quinta-feira, 29 de novembro de 2012

De Volta ao Cristo Apagado

De Volta ao Cristo Apagado

Fiéis subindo um pequeno morro para orar, diariamente, são vistos da estação do metrô em Irajá. Este fato gerou a postagem O Novo Monte dos Milagres..., ago/12. " Ao escrevê-la, lembrei do surgimento da imagem de Cristo (1971 - foto) em uma pedreira, a quatro km dali. Lembrei da imprensa noticiando o fato que atraía milhares de pessoas. Achei que algo semelhante fosse ocorrer no atual "Monte", ao lado do metrô, mas os tempos são outros... Essa semana voltei a pensar na velha pedreira do Cristo. Afinal, o que foi feito dela?... Fui lá para conferir. Tirei fotos, colhi depoimentos e pesquisei os acervos de jornais na Biblioteca Nacional (BN) e internet... Resultado, quarenta e um anos depois, o Cristo da Pedreira está de volta!..
Montagem com foto da época, comparada com foto atual do alto relevo de Cristo.








 .

INTRODUÇÃO:

Dias desses eu fui pegar metrô na estação de Irajá e percebi fiéis subindo um pequeno morro, ao lado, para orar. Tal fato virou rotina e eu decidi fazer uma postagem sobre aquilo, com o título: O Novo Monte dos Milagres..., ago/12. Ao escrevê-la, lembrei do surgimento da imagem de Cristo (1971) em uma pedreira, a quatro km dali. Lembrei da imprensa noticiando o fato que atraiu milhares de pessoas ao local. Imaginei que algo semelhante pudesse ocorrer no denominado "Monte" atual, mas os tempos são outros... Esta semana voltei a pensar na velha pedreira do Cristo. Afinal, o que foi feito dela?... Fui lá para conferir. Tirei fotos, colhi depoimentos e pesquisei os acervos de jornais na Biblioteca Nacional (BN) e internet... Resultado: quarenta e um anos depois o Cristo da Pedreira está de volta!...

I - De Volta ao Cristo Apagado

Amigos!

Depois de 41 anos, eu já nem lembrava direito em que local surgiu o Cristo. Desci do ônibus, em Vista Alegre e na calçada, tratei de procurar um suposto morador com pelo menos uns cinquenta anos para pedir informação. Acertei na primeira tentativa, quando um passante me respondeu:

- É logo ali, sobe a Rua Estremadura e você verá uma praça à esquerda.

Subi, para descobrir que a praça era o antigo acesso à velha pedreira, agora parcialmente escondida atrás das árvores de uma vila. Avistei três pessoas na praça e me aproximei de um homem solitário:

- Boa tarde, amigo!... Você sabe me dizer onde foi que surgiu a imagem de Cristo na pedreira?

- Foi logo ali, atrás daquelas casas - e o homem apontou para um lugar aparentemente inacessível.

- E a imagem ainda está lá? - perguntei - Gostaria de tirar umas fotos, mas to vendo que não dá...

- Dá sim. Vem comigo que eu te levo!

Enquanto entrávamos na vila, lembrei que aquele local foi um campo de futebol de terra batida, margeado por mato e a parede de pedra; invadido pela multidão. Gente curiosa ou sedenta por milagres já não pisava mais ali. Um cachorro preguiçoso bocejava e alguns familiares comiam frango assado, com batata frita e cerveja, à sombra de uma amendoeira. A vila terminava na parede de granito que continha o Cristo.

- Mas onde está o Cristo? - perguntei apertando os olhos.

Demorou um pouco para localizá-lo. A imagem já não é tão nítida, quatro décadas depois. "Era como se o Cristo revelado estivesse voltando para dentro da pedreira" - delirei. Tive que subir na laje de uma casa para fotografá-lo com o tablet, concluindo assim, a primeira parte desta história.

Atencioso, Aécio me aponta o local do Cristo: "Eu era criança, colhia água em vidrinhos para vender aos fiéis..."









II - As Versões de Hoje

Meu recente e prestativo amigo (foto) revelou seu nome e idade:

- Eu me chamo Aécio, tenho 49 anos e já estou aposentado. Não me lembro muito daquela época, pois tinha apenas oito anos. Mas lembro que eu enchia vidrinhos de água que escorria da rocha e vendia aos visitantes. Enchia as mãos de moedas! - complementou sorrindo.

Foi o próprio Aécio que se propôs a me levar ao conjunto que fica acima da pedreira para entrevistar sua tia. No caminho contou que pelo menos três pessoas já despencaram da pedreira, mas que ali ninguém morria. Sua tia, de idade avançada, estava dormindo e nada pode somar.

Voltando à vila, entre os familiares que faziam refeição, falei com a advogada Sandra, 55, na época com 14 anos. Sandra relata que a imagem surgiu no local onde um raio caiu e uma lasca de pedra se desprendeu.

- Como eu  fui criada em família evangélica, observei de longe os fatos. Mas não tinha como ignorar as romarias. Pessoas obtinham graças e pagavam promessas levando réplicas de órgãos humanos moldados em cera. Isso durou cinco anos ou mais. Abaixo da imagem foi fincada uma cruz. Quando as visitas cessaram, uma família retirou a cruz para construir uma bela casa. Não durou muito para uma enorme pedra se desprender do rochedo e destruir totalmente a casa, justamente na hora que mãe e filha estavam saindo ao portão. Ninguém se feriu, mas não sobrou nada!

III - As Versões dos Jornais da Época


Muito além de uma cobertura, o jornal O Dia fez um autêntico sensacionalismo sobre ocorrido na noite de sábado, 16 de outubro de 1971. Se naquela época essas matérias arregimentassem grande público ao local, seus textos, quando lidos hoje nos arquivos da BN, causam risos:

ROSTO DO CRISTO NA PEDREIRA OPERA MILAGRES, 19/10/71
"Figura surgiu com grande nitidez precedida de estrondo, foco luminoso e sons melódicos suaves, parecendo cânticos sacros - Duas crianças caíram de grande altura e foram salvas - Romaria de fiéis á Estrada da Água Grande... Mais de 10 mil pessoas precedentes de Caxias, Nova Iguaçu, Petrópolis e outras cidades... Cerca de 12 mil pessoas residentes no conjunto assistiram á milagrosa aparição e ainda permanecem deslumbradas com o fenômeno... A romaria é impressionante. Pessoas enfermas em busca de cura, em dificuldades financeiras, jovens mal sucedidos no amor. Os moradores recordam com grande emoção e respeito, vários casos ali sucedidos... Teresa Mirtes Caldas, 17 anos, atribuiu ser um verdadeiro milagre, ter passado nos exames vestibulares para medicina e foi rezar ao pé da rocha... Romarias, pétalas e peças de cera de várias cidades do Interior Fluminense... Vigário declara: não vem acrescentar nada à Revelação de Deus... Apesar do calor ontem, cresceu o número de fiéis... Água da pedreira é usada para aliviar doenças... Carrocinhas de doces e refrescos apreendidas... Milhares de pessoas recolhem água da fonte... Padre da Igreja Ortodoxa celebra missa... Fincada cruz de dois metros no alto da pedreira... Pároco de Vista Alegre compareceu ao local para observar." (trechos extraídos de matérias entre 19 e 28/10/71)

Ao que parece, o Jornal do Brasil - JB, ignorou o fato o quanto pôde. Quando o reportou, foi para desmenti-lo.

PEDREIRA QUE ATRAI MUITOS DE MILAGRE SÓ TEM BOATOS, 21/10/71.
"Tudo começou quando um funcionário da Light que vigiava os transformadores ouviu um estrondo causado pela paralisação das máquinas da fábrica de Cimento Irajá. Assustado, ele iluminou a pedreira com sua lanterna, pensando que o ruído partira de lá. Estava sozinho no terreno baldio onde os transformadores ocupam uma pequena área... Descobriu a cavidade na pedra e passou a falar em milagres. Depois desapareceu, mas o boato já tinha se espalhado. Vieram os primeiros romeiros e acharam os restos de cabrito sob a pedra. Para a maioria dos que começaram a visitar o terreno não havia mais dúvidas: O local era sem dúvida sagrado..."

Foto com linha do tempo das manchetes pesquisadas em arquivos da Biblioteca Nacional - Bira.

A Folha de São Paulo exibiu pequenas matérias desmistificando os fatos.22 e 26/10/71.

ROCHA É NOVA EXPLORAÇÃO DE CRENDICE,
"Apesar da visita diária atingir a uma média de 5 mil pessoas, nem todos acreditam nos "milagres"... A crença dos moradores levou à descoberta, no último fim de semana, de novas "imagens" ao lado do "Cristo da pedra dos milagres"... Em 14/11/71 relatou: Apareceu um autor para o Cristo que, segundo os fiés teria sido esculpido por meios sobrenaturais. O contador Sidelio Pires afirma que esculpiu a imagem em 1948, quando morava nas proximidades... Sou um artista amador... conta que há 23 anos decidiu competir com mais amigos quem era o melhor escultor... esculpiram vária imagens além do Cristo...


A Revista Veja dedicou apenas alguns centímetros de parte de um editorial, em 27/10/71: "Nenhum milagre foi documentado no local, mas a afluência de muitos crentes fez nascer um rendoso comércio de pedras (...)".

O extinto Correio da Manhã, publicou foto (acima) na capa e uma pequena matéria:  

MULTIDÃO ESPERA MILAGRE, em 30/10/71.
A notícia andou rápido. Em torno da pedreira dezenas de pessoas com martelo, talhadeira e marreta tentavam extrair pequenas pedras da rocha.

IV - Concluindo

De 71 para cá, muito tempo passou e milhares de velas acesas na pedreira se apagaram. Partes dos fotogramas do jornal O Dia, na Biblioteca Nacional, também se apagou. O Cristo talhado também está se apagando, assim como as pessoas que nem são de granito. Coisas mudam com o tempo. Se Vista Alegre virou bairro e se separou de Irajá, a Guanabara foi absorvida pelo Rio de Janeiro. A ditadura acabou e a imprensa não precisa potencializar fatos para vender jornal.

Os milagres realmente de existiram! Se não foi no Cristo de ontem ou no Monte de hoje, foi no conjunto de tempo, pessoas e fatos que talharam essa história.#

Imagens do post:   
1- foto atual do local em comparação com imagem da época.
2- de uma escadaria, Aécio aponta para o local de aparição.
3- montagem feita com paint.
4- recorte do jornal Correio da Manhã.  

Abraços!
Bira.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Fantasmas de um Corredor

Amigos!

http://www.birananet.com/2012/11/fantasmas-de-um-corredor.html


Colega corredor tenha calma!... Não precisa fugir desta postagem como gato da água! É bem melhor encarar esse fato sem desespero. Desculpe o rodeio... Até parece que vou dar notícia de falecimento, mas é melhor você estar preparado. Eu vou falar é daquele momento desesperador, quando um amigo corredor liga convidando para um treino e você nem encontra as palavras corretas para dizer:

- Não vai dar, parceiro, eu estou machucado.

Então segue uma pausa de silêncio na ligação, como se o tempo despencasse num precipício. Quem ficou sem palavras, desta vez, foi seu amigo. Num esforço solidário, ele diz algo para ajudar e sincero se despede. Quando o telefone volta a tocar você suspira: ter de repetir a mesma frase para outro colega vai ser um suplício!...

           Superando o Mau Momento


Tendinite, entorse, estiramento e metartalgia
Osteíte, torção, fratura e Lombalgia
Canelite, condromácia, joanete e... Nostalgia.

Não, não estou querendo plagiar Arnaldo Antunes em “O Pulso Ainda Pulsa”, música dos Titãs que fazia rimas com as doenças. Só quero brincar um pouco com nossos fantasmas de corredor. Então, se você continua lendo até aqui, parabéns! Você venceu seus medos!... Agora podemos conhecer os relatos de dois corredores e o que eles fizeram para superar o mau momento da contusão.




             A Falta da Corrida:

- Senti muita falta sim, meu corpo ta muito acostumado, chegar em casa no final do dia e não poder sair para correr foi algo que me deprimiu muito... – Laina.
- Embora eu nunca tenha tomado antidepressivo, o sentimento que eu tinha é de ter esquecido de tomar, faltava aquela dose de alegria que uma corridinha nos proporciona - Luciano.

          ... E Quando os Colegas Chamavam para Correr?

- Tive que aprender a ter muita paciência. Apreciar e vibrar com as conquistas dos amigos. Estive presente nas 24h dos Fuzileiros Navais - RJ e nas 24h na Esteira - POA, admirando e incentivando os amigosrun. - Laina.
- Em nosso grupinho de corrida, os "Pangarés de Araraquara" o longão dominical é quase sagrado... como minha esposa também corre, ela ia com o pessoal e eu ficava em casa, como quem não foi convidado para a festa... O jeito era ocupar a cabeça, com um conserto de alguma coisa quebrada, pensar no almoço (sou metido a cozinheiro) e entreter-me com os filhos. - Luciano.

             O Estado Emocional:

- A ansiedade tomou conta de mim. Tive perda de massa muscular, e isso me irritou muito. As minhas dúvidas sobre o melhor tratamento me incomodaram muito mais. Como qualquer pessoa que fica lesionada, eu queria para ontem a resposta de que “amanhã” (inicio do tratamento) vou voltar a correr (…) Não queria ser uma paciente chata, mas muitas vezes olhei nos olhos dos médicos, foram quatro traumatologistas, e nos olhos dos fisioterapeutas e perguntei: “Quando vou voltar a correr?” “Posso fazer uns trotes na areia doutor?” (…) Tentava obter as respostas; a Luz que só agora está surgindo. - Laina.
- Fiquei desanimado sim, algumas vezes pensei que não voltaria mais e teria que procurar outro esporte (eu também pedalo, mas depois que um conhecido morreu atropelado na Rodovia Washington Luiz fiquei muito assustado, então minhas pedaladas viraram raridade). - Luciano.

Para ambos, o pior já passou. Depois de dois meses, Luciano já não tem mais de trabalhar caminhando na ponta dos pés. Sessões de massagem combinadas com alongamento e aplicação de gelo espantaram o fantasma. "Ontem mesmo, fiz um treino de 20 km em estrada de terra e não senti incômodo algum." - relata. Laina ainda faz fisioterapia, mas já foi liberada para musculação. Inscreveu-se com o marido para a Travessia das Torres de Tramandaí, em janeiro, quando espera já estar totalmente recuperada e diz: "Ter este objetivo está me ajudando muito a não desanimar e seguir rigorosamente o tratamento/fisioterapia."


A gaúcha que na adolescência trocou a corrida pela natação, voltou ao asfalto há sete anos. Orgulha-se de não usar qualquer tecnologia, nem mesmo relógio para marcar o tempo. Mesmo assim não deixou o noivo esperando no casamento inusitado, feito ao cruzarem juntos a linha de chegada da Maratona de Porto Alegre 2012 (veja o vídeo). O mesmo lugar onde o paulista Luciano, após três anos de corrida, vai fazer sua primeira maratona.

*     *     *

A maioria das contusões passa com gelo, o que não passa é o tempo para quem está contundido. Ficar parado, ganhando peso e sem nenhuma carga de beta endorfina, pode ser terrível. Nessa hora não adianta desespero. Pode ser o momento de fazer algo para preencher o vácuo.

Eu tive a ideia de fazer esta postagem porque estou machucado e não posso correr. Aproveitei o tempo para reformular e divulgar esse blog... E funcionou! Os acessos dispararam, depois de cinco anos!... Assim como Laina, que escreveu a postagem Paciência Paciente (link abaixo) para seu blog e Luciano, que foi cozinhar e brincar com os filhos. Coisas simples, mas valorosas podem ser feitas. E no fim das contas a gente pode até agradecer a Deus por ter se machucado.#


Imagens 1: colagem com gimp animada em arquivo .gif.
Imagem 2: fotos do perfil de Luciano e Laina no Facebook.
Imagem 3: vídeo do Youtube "Casamento de Laina na Maratona de Porto Alegre"
Blog da Laina: http://www.confrariaesportiva.com.br/esporte/220-paciencia-paciente.html

Abraços!

Bira

sábado, 10 de novembro de 2012

A Janela e o Biombo

Amigos! 

"Quando tomei aquela atitude, entrei num caminho sem volta: dois anos fora do mercado de trabalho seria cruel! Vários amigos e familiares disseram: Tem certeza disso?... E se você não conseguir passar, como é que vai ser?... Não dei ouvido e segui em frente. Eu já não aguentava mais a iniciativa privada por dois motivos: trabalho em exagero e salário minguado."

Foi dessa forma que Roberto Chapiro descreveu sua atitude mais corajosa, tomada em 2005, aos 28 anos: Sair de um emprego de Assistente Financeiro, sacar 13 anos de FGTS para passar os próximos dois, apenas estudando para concursos públicos.

Naquele fim de período, ele já havia concluído o curso Básico Fiscal, onde estudou matérias comuns para vários concursos. Em nove meses de curso, dividiu seu tempo com o trabalho, o chopinho, o futebol e o churrasquinho com amigos... Tudo bem que não faltasse às aulas. Mas se quisesse se classificar em um concurso, teria de fazer muito mais, e isso, ele sabia.

O aluno mediano, no colegial ou na faculdade, que estudava apenas o suficiente para passar, acreditava na ideia: "concurso público não é coisa para mim!" Foi seu amigo Luiz Gustavo que exorcizou esse conceito e o incentivou a estudar para concursos. Só que, além do trabalho exagerado, havia outras atividades que ocupavam seu tempo. Então Chapiro tomou a decisão de concentrar-se apenas no estudo.

Atrás do Biombo e Diante da Janela

Quem quisesse encontrar Chapiro em 2006, teria de procurá-lo atrás de um livro. Matriculou-se na turma de simulados que realizava provas inéditas, com alto grau de dificuldade, aos sábados. Durante a semana estudava onde quer que estivesse. Deu adeus aos happy hour de sexta! Às peladas de sábado! Aos churrasquinhos e amigos!... O mesmo livro que aberto, diante de si, era uma janela para o futuro, ironicamente, também era um biombo que o separava do presente.

- 2006 foi um ano de simulado e dedicação exclusiva aos estudos - relata.

Enquanto os ataques do PCC paralisaram São Paulo e os de Zidane, o Brasil, Chapiro parado estudava. Enquanto uma deputada gorducha criava a Dança da Pizza em Brasília, Chapiro não dançava no baile e estudava. E quando Zidane perdeu a cabeça ao lança-la no peito de Materazzi, Chapiro manteve a sua e estudava.

Uma notícia, no entanto, não passou despercebida por Roberto Chapiro: a colisão de dois aviões exibida no Plantão da TV. Foi quando seus olhos descarrilharam das linhas do livro de Contabilidade e se chocaram com as imagens da tela. Sua mente parou de processar a leitura para repelir o medo. Afinal de contas, ele já tinha comprado passagens para o réveillon em Fortaleza - mais que um passeio, uma recompensa para um ano tão puxado. Era setembro e faltavam poucos dias para o concurso da AGU - Advocacia Geral da União. Ele queria fazer uma ótima prova e depois voar tranquilo para o Nordeste.

Se o choque entre as aeronaves Legacy e Boeing deflagrou uma série de crises no setor aéreo, não impediu Chapiro de curtir o réveillon na capital cearense. Já sabia que estava classificado na AGU e viu seu futuro cintilar entre os fogos.

Em 2007 continuou na rotina dos simulados e prestando novos concursos. Foi aprovado como Gestor Tributário da SEFAZ MG - Secretaria de Fazenda do Estado de Minas Gerais. Enquanto não era chamado para a AGU ou SEFAZ, continuou estudando. Em 2008 classificou-se como Contador da Prefeitura de Niterói e foi logo chamado. Trabalhou ali até agosto, quando saiu a nomeação para a SEFAZ MG. Quando estava de malas prontas para Minas Gerais, em setembro, foi nomeado na AGU e optou por ficar no Rio, perto da família. Trabalhou na AGU por quase quase três anos.

Quando, em outubro de 2010, saiu o edital para o sonhado concurso no Tribunal de Contas do Município do Rio de Janeiro TCMRJ, Chapiro não estudava há três anos - tempo que ficou na AGU.

- Era um edital pesado, pois tinha muita coisa para estudar. Tive de "me virar nos trinta" já que trabalhava na AGU e ministrava aulas de Contabilidade em cursos preparatórios. 

A prova seria em fevereiro de 2011 e ele teria apenas quatro meses. Então, adeus Natal! Adeus Ano Novo! Adeus tempo livre! Chapiro mergulhou de novo nos livros, mesmo que estivesse no metrô, no ônibus ou numa sala de espera. Mesmo que fosse visitar sua irmã no hospital. Mas tudo isso valeu: Esta semana, a poucos dias de se casar com Helô, Roberto Chapiro me contou sua história nos intervalos de seu trabalho como Técnico de Controle Externo do TCMRJ. #


Concurso Público: É para Qualquer Um!

por Roberto Chapiro. 

Concurso público é a forma mais democrática de se alcançar um emprego digno. Só depende do seu esforço. É pra qualquer um. Não precisa ser inteligente, precisa, sim, ter disciplina para estudar. 

Ao longo da minha vida fui um aluno mediano. Inclusive, estudei em escolas que não me exigiam tanto e ainda assim passava ali “raspando”. Nunca tive o hábito de estudar, pois este só consegui criar quando comecei a enxergar a possibilidade de passar num concurso e dar uma “guinada” na minha vida. Enfrentei muitas dificuldades nessa trajetória, pois minha base era fraca. Mas, corri atrás do meu prejuízo. 

Algumas pessoas perguntam: Quantas horas deve-se estudar por dia? Quantos anos são necessários estudar pra passar em concurso público? Tenho que me trancar em casa estudando? Amigo, não tem uma regra exata. O que posso dizer é: Dê um passo de cada vez. Matricule-se em um curso preparatório. Se, já no início você conseguir estudar dez horas por dia, ótimo! Caso contrário, comece estudando meia hora e vai aumentando aos poucos, ganhando ritmo. 

Nunca pensei que conseguiria estudar 12 horas por dia e acabei fazendo isso por algumas vezes. É claro que não é todo dia que alguém acorda disposto a enfiar a cara nos livros por 12 horas, mas se você está focado num objetivo, acabará fazendo esta façanha sem perceber. Na verdade, não é a quantidade de horas que se estuda que vai determinar a sua aprovação ou não, mas sim a qualidade que se imprime nos estudos. 

O que acontece, na realidade, é que por ser muita matéria terá que gastar suas horas com os livros. Isso é inevitável! Não é preciso abandonar sua vida social, mas tenha em mente que não se pode ter tudo. Se você gosta de sair, escolha um dia da semana pra sair e pronto. A semana tem sete dias, nos outros seis, você estuda. Isso não será pra sempre, é temporário, até a sua aprovação. 

Invista em materiais voltados pra concurso, em cursos preparatórios. Hoje em dia temos sites especializados em concursos públicos onde você pode assistir às aulas em casa. Entre de cabeça nesse projeto, pois é recompensador! Estabilidade profissional não tem preço.#



As Imagens: 
1- Chapiro ministrando aula de Contabilidade na Academia do Concurso; 10-11-12.
2- Montagem de fotos recortadas com Gimp e sobrepostas em arquivo .gif.
3- Sala de aula de ponta-cabeça, clicado em 10-11-12.

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Abraços!

Bira