A doce pina-colada custava R$10,00 e era preparada com vodca e frutas dentro de um abacaxi sem poupa. O peixe frito com macaxeira e salada, servido na praia, estava uma delícia. Só saímos dali no fim da tarde.

 
Na terça fizemos o passeio de ponta-a-ponta, conduzido pelo buggy que estaciona em quatro praias entre Maracaípe e Muro Alto. Nesta última eu não resisti à tentação de correr sobre uma areia batida e de cor branco-pérola, até bem próximo do Porto de Suape - ida e vota, uns 5 km em ritmo forte - uma beleza! Em Maracaípe a extensão de areia parecia não ter fim, até que se chegasse ao mar... Só que já era hora de voltar. Às nove da noite, já estávamos em casa - o melhor lugar do mundo!




DESCANSO DAS PLANILHAS
Passada a Maratona de Buenos Aires, resolvi esquecer as planilhas de treinamento. Não deixei de treinar, mas é preciso dar um descanso para voltar forte em 2011. Domingo participei com os amigos da Maratona Pão de Açúcar de Revezamento, mas isso é assunto para a próxima postagem.

Abraços!

Bira

Divulguem o Blog encaminhando esta postagem!
http://bira-log.blogspot.com