sexta-feira, 23 de dezembro de 2011
quarta-feira, 28 de setembro de 2011
Você Não Tem Escolha!
(...) Na tela do computador, Aline descobriu amigos virtuais que lhe mandam orações e mensagens de auto-ajuda (...)
Você Não Tem Escolha!
Amigos!
Quando Aline surgiu, tudo mais se apagou.
Seus longos cabelos de crina escorriam pelas curvas do corpo esguio.
Vi dois globos terrestres girando em seu olhar,
Amordacei o mundo para ouvir sua voz,
Percebi no brilho da lua a cor de seu sorriso.
Quando Aline partiu, eu já estava lhe esperando...
Cinquenta anos se passaram e a Aline continuou a mesma, apenas no poema. Hoje, seus cabelos, olhar, voz e sorriso só despertam a atenção dos médicos. Também faz cinco anos que José, seu marido e poeta se foi, deixando uma sensação de presença em cada canto da casa. Seus dois filhos trabalham demais e sequer aparecem.
Na tela do computador, Aline descobriu amigos virtuais que lhe mandam orações e mensagens de auto-ajuda. Uma delas lhe fez refletir: “Olhe em volta: Você é fruto das suas escolhas”. A frase parecia mais autodestruição, pois ao seu redor nada se mexia: móveis mudos, TV preguiçosa e um gato antigo... “Caramba! O que foi que eu escolhi para mim?” – flagelou-se com pensamento de chibata.
Foi quando Aline sofreu por mais 90 dias até que um anjo sem asas lhe disse: “Calma, você não tinha escolha!... Diante do lírico olhar de um José encantado, em frações de segundos eternos, seu destino foi selado. Não existe escolha onde as emoções imperam. Elas são como flores esplendorosas e breves. Flores da fascinação”.
Aline, José, você e eu não tivemos escolha, apenas fascínio!
Abraços!
Bira.
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
Melaço de Medo
Amigos!
Ontem me olhei no espelho e tive a sensação de que estava demasiadamente magro. Pensei até em trocar de roupa, mas não dava tempo e aquele incômodo me acompanhou por todo o dia. Racionalmente eu sabia que não havia nada errado comigo - ninguém emagrece da noite para o dia. Então lembrei dos anoréxicos e bulímicos, que se enxergam distorcidos no espelho, e até pude entendê-los um pouco.
O que teria acontecido para distorcer minha visão?
Quando a tarde chegou eu estava num auditório onde um palestrante apresentou uma frase sem nexo ou pontuação. A frase só ganhava sentido quando acrescida de um ponto e duas vígulas... Eureca! Ali estava a resposta que queria! Eu deveria ordenar o pensamento - respirar respeitando as pausas da pontuação para resgatar a auto-imagem.
Dois dias antes, em uma outra palestra, noutro lugar, falávamos de "medo". O medo que se esconde por trás de uma reação. Quem reage por medo não tem noção do fato. Vírgulas/Pessoas fora do lugar, roubam a compreenção/direção da frase/vida.
Quando tudo em sua vida estiver em ordem haverá um medo sorrateiro feito rato no bueiro. Não adianta reagir - saiba que ele existe. Respire: os pontos e vírgulas existem para isso! Viva: você é bem maior que um rato! Argh!... Isso não é auto-ajuda é auto-realidade!
Quando o esforço conseguir desprender-se do medo, chamar-se-á Sucesso. O sucesso é doce, viciante e - pasmém! - se dissolve no melaço do medo. Medo-mel que nos lambuzou e nem sabíamos... Então o ciclo recomeça: mais esforço pra sair do medo, mais sucesso e mais melaço que vicia provocando medo. Mas se o medo é forte, feito tormenta, Abrigue-se e deixe passar. Tormentas passam rápido para quem sobreviveu.
* obs.: A imagem acima foi copiada de um site na internet (que feio), mas isso foi feito no início deste blog, por ignorância.
Abraços!
Bira.
Ontem me olhei no espelho e tive a sensação de que estava demasiadamente magro. Pensei até em trocar de roupa, mas não dava tempo e aquele incômodo me acompanhou por todo o dia. Racionalmente eu sabia que não havia nada errado comigo - ninguém emagrece da noite para o dia. Então lembrei dos anoréxicos e bulímicos, que se enxergam distorcidos no espelho, e até pude entendê-los um pouco.
O que teria acontecido para distorcer minha visão?
Quando a tarde chegou eu estava num auditório onde um palestrante apresentou uma frase sem nexo ou pontuação. A frase só ganhava sentido quando acrescida de um ponto e duas vígulas... Eureca! Ali estava a resposta que queria! Eu deveria ordenar o pensamento - respirar respeitando as pausas da pontuação para resgatar a auto-imagem.
Hommer Simpson "interpreta" O Grito - pintura de Edvar Munch* |
Dois dias antes, em uma outra palestra, noutro lugar, falávamos de "medo". O medo que se esconde por trás de uma reação. Quem reage por medo não tem noção do fato. Vírgulas/Pessoas fora do lugar, roubam a compreenção/direção da frase/vida.
Quando tudo em sua vida estiver em ordem haverá um medo sorrateiro feito rato no bueiro. Não adianta reagir - saiba que ele existe. Respire: os pontos e vírgulas existem para isso! Viva: você é bem maior que um rato! Argh!... Isso não é auto-ajuda é auto-realidade!
Quando o esforço conseguir desprender-se do medo, chamar-se-á Sucesso. O sucesso é doce, viciante e - pasmém! - se dissolve no melaço do medo. Medo-mel que nos lambuzou e nem sabíamos... Então o ciclo recomeça: mais esforço pra sair do medo, mais sucesso e mais melaço que vicia provocando medo. Mas se o medo é forte, feito tormenta, Abrigue-se e deixe passar. Tormentas passam rápido para quem sobreviveu.
* obs.: A imagem acima foi copiada de um site na internet (que feio), mas isso foi feito no início deste blog, por ignorância.
Abraços!
Bira.
segunda-feira, 5 de setembro de 2011
O Melhor Sorvete do Mundo.
(...) Siga em frente, no refrigério das sombras dos prédios do Avenida Rio Branco. Aproveite isso porque a grande bola de fogo estará te esperando nos próximos 5 km de pista no Aterro (...)
O melhor sorvete do mundo está em Copacabana. Mais precisamente na sorveteria Itália da Figueiredo Magalhães. Isso não é propaganda enganosa!... Para confirmar faça o seguinte:
1- Chegue cedinho lá em Irajá, no sábado, de tênis, short e camiseta. Dispare o cronômetro e comece a correr, rumo a Copacabana. Embrenhe-se nas ruas de Vicente de Carvalho, Penha, Olaria, Ramos e Bonsucesso até desembocar na Avenida Brasil.
2- Continue correndo naquela estrada larga e reta, sob os olhares do sol e dos ônibus. Quando as curvas surgirem, você já terá deixado para trás a Fiocruz e a Refinaria de Manguinhos. Logo, as pistas de erguerão criando elevados sombrios. Não se assuste: você está nas proximidades da Rodoviária Novo Rio.
3- Aproveite a sombra e não se impressione com a degradação que foi morar com os mendigos, sob a Perimetral. Ao invés disso, imagine-se correndo no local já transformado pelas obras das Olimpíadas. Quando a Praça Mauá surgir, você já terá feito uma meia-maratona. Siga em frente, no refrigério das sombras dos prédios do Avenida Rio Branco. Aproveite isso porque a grande bola de fogo estará te esperando nos próximos 5 km de pista no Aterro.
4- Quando o Pão-de-Açúcar se exibir à sua esquerda e os braços abertos de Cristo rasgarem o vento do lado direito do céu, você estará correndo na praia de Botafogo. Pode ser que o cansaço nem lhe deixe perceber tamanha beleza. Pode ser que seus pés estejam em brasa. Pode ser que sua postura disforme cause dores no corpo. Pode ser que os dois lados de seu cérebro entrem em conflito: um dizendo “vamos lá, falta pouco!” e o outro “ta maluco?”.
5- Se você não estiver bem condicionado, isso vai ocorrer. Aí será hora de pensar no sorvete que te espera, além do túnel, depois que você der um mergulho no mar. Uma caminhada descalça nas areias molhadas vai recuperar seus músculos...
6- No fim do treino, o relógio do calçadão alternará entre as marcações de “11:00 h” e “35º”. Você terá percorrido 31 km em aproximadamente 2 h e 40 min e vestirá uma armadura invisível de herói.
Se você fizer isso direitinho, descobrirá sabor do melhor sorvete do mundo, na Itália da Figueiredo, e vai ficar freguês de tudo! Experimenta!
Abraço!
Bira.
Imagem composta com recortes de imagens da internet - Bira, set/11 |
O Melhor Sorvete do Mundo.
Amigos!O melhor sorvete do mundo está em Copacabana. Mais precisamente na sorveteria Itália da Figueiredo Magalhães. Isso não é propaganda enganosa!... Para confirmar faça o seguinte:
1- Chegue cedinho lá em Irajá, no sábado, de tênis, short e camiseta. Dispare o cronômetro e comece a correr, rumo a Copacabana. Embrenhe-se nas ruas de Vicente de Carvalho, Penha, Olaria, Ramos e Bonsucesso até desembocar na Avenida Brasil.
2- Continue correndo naquela estrada larga e reta, sob os olhares do sol e dos ônibus. Quando as curvas surgirem, você já terá deixado para trás a Fiocruz e a Refinaria de Manguinhos. Logo, as pistas de erguerão criando elevados sombrios. Não se assuste: você está nas proximidades da Rodoviária Novo Rio.
3- Aproveite a sombra e não se impressione com a degradação que foi morar com os mendigos, sob a Perimetral. Ao invés disso, imagine-se correndo no local já transformado pelas obras das Olimpíadas. Quando a Praça Mauá surgir, você já terá feito uma meia-maratona. Siga em frente, no refrigério das sombras dos prédios do Avenida Rio Branco. Aproveite isso porque a grande bola de fogo estará te esperando nos próximos 5 km de pista no Aterro.
4- Quando o Pão-de-Açúcar se exibir à sua esquerda e os braços abertos de Cristo rasgarem o vento do lado direito do céu, você estará correndo na praia de Botafogo. Pode ser que o cansaço nem lhe deixe perceber tamanha beleza. Pode ser que seus pés estejam em brasa. Pode ser que sua postura disforme cause dores no corpo. Pode ser que os dois lados de seu cérebro entrem em conflito: um dizendo “vamos lá, falta pouco!” e o outro “ta maluco?”.
5- Se você não estiver bem condicionado, isso vai ocorrer. Aí será hora de pensar no sorvete que te espera, além do túnel, depois que você der um mergulho no mar. Uma caminhada descalça nas areias molhadas vai recuperar seus músculos...
6- No fim do treino, o relógio do calçadão alternará entre as marcações de “11:00 h” e “35º”. Você terá percorrido 31 km em aproximadamente 2 h e 40 min e vestirá uma armadura invisível de herói.
Se você fizer isso direitinho, descobrirá sabor do melhor sorvete do mundo, na Itália da Figueiredo, e vai ficar freguês de tudo! Experimenta!
Abraço!
Bira.
quinta-feira, 1 de setembro de 2011
Orgulho ou Culpa? - Pronto, Incomodei!
(...) Faz tempo que eu não vou ao cinema, teatro, estádio de futebol... Nunca mais joguei uma pelada ou uma partidinha de buraco (...)
Amigos juntos num churrasco de despedida - anos depois, a maioria deles também tomou rumo próprio; Vida. |
Orgulho ou Culpa? - Pronto, Incomodei!
Amigos!
Pronto: me incomodei!...
Amigos!
Pronto: me incomodei!...
Faz umas três semanas que eu não vejo a minha mãe e diversos meses que não reencontro alguns amigos. Faz tempo que eu não vou ao cinema, teatro, estádio de futebol... Nunca mais joguei uma pelada ou uma partidinha de buraco. Preciso terminar de arrumar o terraço para fazer aquele churrasco lá em casa. Preciso ir a Araruama para conhecer meu centenário tio - que minha mãe pensava já estar morto.
- Onde eu estava e o que fazia para acumular tanta ausência?
- E você?
- Onde esteve presente ou ausente?
- O que fez ou deixou de fazer ultimamente?
Pronto: lhe incomodei!...
Falar de ausência provoca culpa, cobrança e dor. Melhor seria falar de presença e valorizar as escolhas, sentindo orgulho. Mas não se deixe enganar: ausência e presença são a mesma coisa! Se eu estou no cinema com a mulher, no teatro com a amiga ou no estádio com o filho, estou ausente de todo o resto. Nos últimos anos optei por correr e ganhei amigos e, em conseqüência, afastei-me de outros. Voltei a estudar, o mesmo se repetiu. Continuo optando por mudanças e o tempo ou as pessoas não param.
- Onde eu estou e o que faço para nem ter tempo pra pensar?
- E você?
- Quando pensou no assunto?
- O que fez ou deixou de fazer ultimamente?
Não precisa se defender: eu sei!...
O tempo é curto, até para os depressivos que escolhem não fazer. Então “faça duas vezes antes de pensar”, mas faça! Depois colha os cacos dos jarros partidos, retire os tapetes e encere seu chão. Aplique tintura nos cabelos e Facebook nas ausências. Aplique-se no tempo. Sou aquele centro-avante que não teve tempo de escolher o canto onde chutar ou o goleiro que precisa defender por reflexo. É tudo rápido, feito rima sem nexo.
- Onde eu cheguei e o que faço para passar essa mensagem?
- E você?
- Quando questionou o que faz?
- O que fez ou deixou de fazer ultimamente?
- Onde eu cheguei e o que faço para passar essa mensagem?
- E você?
- Quando questionou o que faz?
- O que fez ou deixou de fazer ultimamente?
Não precisa entender: eu sei!...
Abraços!
Bira.
Bira.
sábado, 20 de agosto de 2011
O Novo Monte dos Milagres, em Irajá.
(...) Na manhã de hoje subi o "Monte" para ver de perto o que ali acontece. Às nove e trinta, o sol dava um banho de luz no relevo, acendendo o branco dos troncos das árvores e pedras caiadas (...)
Naquela manhã de 1971 os moradores de Irajá sequer tomaram café direito. O boato corria solto: Um raio caiu na pedreira de Vista Alegre - bairro próximo - esculpindo num flash a imagem de Cristo na parede de granito. De uma hora pra outra, pessoas brotaram afoitas de todas as esquinas, numa romaria espontânea, rumo ao local do milagre. Em meio à multidão que não parava de chegar estava eu, com 12 anos de idade, tentando entender o fenômeno. Jornais, emissoras de rádio e TV difundiram o fato para todo país.
Não durou muito tempo para alguém acender a primeira das milhares de velas, nem de fazer a primeira das incontáveis orações...
Da plataforma elevada na estação do Metrô é possível enxergar casas mal-acabadas, amontoadas e construídas irregularmente sobre adutoras da CEDAE - Companhia Estadual de Água e Esgoto. Mais de uma vez, o peso destas construções fez romper as tubulações. Canhonaços de água colocaram tudo abaixo e inundaram a região. Mas se o dia está ensolarado e a visibilidade é boa, pode-se observar lá longe os morros de Vicente Carvalho, Vaz Lobo ou Madureira, cuja distância até produz beleza...
Volta e meia uma usina de lixo da COMLURB espalha no ar um cheiro de embrulhar estômago. Ao lado dela tem o pequeno morro que ninguém via sob a camuflagem de um matagal. Não sei dizer como, a partir deste ano, a elevação foi ceifada do mato e ganhou um caminho com escadas cavucadas no próprio chão. Sobre a terra, então batida, caminhava um número cada vez maior de pessoas em direção ao topo, todos os dias. Isso chamava atenção de quem esperava o metrô no alto plataforma. Dali, podia-se ver mulheres e homens erguendo as mãos em gestos de súplica ou louvor. Tal movimento se estendia mesmo no escuro da noite.
Pelo que sei, nenhum jornal esteve no local para registrar o fato. Se isso ocorrer é provável que tenhamos, 40 anos depois, um novo templo de milagres, agora na versão evangélica.
Obs.: Ainda hoje o "Monte" continua "ativo", como se fosse uma igreja a céu aberto. Recebe grande número de visitantes durante o dia. Problemas, no entanto, estão surgindo: Sabe-se no bairro que uma senhora já foi estuprada, no local, e durante a madrugada, os gritos dos frequentadores ecoam pelo bairro. (Postagem publicada em 20/08/2011, com texto revisto em 28/10/15).
Abraços!
Bira.
Ninguém sabia dizer ao certo como a imagem surgiu em local de difícil acesso: milagre? |
O Novo Monte dos Milagres, em Irajá.
Amigos!Naquela manhã de 1971 os moradores de Irajá sequer tomaram café direito. O boato corria solto: Um raio caiu na pedreira de Vista Alegre - bairro próximo - esculpindo num flash a imagem de Cristo na parede de granito. De uma hora pra outra, pessoas brotaram afoitas de todas as esquinas, numa romaria espontânea, rumo ao local do milagre. Em meio à multidão que não parava de chegar estava eu, com 12 anos de idade, tentando entender o fenômeno. Jornais, emissoras de rádio e TV difundiram o fato para todo país.
Não durou muito tempo para alguém acender a primeira das milhares de velas, nem de fazer a primeira das incontáveis orações...
Além dos cariocas, vinham fiéis de vários estados tocar na pedra em busca de cura e milagres. |
A cobertura do Jornal O Dia atraía cada vez mais pessoas de várias cidades. |
Quarenta anos depois, pouca gente lembra daqueles fatos mas a cerca de 4 km dali, religiosos evangélicos criaram um novo templo a céu aberto, dentro da Região Administrativa, paralelo ao Metrô de Irajá.
Da plataforma elevada na estação do Metrô é possível enxergar casas mal-acabadas, amontoadas e construídas irregularmente sobre adutoras da CEDAE - Companhia Estadual de Água e Esgoto. Mais de uma vez, o peso destas construções fez romper as tubulações. Canhonaços de água colocaram tudo abaixo e inundaram a região. Mas se o dia está ensolarado e a visibilidade é boa, pode-se observar lá longe os morros de Vicente Carvalho, Vaz Lobo ou Madureira, cuja distância até produz beleza...
Volta e meia uma usina de lixo da COMLURB espalha no ar um cheiro de embrulhar estômago. Ao lado dela tem o pequeno morro que ninguém via sob a camuflagem de um matagal. Não sei dizer como, a partir deste ano, a elevação foi ceifada do mato e ganhou um caminho com escadas cavucadas no próprio chão. Sobre a terra, então batida, caminhava um número cada vez maior de pessoas em direção ao topo, todos os dias. Isso chamava atenção de quem esperava o metrô no alto plataforma. Dali, podia-se ver mulheres e homens erguendo as mãos em gestos de súplica ou louvor. Tal movimento se estendia mesmo no escuro da noite.
O mato deu vez à terra batida onde brotam troncos e pedras pintadas com cal... |
... raios de sol se projetam sobre dois homens que oram com fervor... |
... no "anfiteatro" de barro, os crentes se acomodam preparando mais uma oração... |
Na manhã de hoje subi o "Monte" para ver de perto o que ali acontece. Às nove e trinta, o sol dava um banho de luz no relevo, acendendo o branco dos troncos das árvores e pedras caiadas. Alguns fiés se reuniam em pequenas rodas de oração, outros curvavam-se sobre o chão, suplicando em voz alta. Não consegui ficar por muito tempo ali.
... do topo do "Monte" é possível avistar grande parte do bairro de Irajá. |
Pelo que sei, nenhum jornal esteve no local para registrar o fato. Se isso ocorrer é provável que tenhamos, 40 anos depois, um novo templo de milagres, agora na versão evangélica.
Obs.: Ainda hoje o "Monte" continua "ativo", como se fosse uma igreja a céu aberto. Recebe grande número de visitantes durante o dia. Problemas, no entanto, estão surgindo: Sabe-se no bairro que uma senhora já foi estuprada, no local, e durante a madrugada, os gritos dos frequentadores ecoam pelo bairro. (Postagem publicada em 20/08/2011, com texto revisto em 28/10/15).
Abraços!
Bira.
sábado, 30 de julho de 2011
Corredores da Vida: Aparatos da Inteligência
(...) No apartamento da gata o clima era outro: a música romântica misturava-se suavemente ao cheiro incrustado de incenso indiano. A luz indireta só dava destaque aos quadros da sala, onde tudo mais se tornava silhueta (...)
Loura andrógina, montagem com recortes de imagens da internet - Bira, 30-07-11. |
Corredores da Vida: Aparatos da Inteligência
Amigos!
Quando José entrou no quarto da estrondosa loura seu coração batia mais forte, bombeando o sangue que avermelhava seu rosto e enrijecia seu sexo. Até que enfim, seis meses de abstinência sexual estavam prestes a serem quebrados, desta vez em alto estilo: a mulher de cabelos longos tinha olhos azuis, seios fartos e belas coxas. Conhecera a beldade naquela mesma noite. Foi na balada onde rolou o clima – ou como dizem atualmente – “uma química” entre eles. Ele não sabe direito o que disse para ela e eu acho nem ela sabe o que ouviu com aquela música alta. Mas eles também estavam altos sob o efeito dos drinques. Primeiro trocaram olhares e imitaram gestos um do outro – no ritual da conquista, depois trocaram salivas enquanto dançavam na pista de luzes coloridas.
sábado, 23 de julho de 2011
Como Sair do Sedentarismo
Amigos!
Muito feliz após receber tantas mensagens de feliz aniversário eu esclareço que não completei 52 e sim 4 aninhos! Isso mesmo, faz quatro anos que eu decidi voltar a correr e correr de verdade. Mas não foi fácil levantar-se do sofá, soltando todas amarras, para encarar o duro asfalto nos primeiros meses. Era quando a flacidez dos músculos pouco ativos se completava na maciez daquela espuma. Soltar amarras foi desprender os olhos da TV, enquanto os dedos pescavam num pote, pipocas cheirosas e quentes, compulsivamente mastigadas e engolidas com a ajuda de mais um gole de coca-cola. Confortáveis e venenosos hábitos – fonte de prazer e compensação...
Agora que me chamam de Corredor, minha amiga Virgínia via Facebook faz a seguinte pergunta:
- Parei de fumar tem 1 ano, engordei, odeio academia, e acho que vou amar correr, mas não sei como começar, por isso quero muito uma luz sua, como devo iniciar esse processo, pois to muito perdida. Vou ficar aguardando, beijos.
Sendo assim, decidi respondê-la aqui no blog e gerar nova postagem.
1) Vencendo as Contusões:
Foi num belo final de tarde, em 2007, que decidi voltar a correr. Já tinha comprado tênis, camiseta e short para isso, mas a preguiça era mais forte. Saí na contra-mão, pelo canto do asfalto, apenas trotando. Aos pouco aumentei o ritmo e percorri cerca de 6km. Já em casa, tomei um magnífico banho sentindo-me mais vivo que nunca!... Somente no dia seguinte foi que sofri as consequências do ato: os joelhos mal dobravam de dor. Descansei dois dias e tentei de novo, obtendo o mesmo resultado e pensei desolado: “Acho que não dá mais!...” Antes de desistir, fiz reforço muscular. Deu certo e um mês depois eu já corria sem dor.
Antes da Corrida - Pesando 86 kgs, em 2007, já era possível perceber na foto uma barriguinha saliente de início de pré-obesidade.
2) Entrando naquele Mundo:
Inicialmente fui correr na Rua Oliveira Belo que possui uma pista com pessoas caminhando ou correndo dia e noite. Aos poucos fui fazendo amigos ali, onde a conversa gira em torno da atividade física - falar sobre o assunto, receber e passar informação cria envolvimento para não desistir. Assinei revistas especializadas; participei de caminhadas e corridas onde os amigos e a família tiram fotos nas coloridas manhãs de domingo.
3) Vestindo a Camisa:
Passei a usar no dia-a-dia as camisas de corridas, até para trabalhar. Dessa forma eu descobria mais gente que corria em todos os lugares. Não demorou, para fazer parte de grupos de corredores. Além do mais, sempre que alguém me encontrava falava de corrida, me fazia perguntas ou elogiava a boa-forma. Tudo isso me mantinha focado nos objetivos.
4) Dois Coelhos:
Também voltei a escrever tendo a corrida como a principal fonte inspiradora. Aqui no blog o desafio é não ser repetitivo dentro de um mesmo assunto. Vários corredores têm blogs e isso é mais um estímulo.
5) Hora das Compras:
Bermudas e regatas de compressão, camisas dry, óculos esportivos, tênis para diferentes tipos de pisadas e um mundo de artigos tecnológicos estão disponíveis. No começo até tinha pena de gastar com isso, mas depois vi que valia à pena. Comprei até um pingente de corredor que as mulheres, seres mais detalhistas, adoram. Tudo para valorizar minha atitude.
6) Dia-a-dia de Corredor:
No começo é difícil manter a regularidade nos treinos. O sentimento é de que você está abrindo mão de algumas coisas para correr, mas é justamente o contrário: O momento do exercício é seu por direito e ninguém tasca! Muitos utilizam essas horas para meditatar, banhar-se de sol, sentir o vento ou sorrir na chuva feito criança. Depois que entramos em forma nos deliciamos com uma descarga de betaendorfina pós-exercício e o cérebro se inspira encontrando soluções para os problemas mais complexos. Não se trata de nenhuma pílula milagrosa: é remédio que está dentro de nós!
7) Os Primeiros Três Meses:
Quando o novato supera os primeiros três meses de corrida, com regularidade, percebe as mudanças e não para mais. Depois de um longo treino, o sofá macio deixa de ser lugar da preguiça para ser local de descanço, já que ninguém é de ferro!
O sol brilha de orgulho na manhã de domingo. Chegada repleta de cor, suór e emoção.
8) Resumo:
- Comece caminhando e aos poucos aumente o ritmo. Logo você estará trotando e a seguir, correndo. Seu corpo precisa adaptar-se ao novo estilo de vida. Se encontrar algum amigo durante a corrida ou caminhada não pare. Se estiver caminhando com alguém não se distraia e comece a “passear”. Siga seu ritmo, mesmo que o outro fique para trás.
- Envolva-se. Leia sobre o assunto. Participe de Caminhadas. Compre roupas e artigos esportivos. Faça amigos no meio. Troque e-mails, orkut, facebook, etc.
- Reserve ao menos uma hora quatro vezes na semana para sua corrida. A esteira da Academia pode ser uma alternativa para quem não quer correr na chuva. Aproveite a sua corrida para perceber seu corpo e seu espírito. Perceba a natureza, as pessoas e a cidade. Veja que diante do Todo os problemas se dissipam. Integresse a este Todo!
Abraço!
Bira
sexta-feira, 1 de julho de 2011
Domingo Inesquecível
Amigos!
A uma hora da largada, luzes acesas e frio no Recreio: restinho de noite.
Não sei se o frio que chegava às seis da manhã na Av. Sernambetiba vinha do mar ou da relva, só sei que não tive coragem tirar a camisa de mangas compridas. Quem fez isso, teve de encolher os ombros e cruzar os braços, para não deixar a friagem bater no peito. Ainda sobrava um resto de noite escurecendo o céu do Recreio, mas o dia logo clarearia revelando os corredores que chegavam de todas as direções. Para não incomodar a luxuosa vizinhança, os alto-falantes permaneceram desligados até pouco antes da largada, às sete horas.
Um banho de luz dourada na fria manhã de domingo - São os primeiros raios de sol transformando...
...a matriz da natureza e avermelhando a pele de quem corre.
No “estouro da boiada” foi difícil correr sem tropeçar entre os 4.000 atletas. Imaginei como seria ver a largada de uma das coberturas de frente para o mar, quando na primeira curva do percurso, um curioso sol pareceu saltar detrás dos belos prédios para nos ver. Seu brilho embaçado nos banhou a partir daí, avermelhando nossas peles quando vistas através das lentes fotográficas.
O nível dos corredores na prova estava bem mais elevado que o habitual; comparável à Pampulha.
Levei uns 3km para retirar a camisa de mangas, enrolando-a na mão. Naquele momento meu pace era de 4'30'' por minuto. Escaldado pelas últimas quebras, mantive esse ritmo e pude observar as ondas geladas e belas que banhavam as areias frias na Praia da Reserva. Cruzei a placa de 10K com 44 minutos e achei que poderia concluir a prova com 1h 32' pois estava bem. Mas não era só eu, todos pareciam estar bem – o nível dos participantes era bom e o clima ajudava.
No elevado e no túnel: momentos de queda em virtude da dor de lado, seguido de...
... recuperação: um susto que deve ter prejudicado meu tempo final em pelo menos dois minutos.
Quando cheguei na Praia do Pepê, deixei para trás um grupo que corria para 1h 34' e subi o elevado, em direção a São Conrado, nos últimos kilometros da prova. O susto ocorreu na saída do túnel, km18, em forma de uma dor de lado, pensei: “Não é possível, vou quebrar de novo?!” E corri mais lento, rezando pela recuperação que veio no kilometro seguinte. Voltei a acelerar e quando deparei com a descida (km20) sentei o pé. Reuni todas as forças para manter o pique na chegada a São Conrado. Às 8:30h o sol já não era tão tímido nem a água do mar parecia tão fria. As montanhas não estavam tão longe nem os alto-falantes da chegada tão baixos quanto os da largada. Nenhum corredor sentia frio e a alegria suplantava o cansaço e a dor. No corredor de chegada os braços se abriam com vontade de abraçar o mundo! E a bela medalha dourada repousou onde bate o coração.
Sentando o prego para recuperar tempo perdido em São Conrado...
... apesar de tudo o tempo foi bom: 1h 33' 44", 18º na faixa etária, podendo melhorar.
Depois vieram mais fotos, encontros, sorrisos, um ou outro lamento, abraços, beijos, piadas, histórias, momentos. Foi mais um domingo inesquecível no mundo da corrida.
Na hora do click, encontro com o amigo Hélio (aCoruja) que veio logo atrás.
Em tempo: completei a prova em 1h 33' 44", apesar da dor de lado e das quebras nas provas deste ano.
Abraços!
Bira
domingo, 26 de junho de 2011
Asic Golden Four - Sábado, Dia do Kit
Amigos!
Muitos curiosos me bombardeiam com perguntas sobre as corridas. Alguns até pensam que para organizar uma prova de rua, bastaria distribuir camisetas, juntar os competidores e soprar um apito de largada. Logicamente, quando eu falo do valor das inscrições eles não entendem porque nunca pensaram na quantidade de gente e equipamentos que é mobilizada, não só durante a prova, mas antes e depois. Quem está alheio ao mundo da corrida de rua se surpreende, por exemplo, ao saber que 72 mil copinhos d'água mineral gelada foram distribuídos na última São Silvestre, transportadas por caminhões freezers, na madrugada, com segurança privada que os protegeram dos saques. Sem falar dos gatorades e frutas. Da interrupção do transito, batedores, ambulâncias, cronometragem... E muito mais coisas que eu nem sei enumerar por que sou apenas um corredor no meio dessa multidão sadia.
Atualmente, temos quatro grandes revistas especializadas em corrida (O², Runners, Contra Relógio e Finisher) que ajudam a disseminar as novas provas que se alastram pelo país. O circuito de meias maratonas Asics Golden Four é uma dessas novidades e já chegou forte, com primeira etapa no Rio: percuso Recreio - São Conrado.
A entrega de kit aos corredores foi no Hotel Sofitel - Av. Atlântica, Posto 6, neste sábado. No Salão de Eventos lotado havia palestras, venda de artigos esportivos, degustação alimentos e almoço de massas. Havia velhos amigos e novas amizades. Sorrisos e abraços carregados de emoção que, no ambiente fechado, fez a tarde chegar sem que se percebesse. Foi muito bom ouvir a história do Lelo - ex-atleta olímpico - que levou anos para superar multifraturas nas pernas, contadas pelo próprio. Ouvimos com admiração o mesmo relato que nos impressionou quando lido nas páginas do livro Operação Portuga.
Depois foi voltar para casa, descansar e se concentrar para acordar às 3:30h da manhã, pegar a van às 5h na Vila da Penha e chegar às 6h, no Recreio, já que a largada dos 21k será às 7h de domingo... Mas isso é assunto da próxima postagem.
Abraço!
Bira
Muitos curiosos me bombardeiam com perguntas sobre as corridas. Alguns até pensam que para organizar uma prova de rua, bastaria distribuir camisetas, juntar os competidores e soprar um apito de largada. Logicamente, quando eu falo do valor das inscrições eles não entendem porque nunca pensaram na quantidade de gente e equipamentos que é mobilizada, não só durante a prova, mas antes e depois. Quem está alheio ao mundo da corrida de rua se surpreende, por exemplo, ao saber que 72 mil copinhos d'água mineral gelada foram distribuídos na última São Silvestre, transportadas por caminhões freezers, na madrugada, com segurança privada que os protegeram dos saques. Sem falar dos gatorades e frutas. Da interrupção do transito, batedores, ambulâncias, cronometragem... E muito mais coisas que eu nem sei enumerar por que sou apenas um corredor no meio dessa multidão sadia.
Alessandro avalia viseira na loja instalada no salão do evento...
... enquanto Ozeias tieta o maratonista, supercampeão da Disney, Adriano Bastos.
Atualmente, temos quatro grandes revistas especializadas em corrida (O², Runners, Contra Relógio e Finisher) que ajudam a disseminar as novas provas que se alastram pelo país. O circuito de meias maratonas Asics Golden Four é uma dessas novidades e já chegou forte, com primeira etapa no Rio: percuso Recreio - São Conrado.
A entrega de kit aos corredores foi no Hotel Sofitel - Av. Atlântica, Posto 6, neste sábado. No Salão de Eventos lotado havia palestras, venda de artigos esportivos, degustação alimentos e almoço de massas. Havia velhos amigos e novas amizades. Sorrisos e abraços carregados de emoção que, no ambiente fechado, fez a tarde chegar sem que se percebesse. Foi muito bom ouvir a história do Lelo - ex-atleta olímpico - que levou anos para superar multifraturas nas pernas, contadas pelo próprio. Ouvimos com admiração o mesmo relato que nos impressionou quando lido nas páginas do livro Operação Portuga.
O ex-atleta olímpico Lelo apresenta palestra sobre Superação. Suas pernas sofreram multifraturas (imagem abaixo) e seu caso foi tema em congresso internacional...
... Mais do que recursos, ele teve fibra e firmeza para voltar a caminhar anos depois. A solução foi caseira, vinda de seu ex-pediatra de 80 anos: Volta ao esporte através da corrida.
Depois foi voltar para casa, descansar e se concentrar para acordar às 3:30h da manhã, pegar a van às 5h na Vila da Penha e chegar às 6h, no Recreio, já que a largada dos 21k será às 7h de domingo... Mas isso é assunto da próxima postagem.
Abraço!
Bira
sexta-feira, 17 de junho de 2011
Estratégia para Subir no Pódio
Amigos!
Não precisa falar que eu sei: Tudo que você almeja num domingo é ser ver livre do Centro da Cidade. Engarrafamento nas ruas, esbarrões nas calçadas, ronco dos motores e apitos de guardas. E ainda os relógios do pulso, do poste ou da Central lhe pressionando a se mover mais rápido!... Nem dá para perceber as belas edificações que o Rio Antigo nos deixou. Nesse domingo (12/06), no entanto, 4.000 pessoas percorreram em passadas rápidas e felizes os mesmos caminhos onde a História do Brasil foi escrita. No pulso, no poste ou na Central ainda havia relógios. Ser mais rápido, no entanto, era um desafio prazeroso. Havia também quem quisesse apenas curtir um trote ou caminhada pelo Centro para percebê-lo sem a nuvem do stress diário. Estes tiravam muitas, mas muitas, fotos como o Rio Antigo jamais sonhou.
AQUECIMENTO INUSITADO
Acordei às quinze para as sete quando deveria fazê-lo uma hora antes. Joguei água quente no susto e esfreguei com sabonete, tomando um banho de 5 minutos. Logo, o gosto de pão dormido e sem manteiga substituiu o da pasta de dente, na boca ofegante - às 7:15h eu já estava correndo em busca de um táxi.
Já no Centro, às 7:45h, devido às ruas bloqueadas eu tive de abandonar o táxi. A largada seria às 8h no Passo Imperial e eu estava a 2km dali, no Campo de Santana. Saí desembestado rumo ao Passo pelo mesmo percurso que faria, minutos depois, durante a prova e me lembrei que nem levara os alfinetes para prender o número na camiseta! Ainda tive de ouvir os distribuidores de copinhos d'água me sacaneando:
Já no Centro, às 7:45h, devido às ruas bloqueadas eu tive de abandonar o táxi. A largada seria às 8h no Passo Imperial e eu estava a 2km dali, no Campo de Santana. Saí desembestado rumo ao Passo pelo mesmo percurso que faria, minutos depois, durante a prova e me lembrei que nem levara os alfinetes para prender o número na camiseta! Ainda tive de ouvir os distribuidores de copinhos d'água me sacaneando:
- Olha lá!... Já vem vindo o primeiro colocado!
Mas não dava tempo de sentir raiva ou graça. Minha saída foi pensar que eu já estava me aquecendo. Consegui os alfinetes na barraca de uma assessoria esportiva e cinco minutos antes da largada eu já estava pronto. Foi quando encontrei meus velhos companheiros.
Às oito da manhã o sol de inverno parecia ter preguiça para se levantar e aquecer o dia, mas a brisa - que virara a noite nas baladas - ainda aspergia friagem em gotículas invisíveis; um clima ideal para correr. Enquanto isso, um conjunto regional executava chorinhos tradicionais, ao vivo, no lugar de música eletrônica.
Enquanto eu corria em desespero, para chegar ao local a tempo, meus colegas tiravam fotos: Ozéias, Carlos, Moraes, Alessandro e Adriano...
A largada foi dada e eu sentei a bota! Não quis nem saber se não vinha treinando visando as corridas curtas, nem se a Maratona de Porto Alegre havia deixado meus músculos doloridos por mais de uma semana. Quando fiz a inscrição para esta prova, em abril, escolhi correr os 5km para ter chance de subir ao pódio na faixa de idade.
Os minutos passaram rápido sob as sombras de prédios novos e seculares e eu cruzei a chegada com surpreendentes 19min e 17s. Fui o segundo na faixa etária e levei um trofeuzinho para casa - a estratégia deu certo. Acho até que se eu treinasse direcionado para os 5 mil, poderia tirar mais um minuto deste tempo.
A largada foi dada e eu sentei a bota! Não quis nem saber se não vinha treinando visando as corridas curtas, nem se a Maratona de Porto Alegre havia deixado meus músculos doloridos por mais de uma semana. Quando fiz a inscrição para esta prova, em abril, escolhi correr os 5km para ter chance de subir ao pódio na faixa de idade.
Os minutos passaram rápido sob as sombras de prédios novos e seculares e eu cruzei a chegada com surpreendentes 19min e 17s. Fui o segundo na faixa etária e levei um trofeuzinho para casa - a estratégia deu certo. Acho até que se eu treinasse direcionado para os 5 mil, poderia tirar mais um minuto deste tempo.
Passado o fiasco da maratona anterior, isso até serviu para resgatar parte da minha auto-confiança. Não decidi ainda se vou fazer a Maratona do Rio, mas já estou inscrito para a Meia Maratona da Asics, 26/06, da Barra ao Recreio. Reduzi os treinos pois estou reformando minha casa, mas acho que poderei fazer uma boa prova!
Ao lado:
Moraes e a Bruna, que eu nem vi no dia da prova.
Abraços!
Bira
Ao lado:
Moraes e a Bruna, que eu nem vi no dia da prova.
Abraços!
Bira
quinta-feira, 26 de maio de 2011
Adeus Ano Velho
Amigos!
Treinando para a Maratona de Porto Alegre
Quando os fogos espocaram no céu de Copacabana, era reveillion. Enquanto a multidão reeditava o ritual de abraços e boas-querências meu coração cintilava nas mesmas luzes e cores dos foguetes espanhóis.
Logo na primeira tarde do ano corri em ruas desérticas de um surbúbio em ressaca. Iniciava ali meus treinos para a Maratona de Porto Alegre (22/05/2011), atraído pelo slogan de "mais rápida do Brasil".
Quatro meses e meio depois, eu já tinha na bagagem mais de 1.100 km percorridos em treinos e três maus resultados em corridas mais curtas. "Tudo bem..." - pensava "meu foco é a maratona!" Bastaria fazê-la abaixo de 3:20h que nada mais importava. Até que o dia da corrida chegou!...
Jantar de Massas
O Clube dos Caixeiros Viajantes ficou lotado. Macarrão com tempero simples, salada e refrigerante estavam de bom tamanho na véspera da maratona. Ainda não tinha me enturmado quando a equipe dos Correios chegou trazendo, entre seus membros, Sandro, meu companheiro de treinos no Rio. Quem não deu as caras foi o Frio do Sul, bastou um leve casaco para proteger minha pele curtida de sol. Também não teve música no vasto salão. As pessoas comiam, falavam, tiravam fotos e depois íam embora.
A Corrida
Vários despertadores tocaram às cinco da manhã. Os banhos foram breves assim como o café matinal. Uma hora depois, ainda era noite no estacionamento do Barra Shopping, local da largada. Logo o dia clareou revelando as cores do esporte. As mulheres largaram às 7h, cadeirantes às 7:10h e homens às 7:15h. O sol gaúcho também deu sua largada, no princípio, brilhando mais do que aquecendo. A Maratona começou!
Entre os dois mil corredores que se espalharam pela margem do Guaíba, mantive o ritmo de 4,43min por kilometro. Cruzei os 10k em 47min, a meia maratona em 1:40h e os 30k em 2:23h. Percebi a queda do ritmo quando comecei a ser ultrapassado a partir de então. Vi que não daria para reagir e triste, refiz minha meta: concluir a prova abaixo de 3:30h.
A Quebra
Por volta do Km34, meus pés doeram como se estivesse pisando em brasas. Caminhei uns duzentos metros e voltei a correr no braseiro para retornar a caminhar depois. Passei a mão no ombro e senti os cristais de sal, arranhando a pele como areia. O sal também permeava entre fino tecido da bermuda, formando manchas brancas. Por sorte, ou devido à musculação, não senti dores nos ombros. Quando voltei a "correr" fui ultrapassado por uma patricinha saltitante e não me conformei apertando o passo e deixando-a para trás. Esgotado, quase voltei a ser ultrapassado de novo pela moça que saltitava. Reagi, até que me vi, patético, disputando posição com a frágil criatura num ritmo de aproximadamente 6min por km (que vergonha!), desisti e caminhei de novo para ver a menina se distanciar com seu rabinho de cavalo louro e esvoaçante. Tanta gente mais me passou!... Magros, gordos, altos, baixos, novos, velhos... Voltei a trotar nos últimos 4 km e concluí em 4h a Maratona mais Rápida do Brasil.
Após a prova eu só queria descansar mas não dava. Voltei às pressas para fechar a conta no hotel e logo fui para o aeroporto para não perder o voo. No avião senti dores nas pernas e tontura. Ingeri sal e bebi bastante água até melhorar. Cheguei em casa à noite e decretei que o ano havia acabado naquele 22 de maio. Fiquei no limbo entre o ano que acabou e o ano novo que só chega depois de dezembro, nas areias de Copacabana, ao espocar dos fogos espanhóis. Aos poucos, no entanto, percebi que no limbo não há o que fazer. Como posso despedir um ano e me situar no tempo que deixou de existir?
Trabalhei e malhei na segunda e terça-feiras. Na quarta, trotei 47 minutos para dissipar o lactato das pernas, trabalhei e malhei à noite. Por hora, desisti de fazer a Maratona do Rio, trocando-a por futuras meias-maratonas. Irritado, me nego a repetir a frase brega e surrada de um pagode sentimentalóide que diz: "Onde foi que eu errei?"... Que merda!
Abraços!
Bira
Blogueiros narcisos só falam das vitórias. Para mascarar meu narcisismo, no entanto, eu também conto os fracassos e então até pareço humilde - Lobo em pele de cordeiro! - diriam os inimigos. Sacana, debochado, pretensioso!... diriam os demais. Eu não digo nada, apenas escrevo para descansar das corridas...
Treinando para a Maratona de Porto Alegre
Quando os fogos espocaram no céu de Copacabana, era reveillion. Enquanto a multidão reeditava o ritual de abraços e boas-querências meu coração cintilava nas mesmas luzes e cores dos foguetes espanhóis.
Logo na primeira tarde do ano corri em ruas desérticas de um surbúbio em ressaca. Iniciava ali meus treinos para a Maratona de Porto Alegre (22/05/2011), atraído pelo slogan de "mais rápida do Brasil".
Quatro meses e meio depois, eu já tinha na bagagem mais de 1.100 km percorridos em treinos e três maus resultados em corridas mais curtas. "Tudo bem..." - pensava "meu foco é a maratona!" Bastaria fazê-la abaixo de 3:20h que nada mais importava. Até que o dia da corrida chegou!...
Jantar de Massas
O Clube dos Caixeiros Viajantes ficou lotado. Macarrão com tempero simples, salada e refrigerante estavam de bom tamanho na véspera da maratona. Ainda não tinha me enturmado quando a equipe dos Correios chegou trazendo, entre seus membros, Sandro, meu companheiro de treinos no Rio. Quem não deu as caras foi o Frio do Sul, bastou um leve casaco para proteger minha pele curtida de sol. Também não teve música no vasto salão. As pessoas comiam, falavam, tiravam fotos e depois íam embora.
largada da elite masculina
A Corrida
Vários despertadores tocaram às cinco da manhã. Os banhos foram breves assim como o café matinal. Uma hora depois, ainda era noite no estacionamento do Barra Shopping, local da largada. Logo o dia clareou revelando as cores do esporte. As mulheres largaram às 7h, cadeirantes às 7:10h e homens às 7:15h. O sol gaúcho também deu sua largada, no princípio, brilhando mais do que aquecendo. A Maratona começou!
Sorriso e otimismo no começo
Entre os dois mil corredores que se espalharam pela margem do Guaíba, mantive o ritmo de 4,43min por kilometro. Cruzei os 10k em 47min, a meia maratona em 1:40h e os 30k em 2:23h. Percebi a queda do ritmo quando comecei a ser ultrapassado a partir de então. Vi que não daria para reagir e triste, refiz minha meta: concluir a prova abaixo de 3:30h.
A Quebra
Por volta do Km34, meus pés doeram como se estivesse pisando em brasas. Caminhei uns duzentos metros e voltei a correr no braseiro para retornar a caminhar depois. Passei a mão no ombro e senti os cristais de sal, arranhando a pele como areia. O sal também permeava entre fino tecido da bermuda, formando manchas brancas. Por sorte, ou devido à musculação, não senti dores nos ombros. Quando voltei a "correr" fui ultrapassado por uma patricinha saltitante e não me conformei apertando o passo e deixando-a para trás. Esgotado, quase voltei a ser ultrapassado de novo pela moça que saltitava. Reagi, até que me vi, patético, disputando posição com a frágil criatura num ritmo de aproximadamente 6min por km (que vergonha!), desisti e caminhei de novo para ver a menina se distanciar com seu rabinho de cavalo louro e esvoaçante. Tanta gente mais me passou!... Magros, gordos, altos, baixos, novos, velhos... Voltei a trotar nos últimos 4 km e concluí em 4h a Maratona mais Rápida do Brasil.
Ainda foi possível sorrir no final
Após a prova eu só queria descansar mas não dava. Voltei às pressas para fechar a conta no hotel e logo fui para o aeroporto para não perder o voo. No avião senti dores nas pernas e tontura. Ingeri sal e bebi bastante água até melhorar. Cheguei em casa à noite e decretei que o ano havia acabado naquele 22 de maio. Fiquei no limbo entre o ano que acabou e o ano novo que só chega depois de dezembro, nas areias de Copacabana, ao espocar dos fogos espanhóis. Aos poucos, no entanto, percebi que no limbo não há o que fazer. Como posso despedir um ano e me situar no tempo que deixou de existir?
Últimos metros: me arrastando até o final. |
Trabalhei e malhei na segunda e terça-feiras. Na quarta, trotei 47 minutos para dissipar o lactato das pernas, trabalhei e malhei à noite. Por hora, desisti de fazer a Maratona do Rio, trocando-a por futuras meias-maratonas. Irritado, me nego a repetir a frase brega e surrada de um pagode sentimentalóide que diz: "Onde foi que eu errei?"... Que merda!
Abraços!
Bira
quinta-feira, 12 de maio de 2011
Contando os Dias
Amigos!
Faltam 10 dias para a Porto Alegre - A Maratona mais Rápida do Brasil. Já sei que o meu número de peito é 537 e que na véspera vai ter um jantar de massas. Continuo tomando Cebion para o resfriado não voltar e quanto à dor no joelho direito, tudo indica, não passou de um susto.
Comecei meus treinos visando esta prova no primeiro dia do ano. Até hoje percorri 1.100 quilômetros incluindo 23 longões - o último de Irajá a Copacabana (31K) foi feito em 2h 32', apesar do joelho ter rateado. Esta semana estou fazendo a chamada manutenção que inclui alguns tiros de 1.000 metros entre treinos moderados e leves. Cancelei a visita ao ortopedista com a melhora da articulação. Estou otimista-desconfiado, achando que posso completar a corrida abaixo de 3:20h, mas sem esquecer a última quebra na Corrida da Ponte.
Ah!... Também estou fazendo musculação, há três meses, visando a melhora do rendimento: Vamos ver no que vai dar!
Abs!
Bira
Faltam 10 dias para a Porto Alegre - A Maratona mais Rápida do Brasil. Já sei que o meu número de peito é 537 e que na véspera vai ter um jantar de massas. Continuo tomando Cebion para o resfriado não voltar e quanto à dor no joelho direito, tudo indica, não passou de um susto.
Comecei meus treinos visando esta prova no primeiro dia do ano. Até hoje percorri 1.100 quilômetros incluindo 23 longões - o último de Irajá a Copacabana (31K) foi feito em 2h 32', apesar do joelho ter rateado. Esta semana estou fazendo a chamada manutenção que inclui alguns tiros de 1.000 metros entre treinos moderados e leves. Cancelei a visita ao ortopedista com a melhora da articulação. Estou otimista-desconfiado, achando que posso completar a corrida abaixo de 3:20h, mas sem esquecer a última quebra na Corrida da Ponte.
Ah!... Também estou fazendo musculação, há três meses, visando a melhora do rendimento: Vamos ver no que vai dar!
Abs!
Bira
sábado, 23 de abril de 2011
quarta-feira, 20 de abril de 2011
Correndo na Ponte
Onde está quem falou que a ponte balança e que o vento sopra forte no vão central? Cadê a menina que tinha medo de altura?...
Onde está quem falou que a ponte balança e que o vento sopra forte no vão central? Cadê a menina que tinha medo de altura?... Antes da prova esperava-se por tudo, mas ninguém iria supor a ausência de vento enquanto corríamos entre as quenturas do asfalto e do sol...
ATRAVESSANDO A BAÍA
A barca das 6 partiu dez minutos depois lotada de corredores. Da Praça XV a Niterói são vinte minutos mas parece muito mais. Se não fosse a benevolência dos corredores, alguns pagodeiros desafinados ganhariam uma bela vaia. Era preferível prestar atenção no barulho das ondas espatifando-se no casco da embarcação ou no corredor ao lado que elevava a voz para ser entendido em meio ao burburinho. Entre flashes e poses prevalecia um clima alegre. Além do balanço desatinado do pagode e do mar surgia uma ponte gigantesca, vasta e estática - um monumento fixo que se contrapõe à nossa insegurança, fruto das dúvidas: "vou correr bem?... vou perder rendimento na subida do vão central?..."
Desembarcamos em Niterói e seguimos pelo complexo arquitetônico Caminho Niemeyer, local da largada que aconteceu às 8 em ponto, para 6 mil corredores.
CORRIDA
Minha impressão foi que a corrida começou, de fato, no km2 - a passagem do pedágio. Até aquele ponto, havíamos contornado ruas do Centro tomando cuidado para não tropeçar nos demais corredores amontoados. Na ponte havia mais espaço para acelerar e eu percebi, frustrado, que não tinha fôlego suficiente para isso - culpa do resfriado. Foram reservadas duas pistas para os corredores o que foi suficiente.
Gaivotas deslizavam facilmente no céu causando inveja àqueles que faziam tanto esforço para superar a longa subida. Do lado direito, dezenas de navios encrustrados na rarefeita nebrina permaneciam ancorados nos limites da baía. Do lado esquerdo, as longíquas praias do Flamengo, Botafogo e Urca delimitavam o vasto espelho d'água e eram delimitadas pela extensa barreira de prédios. Atrás deles, as montanhas do Rio, imponentes mas obscurecidas pela nebulosidade. Àquela altura o calor já era forte mas o céu não era límpido. O sol era um emplasto de unguento grudado nos ombros.
No km8 acabou a subida e a força da gravidade impulsionou minhas passadas. Até pensei que pudesse me recuperar mas durou pouco: a respiração deficiente não conduzia o oxigênio necessário às minha células - quebrei. Deu vontade de caminhar mas eu resisti e continuei no trote. Sofria cada vez que alguém me ultrapassava - e só estava no meio da corrida! Só faltou o Juca (minha tartaruga) passar por mim. Então cheguei na Perimetral, sorvi gel de carboidrato e bebida espotiva. Reagi no km16, na altura da Cidade do Samba, mas seria burrice foçar muito àquela altura. Completei os 21,4km em decepcionantes 1h51'. Só para ter uma idéia da minha frustração, meu pior tempo em treinos de 21km é 10 minutos melhor que isso.
RECEITA PARA CURAR RESFRIADO
A 32 dias da Maratona de Porto Alegre eu preciso me recuperar. Superar o resfriado e o trauma pelo tempo tão fraco. Quem tiver uma receita milagrosa de expectorante me manda. Tenho três semanas para treinar, uma para manutenção e a última para descanso, até lá - aceito sugestões.
Abraços!
Bira.
Correndo na Ponte
Amigos!Onde está quem falou que a ponte balança e que o vento sopra forte no vão central? Cadê a menina que tinha medo de altura?... Antes da prova esperava-se por tudo, mas ninguém iria supor a ausência de vento enquanto corríamos entre as quenturas do asfalto e do sol...
ATRAVESSANDO A BAÍA
A barca das 6 partiu dez minutos depois lotada de corredores. Da Praça XV a Niterói são vinte minutos mas parece muito mais. Se não fosse a benevolência dos corredores, alguns pagodeiros desafinados ganhariam uma bela vaia. Era preferível prestar atenção no barulho das ondas espatifando-se no casco da embarcação ou no corredor ao lado que elevava a voz para ser entendido em meio ao burburinho. Entre flashes e poses prevalecia um clima alegre. Além do balanço desatinado do pagode e do mar surgia uma ponte gigantesca, vasta e estática - um monumento fixo que se contrapõe à nossa insegurança, fruto das dúvidas: "vou correr bem?... vou perder rendimento na subida do vão central?..."
Desembarcamos em Niterói e seguimos pelo complexo arquitetônico Caminho Niemeyer, local da largada que aconteceu às 8 em ponto, para 6 mil corredores.
CORRIDA
Minha impressão foi que a corrida começou, de fato, no km2 - a passagem do pedágio. Até aquele ponto, havíamos contornado ruas do Centro tomando cuidado para não tropeçar nos demais corredores amontoados. Na ponte havia mais espaço para acelerar e eu percebi, frustrado, que não tinha fôlego suficiente para isso - culpa do resfriado. Foram reservadas duas pistas para os corredores o que foi suficiente.
Gaivotas deslizavam facilmente no céu causando inveja àqueles que faziam tanto esforço para superar a longa subida. Do lado direito, dezenas de navios encrustrados na rarefeita nebrina permaneciam ancorados nos limites da baía. Do lado esquerdo, as longíquas praias do Flamengo, Botafogo e Urca delimitavam o vasto espelho d'água e eram delimitadas pela extensa barreira de prédios. Atrás deles, as montanhas do Rio, imponentes mas obscurecidas pela nebulosidade. Àquela altura o calor já era forte mas o céu não era límpido. O sol era um emplasto de unguento grudado nos ombros.
No km8 acabou a subida e a força da gravidade impulsionou minhas passadas. Até pensei que pudesse me recuperar mas durou pouco: a respiração deficiente não conduzia o oxigênio necessário às minha células - quebrei. Deu vontade de caminhar mas eu resisti e continuei no trote. Sofria cada vez que alguém me ultrapassava - e só estava no meio da corrida! Só faltou o Juca (minha tartaruga) passar por mim. Então cheguei na Perimetral, sorvi gel de carboidrato e bebida espotiva. Reagi no km16, na altura da Cidade do Samba, mas seria burrice foçar muito àquela altura. Completei os 21,4km em decepcionantes 1h51'. Só para ter uma idéia da minha frustração, meu pior tempo em treinos de 21km é 10 minutos melhor que isso.
RECEITA PARA CURAR RESFRIADO
A 32 dias da Maratona de Porto Alegre eu preciso me recuperar. Superar o resfriado e o trauma pelo tempo tão fraco. Quem tiver uma receita milagrosa de expectorante me manda. Tenho três semanas para treinar, uma para manutenção e a última para descanso, até lá - aceito sugestões.
Abraços!
Bira.
quinta-feira, 7 de abril de 2011
Borboletas e Flores
(...) Continuar correndo e desviando das poças, mas levar um banho da água que os pneus dos carros atiram, inclementes, sobre pedestres incautos (...)
De cima da árvore, à espreita, a bela garça aguarda o momento que o peixeiro atira os restos de pescado no poluído rio que mais parece um valão, em Irajá... |
Borboletas e Flores
Amigos!
Sayão é meu amigo. Ele tem mais de setenta anos e um jeito malandro na fala. Gosta de samba e de gente – é sabido que ele já ajudou muitas pessoas. Mas o que mais me impressiona no Sayão é o fato de ele conhecer meio-mundo. Seja no Centro, Tijuca, Zona Oeste ou Zona Sul; nos meandros dos bairros; nas sombras das amendoeiras, tem sempre alguém cumprimentando o Sayão... Só vendo para acreditar!
Embora o admire, não tenho a pretensão de ser tão popular quanto Sayão, mas graças à corrida, nesses últimos anos, o número de acenos que recebo cresceu enormemente. Enquanto treino pelo meu bairro e adentro nas ruas e ladeiras das adjacências, vejo gente e gente me vê. Vejo uma cidade que normalmente não veria, quando experimento trajetos alternativos e melhor utilizo todo espaço que o Rio me oferece. É incrível correr pelos subúrbios deparando com o lixo e a desordem de bairros que são apenas corredores de passagem, mas ao dobrar uma esquina, surpreender-se ao descobrir uma rua ou praça limpa e bem cuidada pelos próprios moradores que criam borboletas e flores em singelos canteiros – é quando a verde esperança não cintila apenas na grama bem aparada. E pensar que eu não conheceria tais recantos não fossem os diversos treinos que realizo.
Embora o admire, não tenho a pretensão de ser tão popular quanto Sayão, mas graças à corrida, nesses últimos anos, o número de acenos que recebo cresceu enormemente. Enquanto treino pelo meu bairro e adentro nas ruas e ladeiras das adjacências, vejo gente e gente me vê. Vejo uma cidade que normalmente não veria, quando experimento trajetos alternativos e melhor utilizo todo espaço que o Rio me oferece. É incrível correr pelos subúrbios deparando com o lixo e a desordem de bairros que são apenas corredores de passagem, mas ao dobrar uma esquina, surpreender-se ao descobrir uma rua ou praça limpa e bem cuidada pelos próprios moradores que criam borboletas e flores em singelos canteiros – é quando a verde esperança não cintila apenas na grama bem aparada. E pensar que eu não conheceria tais recantos não fossem os diversos treinos que realizo.
... "Minhas filhas (as garças) já são mais de trinta" - diz o "pai" orgulhoso, ao mesmo tempo que limpa uma corvina: a curiosa cena foi registrada durante um de meus treinos pelo bairro. |
Outras variações que surpreendem ocorrem em dias de tempo instável. Em um longão de duas horas, pode-se experimentar um vento frio aspergindo orvalho, em Irajá, às oito e trinta da manhã e, três quartos de hora depois, passando por Benfica, sentir o sol romper as nuvens e deitar seu calor de outono carioca, feito compressa, em nossos ombros suados – momento de tirar a camisa e prendê-la no short. Meia hora depois, já tendo feito a curva em Triagem e rumando de volta a Irajá, encarar uma tempestade diante do Shopping Nova América. Continuar correndo e desviando das poças, mas levar um banho da água que os pneus dos carros atiram, inclementes, sobre pedestres incautos. Se um atleta de rua deve ter bom humor para encarar qualquer tempo, correr é uma lição de vida. Superar a passagem da chuva e do sol. Deixar para trás não só poças d´águas e lixo, mas flores e borboletas, não faz do corredor um ser solitário, fá-lo livre e integrado no todo. Este ser passageiro leva consigo o próprio mundo onde os problemas não foram suficientes para fazê-lo parar. Leva um sorriso, um aceno, um incentivo para quem parou e deseja retornar ao movimento. É nessa hora que alguns corredores de personalidade introspectiva se revelam grandes comunicadores, feito meu amigo Sayão. Descobrem que sem o uso da palavra é possível comunicar-se, com os mundos externo e interno, através da linguagem do movimento.
Abraços!
Bira
domingo, 27 de março de 2011
Desafiando o Vale da Morte
O vento frontal não trazia frescor. Volta e meia surgia em lufadas de arranca-boné tornando a corrida mais difícil nos acostamentos da Rio-Petrópolis. Eram oito e meia da manhã mas o sol simulava o meio-dia. Veículos pequenos e grande faziam "vrum" quando passavam em alta-velocidade. Éramos cinco corredores que na manhã de sábado - dia de longão - escolheram cruzar o Vale da Morte: Carlos, Sandro, Murilo, Ozéias e eu.
QUEBRANDO UM DIA ANTES
Foi justamente na semana que eu estava mais cansado que a turma escolheu a Rodovia Washington Luís para treinar, atravessando o temível Vale da Morte - trecho de reta que parece não ter fim, sem neunhuma casa ou posto de gasolina à vista. Onde os automóveis pisam fundo, como se estivessem num túnel. Onde os urubus voam serenos, como um sinal de mau-agouro, sobre qualquer criatura que respire do lado de fora de um carro...
O primeiro posto de gasolina após o "Vale" é parada obrigatória para hidratação. Neste caso, foi o fim do treino.
Eu que já havia me ausentado nos três últimos longões não poderia faltar a este, apesar de no dia anterior ter "quebrado" treinando na grama. Não deu outra: fiquei bem para trás durante o trajeto e me vi aliviado quando a todos resolveram parar o treino na altura do Bairro Pilar, logo após a Refinaria de Duque de Caxias, com cerca de 15km de trajeto. Se seguíssemos para Xerém, percorreríamos 30km. Mesmo assim posso dizer que venci o Vale da Morte!
Abraços!
Bira
QUEBRANDO UM DIA ANTES
Foi justamente na semana que eu estava mais cansado que a turma escolheu a Rodovia Washington Luís para treinar, atravessando o temível Vale da Morte - trecho de reta que parece não ter fim, sem neunhuma casa ou posto de gasolina à vista. Onde os automóveis pisam fundo, como se estivessem num túnel. Onde os urubus voam serenos, como um sinal de mau-agouro, sobre qualquer criatura que respire do lado de fora de um carro...
O primeiro posto de gasolina após o "Vale" é parada obrigatória para hidratação. Neste caso, foi o fim do treino.
Eu que já havia me ausentado nos três últimos longões não poderia faltar a este, apesar de no dia anterior ter "quebrado" treinando na grama. Não deu outra: fiquei bem para trás durante o trajeto e me vi aliviado quando a todos resolveram parar o treino na altura do Bairro Pilar, logo após a Refinaria de Duque de Caxias, com cerca de 15km de trajeto. Se seguíssemos para Xerém, percorreríamos 30km. Mesmo assim posso dizer que venci o Vale da Morte!
Abraços!
Bira
domingo, 6 de março de 2011
Treinos e Escher
Amigos!
Começo esta postagem como quem sai para correr em uma manhã preguiçosa, nubrada e sem brilho. Indo apenas cumprir mais um dia no rosário de treinos que antecedem uma maratona e com a esperança de descobrir fôlego e ânimo durante o percurso - o que geralmente acaba acontecendo. Neste domingo de Carnaval o sol se escondeu e eu nem fui no Cordão do Bola Preta, ontem, naquela sopa de gente molhada de chuva pelas ruas do Centro.
Com relação aos meus treinos para a maratona de 22 de maio, estou animado. Já estou correndo entre 70 e 80 kms em 5 ou 6 dias na semana. Voltei a fazer musculação à noite.
Terminada a Corrida da Paz, a galera posa ao lado do Monumento dos Pracinhas
Confesso que perdi muito do interesse nas provas de 10k... Mês passado, fiz com os amigos a Corrida da Paz que foi patrocinada pelo Exécito, com inscrição gratuíta, no Aterro. A largada foi à 9h sob um sol abrasador. Quando cheguei ao km 8 desisti de continuar me esguelando e completei os 10k no trote, para não me machucar prejudicando os treinamentos que vão bem. O evento valeu muito mais pelo reencontro dos amigos na primeira prova do ano.
MUNDO MÁGICO
Sexta-feira de Carnaval o expediente no trabalho terminou às 14h e eu resolvi dar uma passadinha no Centro Cultural Banco do Brasil, na exposição de M. C. Escher e depois ir à academia. Eu não sabia que me perderia entre as obras do artista holandês (1898-1972) e que o tempo passaria sem que eu percebesse. Saí de lá às 20h com vontade de ficar mais um pouquinho - lá se foi academia! A exposição O Mundo Mágico de Escher termina dia 26/03/2011 e não pode ser perdida.
Visite o Site Oficial de Escher: http://www.mcescher.com/indexuk.htm
Visite meu blog: www.bira-log.blogspot.com
Abraços!
Bira
Começo esta postagem como quem sai para correr em uma manhã preguiçosa, nubrada e sem brilho. Indo apenas cumprir mais um dia no rosário de treinos que antecedem uma maratona e com a esperança de descobrir fôlego e ânimo durante o percurso - o que geralmente acaba acontecendo. Neste domingo de Carnaval o sol se escondeu e eu nem fui no Cordão do Bola Preta, ontem, naquela sopa de gente molhada de chuva pelas ruas do Centro.
Com relação aos meus treinos para a maratona de 22 de maio, estou animado. Já estou correndo entre 70 e 80 kms em 5 ou 6 dias na semana. Voltei a fazer musculação à noite.
Terminada a Corrida da Paz, a galera posa ao lado do Monumento dos Pracinhas
Confesso que perdi muito do interesse nas provas de 10k... Mês passado, fiz com os amigos a Corrida da Paz que foi patrocinada pelo Exécito, com inscrição gratuíta, no Aterro. A largada foi à 9h sob um sol abrasador. Quando cheguei ao km 8 desisti de continuar me esguelando e completei os 10k no trote, para não me machucar prejudicando os treinamentos que vão bem. O evento valeu muito mais pelo reencontro dos amigos na primeira prova do ano.
MUNDO MÁGICO
Sexta-feira de Carnaval o expediente no trabalho terminou às 14h e eu resolvi dar uma passadinha no Centro Cultural Banco do Brasil, na exposição de M. C. Escher e depois ir à academia. Eu não sabia que me perderia entre as obras do artista holandês (1898-1972) e que o tempo passaria sem que eu percebesse. Saí de lá às 20h com vontade de ficar mais um pouquinho - lá se foi academia! A exposição O Mundo Mágico de Escher termina dia 26/03/2011 e não pode ser perdida.
Visite o Site Oficial de Escher: http://www.mcescher.com/indexuk.htm
Visite meu blog: www.bira-log.blogspot.com
Abraços!
Bira