sábado, 30 de julho de 2011

Corredores da Vida: Aparatos da Inteligência

(...) No apartamento da gata o clima era outro: a música romântica misturava-se suavemente ao cheiro incrustado de incenso indiano. A luz indireta só dava destaque aos quadros da sala, onde tudo mais se tornava silhueta (...)
Loura andrógina, montagem com recortes de imagens da internet - Bira, 30-07-11.

Corredores da Vida: Aparatos da Inteligência

Amigos!

Quando José entrou no quarto da estrondosa loura seu coração batia mais forte, bombeando o sangue que avermelhava seu rosto e enrijecia seu sexo. Até que enfim, seis meses de abstinência sexual estavam prestes a serem quebrados, desta vez em alto estilo: a mulher de cabelos longos tinha olhos azuis, seios fartos e belas coxas. Conhecera a beldade naquela mesma noite. Foi na balada onde rolou o clima – ou como dizem atualmente – “uma química” entre eles. Ele não sabe direito o que disse para ela e eu acho nem ela sabe o que ouviu com aquela música alta. Mas eles também estavam altos sob o efeito dos drinques. Primeiro trocaram olhares e imitaram gestos um do outro – no ritual da conquista, depois trocaram salivas enquanto dançavam na pista de luzes coloridas.

sábado, 23 de julho de 2011

Como Sair do Sedentarismo

Amigos!

Muito feliz após receber tantas mensagens de feliz aniversário eu esclareço que não completei 52 e sim 4 aninhos! Isso mesmo, faz quatro anos que eu decidi voltar a correr e correr de verdade. Mas não foi fácil levantar-se do sofá, soltando todas amarras, para encarar o duro asfalto nos primeiros meses. Era quando a flacidez dos músculos pouco ativos se completava na maciez daquela espuma. Soltar amarras foi desprender os olhos da TV, enquanto os dedos pescavam num pote, pipocas cheirosas e quentes, compulsivamente mastigadas e engolidas com a ajuda de mais um gole de coca-cola. Confortáveis e venenosos hábitos – fonte de prazer e compensação...

Agora que me chamam de Corredor, minha amiga Virgínia via Facebook faz a seguinte pergunta:  

- Parei de fumar tem 1 ano, engordei, odeio academia, e acho que vou amar correr, mas não sei como começar, por isso quero muito uma luz sua, como devo iniciar esse processo, pois to muito perdida. Vou ficar aguardando, beijos.

Sendo assim, decidi respondê-la aqui no blog e gerar nova postagem.

1) Vencendo as Contusões:
Foi num belo final de tarde, em 2007, que decidi voltar a correr. Já tinha comprado tênis, camiseta e short para isso, mas a preguiça era mais forte. Saí na contra-mão, pelo canto do asfalto, apenas trotando. Aos pouco aumentei o ritmo e percorri cerca de 6km. Já em casa, tomei um magnífico banho sentindo-me mais vivo que nunca!... Somente no dia seguinte foi que sofri as consequências do ato: os joelhos mal dobravam de dor. Descansei dois dias e tentei de novo, obtendo o mesmo resultado e pensei desolado: “Acho que não dá mais!...” Antes de desistir, fiz reforço muscular. Deu certo e um mês depois eu já corria sem dor.

Antes da Corrida - Pesando 86 kgs, em 2007, já era possível perceber na foto uma barriguinha saliente de início de pré-obesidade.

2) Entrando naquele Mundo:
Inicialmente fui correr na Rua Oliveira Belo que possui uma pista com pessoas caminhando ou correndo dia e noite. Aos poucos fui fazendo amigos ali, onde a conversa gira em torno da atividade física - falar sobre o assunto, receber e passar informação cria envolvimento para não desistir. Assinei revistas especializadas; participei de caminhadas e corridas onde os amigos e a família tiram fotos nas coloridas manhãs de domingo.

3) Vestindo a Camisa:
Passei a usar no dia-a-dia as camisas de corridas, até para trabalhar. Dessa forma eu descobria mais gente que corria em todos os lugares. Não demorou, para fazer parte de grupos de corredores. Além do mais, sempre que alguém me encontrava falava de corrida, me fazia perguntas ou elogiava a boa-forma. Tudo isso me mantinha focado nos objetivos.

4) Dois Coelhos:
Também voltei a escrever tendo a corrida como a principal fonte inspiradora. Aqui no blog o desafio é não ser repetitivo dentro de um mesmo assunto. Vários corredores têm blogs e isso é mais um estímulo.

5) Hora das Compras:
Bermudas e regatas de compressão, camisas dry, óculos esportivos, tênis para diferentes tipos de pisadas e um mundo de artigos tecnológicos estão disponíveis. No começo até tinha pena de gastar com isso, mas depois vi que valia à pena. Comprei até um pingente de corredor que as mulheres, seres mais detalhistas, adoram. Tudo para valorizar minha atitude.

6) Dia-a-dia de Corredor:
No começo é difícil manter a regularidade nos treinos. O sentimento é de que você está abrindo mão de algumas coisas para correr, mas é justamente o contrário: O momento do exercício é seu por direito e ninguém tasca! Muitos utilizam essas horas para meditatar, banhar-se de sol, sentir o vento ou sorrir na chuva feito criança. Depois que entramos em forma nos deliciamos com uma descarga de betaendorfina pós-exercício e o cérebro se inspira encontrando soluções para os problemas mais complexos. Não se trata de nenhuma pílula milagrosa: é remédio que está dentro de nós!

7) Os Primeiros Três Meses:
Quando o novato supera os primeiros três meses de corrida, com regularidade, percebe as mudanças e não para mais. Depois de um longo treino, o sofá macio deixa de ser lugar da preguiça para ser local de descanço, já que ninguém é de ferro!

O sol brilha de orgulho na manhã de domingo. Chegada repleta de cor, suór e emoção.

8) Resumo:
- Comece caminhando e aos poucos aumente o ritmo. Logo você estará trotando e a seguir, correndo. Seu corpo precisa adaptar-se ao novo estilo de vida. Se encontrar algum amigo durante a corrida ou caminhada não pare. Se estiver caminhando com alguém não se distraia e comece a “passear”. Siga seu ritmo, mesmo que o outro fique para trás.

- Envolva-se. Leia sobre o assunto. Participe de Caminhadas. Compre roupas e artigos esportivos. Faça amigos no meio. Troque e-mails, orkut, facebook, etc.

- Reserve ao menos uma hora quatro vezes na semana para sua corrida. A esteira da Academia pode ser uma alternativa para quem não quer correr na chuva. Aproveite a sua corrida para perceber seu corpo e seu espírito. Perceba a natureza, as pessoas e a cidade. Veja que diante do Todo os problemas se dissipam. Integresse a este Todo! 

Abraço!
Bira

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Domingo Inesquecível

Amigos!

 A uma hora da largada, luzes acesas e frio no Recreio: restinho de noite.

Não sei se o frio que chegava às seis da manhã na Av. Sernambetiba vinha do mar ou da relva, só sei que não tive coragem tirar a camisa de mangas compridas. Quem fez isso, teve de encolher os ombros e cruzar os braços, para não deixar a friagem bater no peito. Ainda sobrava um resto de noite escurecendo o céu do Recreio, mas o dia logo clarearia revelando os corredores que chegavam de todas as direções. Para não incomodar a luxuosa vizinhança, os alto-falantes permaneceram desligados até pouco antes da largada, às sete horas.

 Um banho de luz dourada na fria manhã de domingo - São os primeiros raios de sol transformando...

 ...a matriz da natureza e avermelhando a pele de quem corre.

No “estouro da boiada” foi difícil correr sem tropeçar entre os 4.000 atletas. Imaginei como seria ver a largada de uma das coberturas de frente para o mar, quando na primeira curva do percurso, um curioso sol pareceu saltar detrás dos belos prédios para nos ver. Seu brilho embaçado nos banhou a partir daí, avermelhando nossas peles quando vistas através das lentes fotográficas.

O nível dos corredores na prova estava bem mais elevado que o habitual; comparável à Pampulha.

Levei uns 3km para retirar a camisa de mangas, enrolando-a na mão. Naquele momento meu pace era de 4'30'' por minuto. Escaldado pelas últimas quebras, mantive esse ritmo e pude observar as ondas geladas e belas que banhavam as areias frias na Praia da Reserva. Cruzei a placa de 10K com 44 minutos e achei que poderia concluir a prova com 1h 32' pois estava bem. Mas não era só eu, todos pareciam estar bem – o nível dos participantes era bom e o clima ajudava.

No elevado e no túnel: momentos de queda em virtude da dor de lado, seguido de...

 ... recuperação: um susto que deve ter prejudicado meu tempo final em pelo menos dois minutos.

Quando cheguei na Praia do Pepê, deixei para trás um grupo que corria para 1h 34' e subi o elevado, em direção a São Conrado, nos últimos kilometros da prova. O susto ocorreu na saída do túnel, km18, em forma de uma dor de lado, pensei: “Não é possível, vou quebrar de novo?!” E corri mais lento, rezando pela recuperação que veio no kilometro seguinte. Voltei a acelerar e quando deparei com a descida (km20) sentei o pé. Reuni todas as forças para manter o pique na chegada a São Conrado. Às 8:30h o sol já não era tão tímido nem a água do mar parecia tão fria. As montanhas não estavam tão longe nem os alto-falantes da chegada tão baixos quanto os da largada. Nenhum corredor sentia frio e a alegria suplantava o cansaço e a dor. No corredor de chegada os braços se abriam com vontade de abraçar o mundo! E a bela medalha dourada repousou onde bate o coração.

Sentando o prego para recuperar tempo perdido em São Conrado...

 ... apesar de tudo o tempo foi bom: 1h 33' 44", 18º na faixa etária, podendo melhorar.

Depois vieram mais fotos, encontros, sorrisos, um ou outro lamento, abraços, beijos, piadas, histórias, momentos. Foi mais um domingo inesquecível no mundo da corrida.

 Na hora do click, encontro com o amigo Hélio (aCoruja) que veio logo atrás.



Em tempo: completei a prova em 1h 33' 44", apesar da dor de lado e das quebras nas provas deste ano.

Abraços!

Bira