terça-feira, 30 de julho de 2013

Agosto: O Que Vem Por Aí em BiraNaNet!

Amigos!


II Corrida de Miguel a São José do Goiabal


Enquanto milhares de corredores aguardam a chegada do dia 18 para correr a Meia Maratona Internacional do Rio de Janeiro, BiraNaNet estará bem longe desta badalação. Mais precisamente em São José do Goiabal - cidade mineira com menos de 6.000 habitantes, situada a 180 km da sua capital. Mostraremos aspectos da corrida de 8 km pelos arredores da cidade. 

Quando a prova encerrar uma outra festa começa - a inauguração de uma escolinha de atletismo, construída com recursos enviados de Roma!... Bem, essa história completa eu conto depois... Aguarde e Confira!

Crianças largando na primeira edição da corrida

Treinão em Goiânia - da série: Um Longão em Cada Estado


Sábado, 24 de agosto é dia de fazer novos amigos, desta vez em Goiânia, para onde irei a convite de Nilo Resende (blog: Companheiros de Corrida), que acabou de enviar a seguinte mensagem:

"Conforme conversamos, segue um pequeno mapa com mais detalhes sobre o local que utilizaremos para correr em Goiânia. Não poderia ser melhor: O Parque Areião, um local agradável e muito utilizado pelos corredores locais. Além disso, podemos estender a nossa corrida até a Alameda Ricardo Paranhos, que fica próximo. É aí que se encontram grande parte dos atletas, grupos e assessorias de corrida. Para facilitar a criação do evento, o nosso Ponto de Encontro pode ser próximo à barraca do "Paulinho da Água de Coco", no próprio parque. Ele, além de ser muito conhecido, é atleta e pode nos dar algum tipo de apoio... Detalhes no Mapa"... Venha você também!... Confira o link do evento no Facebook: https://www.facebook.com/events/633711553313532/?context=create .

Resumo das Postagens de Julho

Foram cinco, as postagens de julho, a começar por: (1) "Bateria Arriada na Maratona Mais Bela que Nunca", um relato da Maratona do Rio onde eu passei o maior sufoco, acometido de uma dor de barriga durante a prova...
Em homenagem aos amigos e para comemorar o Mês do Amigo, publiquei a postagem:
(2) "Amigos: Criatividade, Alegria e Prazer", fazendo uma correlação entre os termos do título e mostrando um pouco da amizade de dois corredores - Márcia e Lúcio.
(3 e 4) Publiquei duas "Colchas de Retalhos" de postagens passadas, chamando atenção para o próprio conteúdo deste blog... O requentamento de textos passados é justificado pelo recente aumento de audiência. Para inserir algo novo na falta de novidade, no entanto, criei a imagem ao lado - com retalhos de mim mesmo, provocando a sensação (acidental) do movimento de corrida. Finalizando, descrevi o susto de ver meu blog , de uma hora para outra, ser "excluído" da internet - foi esse o status apresentado pelo Google durante 24 horas, mas depois voltou ao normal. Como eu não possuía backup, pensei ter perdido seis anos de postagens, em: (5) "Que Susto!... Meu Blog Sumiu!"

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Abs!
Bira.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Que Susto!... Meu Blog Sumiu!

Amigos!

Ontem, fui acessar ao meu blog e ele não estava mais "lá"! Fucei no Blogger e veio a mensagem de blog excluído. Verifiquei todos os meios para recuperá-lo e nada funcionava. E agora??...

É extremamente difícil ler e entender os tópicos de ajuda do Google em uma situação dessa. Eu não tinha back-up dos textos, filmes e imagens, portanto, havia perdido tudo: mais de 100 postagens, algumas que gosto muito!.. Havia perdido os registros de corridas, treinos e do convívio com os amigos que a Corrida me presenteou!... Havia perdido meu conto: "Atiradores de Pérola" e minhas crônicas - que não falam de corrida e não são populares - mas são importantes para mim. "E agora??" - pensava, enquanto a mente relutava em admitir essas perdas e ao mesmo tempo entender um meio de recuperar o blog, lendo os tópicos do Google. Perdi a fome e o dia mais frio do ano diante do computador e enrolado no edredom.

Consultando os fóruns de ajuda do Google fiquei pessimista. Vi que vários blogueiros tiveram o mesmo problema e muitos não recuperaram seu site. Bateu uma revolta e eu quis ligar o foda-se! e desistir, aplicando o pensamento: "Eu não preciso de blog!"... Mas nem isso eu poderia fazer - tenho duas viagens marcadas em agosto, para produzir matérias e cumprir compromissos firmados com amigos da corrida. Concluí que teria de recomeçar do zero, criando outro blog.

Não sei conviver com os próprios lamentos, mas não tinha jeito e a cada 10 minutos voltava a pensar no assunto:

- Logo agora que aumentaram as visitas e os seguidores!... Logo agora que eu estou produzindo muito mais conteúdo!...

Hoje, meu ânimo não foi dos melhores. Parou de chover na madrugada e o sol iluminou o dia. Sem poder correr por conta de lesão, subi ao terraço e  me estiquei na espreguiçadeira. Fechei os olhos, ignorando o azul do céu, para me aquecer feito Juca - meu jabuti. Até que nova cortina de nuvens tomou conta do céu e um vento frio me fez descer para o quarto.

No quarto liguei o computador para deparar com meu blog, ali, de novo! Inteirinho, como um filho que some de um dia para o outro e desliga o celular para não ser encontrado. A gente não sabe se dá um esporro ou um abraço, mas fica checando se está tudo bem... Que susto! Fui logo fazer um back-up e essa nova postagem! Agora posso tomar um banho e fazer a barba!

O site a seguir ensina como fazer back-up da template e das suas postagens no blogger: http://www.dicasblogger.com.br/2012/05/como-fazer-backup-no-novo-blogger.html

Abraços!
Bira.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Colcha de Retalhos II

Amigos!

Continuei garimpando retalhos do blog e costurei essa nova colcha. É curioso chamar algo recomposto de "novo", como essa postagem. Novidade e surpresa, no entanto, não se desprende dos bons momentos... Se você ainda não tem um blog, construa. Deixa passar alguns anos e releia o que escreveu... Surpreenda-se de novo consigo mesmo!


Retalhos do Blog - imagem montada com Gimp e Paint.





... Pronto!... A última curva foi feita e faltam apenas 500 metros para a linha de chegada! 500 metros traduzidos em intermináveis dois minutos! Não penso nada a não ser em chegar, aliás, nem penso apenas corro. Depois de sete meses no estaleiro, para sarar a coxa, eu estava ali de novo. Tentando vencer a falta de ritmo e o meu amigo Hélio Galhardo, que veio ofegante, lá de trás, e equiparou-se comigo no Elevado das Bandeiras, quando faltavam dois quilômetros para a chegada. Debilitado, eu já estava perdendo a esperança de completar a prova abaixo de 1h e 40m, minha meta, quando o Hélio surgiu como um sinal de que eu poderia reagir se tentasse me manter ao seu lado. Na saída do Túnel São Conrado, a descida impulsionou nossas passadas.  Alternamos de posição até desembocar ali, a 500 metros da chegada, na Praia de São Conrado. Meu corpo exausto ainda teria pela frente dois minutos, então corri com a emoção. Retirei os fones de ouvido e me atirei naquele curto tempo onde cabia toda a vida e completei a prova em 1h38m45

Pronto!... Estou de volta!... postado em jul/2012.





... Blogueiros narcisos só falam das vitórias. Para mascarar meu narcisismo, no entanto, eu também conto os fracassos e então até pareço humilde - Lobo em pele de cordeiro! - diriam os inimigos. Sacana, debochado, pretencioso!... diriam os demais. Eu não digo nada, apenas escrevo para descansar das corridas...

...Por volta do Km34, meus pés doeram como se estivesse pisando em brasas. Caminhei uns duzentos metros e voltei a correr no braseiro para retornar a caminhar depois. Passei a mão no ombro e senti os cristais de sal, arranhando a pele como areia. O sal também permeava entre fino tecido da bermuda, formando manchas brancas. Por sorte, ou devido à musculação, não senti dores nos ombros. Quando voltei a "correr" fui ultrapassado por uma patricinha saltitante e não me conformei apertando o passo e deixando-a para trás. Esgotado, quase voltei a ser ultrapassado de novo pela moça que saltitava. Reagi, até que me vi, patético, disputando posição com a frágil criatura num ritmo de aproximadamente 6min por km (que vergonha!), desisti e caminhei de novo para ver a menina se distanciar com seu rabinho de cavalo louro e esvoaçante. Tanta gente mais me passou!... Magros, gordos, altos, baixos, novos, velhos... Voltei a trotar nos últimos 4 km e concluí em 4h a Maratona mais Rápida do Brasil... postado em mai/2011.



... A luz amarela do sol da manhã banhava de ouro as casas de Cordovil e realçava o bronze da pele daquela moça, que caminhava na calçada. Seus cabelos fartos estavam presos e  seus olhos ainda continham o brilho das estrelas que a pouco se apagaram. A moça vestida de atleta, refletia no olhar sua paixão pela corrida, horas antes de uma competição.


O movimento é sempre pouco nas primeiras horas de um domingo suburbano. O frescor se mistura ao silêncio e é possível ouvir o canto distante de um galo. Àquela hora, poucos vira-latas ainda xingam quem passa. Poucos carros soltam rosnados, babando fumaça. O tempo não quer correr para quem espera. Então a corredora consulta o relógio e, no gesto, percebe que alguém se aproxima. Era uma mulher de salto alto, vestido justo, dourado com paetês cintilantes. "Nossa!... Que show! Deve ser uma passista" - concluiu a corredora com pensamentos e sentidos tão velozes que pareciam transformar os movimentos daquela mulher em câmera lenta... postado em jun/2012





...Quis falar do fim do mundo nesse blog, mas tem tanta gente melhor do que eu fazendo o mesmo que quase desisti. Não entendo do assunto e não vou ficar aqui cozinhando textos extraídos de outros sites... Então pensei em pegar o tablet e entrevistar pessoas pelo Centro, na hora do almoço. Escolhi o Largo da Carioca. Faltava eu chamar outro "maluco" para me acompanhar, então pensei no meu compadre Ivan Cândido. Ele foi de câmera-man e eu de repórter entrevistador. Ninguém sabia direito o que estava fazendo, mas vamos falar a verdade: a maioria dos nossos entrevistados também não aparentava entender do que falava... (a postagem contém vídeo)  postado em dez/2012.




(...) - Quando eu descobri que estava muito doente, em 2008, meu amigo Paulo César começou a me evitar estranhamente. Ele tinha medo que eu morresse. Certo dia, encontrei com ele e prometi que ficaria curado e, assim que isso ocorresse, iríamos fazer uma caminhada Maceió - São Miguel. Nessa hora Débora - uma amiga corredora - passou e firmou promessa: "Eu vou nessa também!" Uma outra corredora - Dani - surgiu e disse: "To nessa!" Olha que eu ainda ia me tratar, mas as meninas disseram: "É melhor a gente abrir para toda a galera!"

Um ano depois, Walter estava curado do câncer e no boca-a-boca foram reunidas 26 pessoas para a caminhada. Saíram de Maceió às 6h de 10 de agosto de 2010. Como havia muitos "marinheiros de primeira viagem" foi combinada uma parada em Paripueira, onde dormiriam para continuar na manhã seguinte... postado em dez/2013.





...O melhor de BA Maratón, no entanto, estava por vir. Quando percorremos as docas de Porto Madero, na altura dos quilômetros 30. Quando as forças dos corredores começavam a exaurir, uma música instrumental surgiu ao longe. Na medida que nos aproximamos, aumentava o som e o envolvimento da melodia. Então vimos um corredor de pessoas aplaudindo e incentivando quem passava. Elas vestiam coletes de onde despendiam hastes, por traz dos ombros, que sustentavam cartazes sobre a cabeça, com as inscrições: "Força!... Você consegue!..." e etc.Entre as música e os gestos habitavam anjos invisíveis!... Sim!... Naquele lugar havia anjos e uma força indescritível invadia a alma.  Eu não tive mais dúvidas de que completaria a prova!... postado em out/2012.




...O tempo é curto, até para os depressivos que escolhem não fazer. Então “faça duas vezes antes de pensar”, mas faça! Depois colha os cacos dos jarros partidos, retire os tapetes e encere seu chão. Aplique tintura nos cabelos e Facebook nas ausências. Aplique-se no tempo. Sou aquele centro-avante que não teve tempo de escolher o canto onde chutar ou o goleiro que precisa defender por reflexo. É tudo rápido, feito rima sem nexo.
- Onde eu cheguei e o que faço para passar essa mensagem?
- E você?
- Quando questionou o que faz?
- O que fez ou deixou de fazer ultimamente?... postado em set/2011


*                *               *                *               *

Os retalhos de colcha são diferentes dos retalhos da vida. Bastaria uma fita métrica para medir os primeiros, mas retalhos de vida não se medem com o tempo. Lembra daquela pergunta: "O que você faria hoje se soubesse que o mundo vai acabar amanhã?" A resposta correta é: "Faria uma nova vida com o tempo que me restasse... Uma vida tão intensa que coubesse em 24 horas ou apenas em dois minutos, como o título da nossa primeira postagem!"

Abraço!
Bira.
Leia também: COLCHA DE RETALHOS (parte I)

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sexta-feira, 19 de julho de 2013

Colcha de Retalhos

Amigos!

Seis anos de retorno à corrida têm muitos retalhos. Têm pedacinhos das nossas histórias, já que não falei só de mim. Têm recortes de nosso país, já que não citei só minha cidade. Tem emoção espalhada em cento e tantas postagens. Têm conquistas de amigos e auto-conquistas. Têm ganhos no físico, no intelecto e na emoção. Tem emoção dividida e multiplicada em uma nova visão - de uma nova vida...

Colhi retalhos das próprias postagens para compor essa colcha. Aproveita que é inverno e se cubra com ela!

Nos retalhos de Imagens, alguns pedaços de mim nesses seis anos de corrida!


... Meu presente de aniversário chegou três dias antes. Não era livro, camisa, sapato nem carro. Não era tangível. Não tinha cheiro, nem cor ou sabor. Difícil descrever um presente sem forma, mas que fluindo da alma se transforma em lágrimas da mais pura alegria. A emoção que senti ao entrar no corredor de chegada, após percorrer 42 km na Maratona do Rio foi o meu presente... postado em jul/2010









... Encurta o tempo que resta para a largada. Encurtam as frases de quem ainda fala e o espaço entre-corpos na contagem regressiva. E a corrida começa! O primeiro desafio é tentar mover-se no meio da massa. Naturalmente, os corredores estendiam os braços escorando-se nas costas de quem estava à frente, lembrando fila de escola... postado em ago/2010


... Estava na volta de nº 13 quando uma lufada de vento fez surgir um redemoinho ao meu lado, dando vida às folhas mortas do chão, atirando-as sobre mim, junto aos ciscos e poeira. O susto fez meu coração disparar tanto quanto minhas pernas. Senti um arrepio e pensei: “É Saci Pererê!” Um redemoinho que surge do nada é artimanha do Saci. Em instantes, a nuvem de poeira ficou para trás e dissipou da mesma forma que surgira. Percebi que estava eufórico e me arrepiei de novo, me perguntando: “Será que o Saci está correndo comigo??”... postado em set/2010









... Duas décadas depois (jan/2008), reencontrei a velha namorada - a Corrida. Era manhã de domingo no Leblon e eu já tinha 48 anos, quando larguei na Leblon-Leme. Fiquei tímido para puxar assunto... Ela, Corrida, continuava jovem e mais linda do que nunca. Minha juventude, no entanto, se resumia à atitude de estar ali. Fiquei surpreso quando me vi em seus braços. Tomei banhos de suor e auto-estima... postado em set/2010


... Mas a grama não é apenas um piso macio. Ela interage com nosso corpo e nossa mente. O atrito do tênis no gramado, o cuidado que se tem para não pisar em buracos ou galhos, os estalidos das folhas secas, o grilo que salta desesperado ao ver um "gigante" se aproximando, o formigueiro ameaçador, o casal de quero-queros e seus piados de alerta, o urubu devorando um despacho e o sol, que dá cor a tudo isso, bronzeando minha pele e cozinhando meus miolos... postado em jan/2011



... O vento frontal não trazia frescor. Volta e meia surgia em lufadas de arranca-boné tornando a corrida mais difícil nos acostamentos da Rio-Petrópolis. Eram oito e meia da manhã mas o sol simulava o meio-dia. Veículos pequenos e grande faziam "vrum" quando passavam em alta-velocidade. Éramos cinco corredores que na manhã de sábado - dia de longão - escolheram cruzar o Vale da Morte... postado em mar/2011


... Continuar correndo e desviando das poças, mas levar um banho da água que os pneus dos carros atiram, inclementes, sobre pedestres incautos. Se um atleta de rua deve ter bom humor para encarar qualquer tempo, correr é uma lição de vida. Superar a passagem da chuva e do sol. Deixar para trás não só poças d´águas e lixo, mas flores e borboletas, não faz do corredor um ser solitário, fá-lo livre e integrado no todo. Este ser passageiro leva consigo o próprio mundo onde os problemas não foram suficientes para fazê-lo parar. Leva um sorriso, um aceno, um incentivo para quem parou e deseja retornar ao movimento... postado em abr/2011.

Colchas de retalhos, além de práticas, podem ser belas!

Abraços!
Bira.
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sábado, 13 de julho de 2013

Amigos: Criatividade, Alegria e Prazer

(...) O passado revivido com os amigos é belíssimo porque é rico em detalhes. Quando não somos capazes de reconstruir o panorama geral de um lugar em que estivemos com eles, nossa mente nos compensa revelando detalhes que sequer pensávamos ter percebido (...)

Marcia Terezinha e Lúcio Lampert, na foto, até parecem irmãos: Amigos dentro e fora da corrida.






Amigos: Criatividade, Alegria e Prazer


Amigos!

Ei, Amigo!... Vai fazer seis anos que eu te chamo dessa forma... Arrumo esse blog como quem arruma a própria casa em dia de visita e te convido para entrar:

- Pode ficar tranquilo, o cachorro não morde... - falo sorrindo - Senta aí, na poltrona, fica à vontade!... Aceita beber alguma coisa, um vinhozinho, cerveja... Água gelada?... Que bom que você está aqui!... Que bom ser seu amigo!

Amigo é Prazer

O tempo passa voando quando eu lhe conto minhas histórias. Geralmente não há nada demais além de um simples treino ou de uma corrida... São os detalhes do texto que farão diferença, revelando as belezas que você já viveu e as alegrias que já sentiu. É essa identidade que despertará o prazer, ao revelar o motivo oculto da sua felicidade.

Vou dar um exemplo: Na postagem "Adeus Ano Velho", de maio de 2010, minha amiga Bruna Zolini fez o seguinte comentário:

- Bira, adoro seu blog (...) Queria muito conseguir traduzir em palavras os meus sentimentos na corrida de forma tão bela, como você faz... 

Quando a corredora disse: "traduzir em palavras meus sentimentos", quis dizer: "...minha alegria". Quando disse: "...de forma tão bela", quis dizer: "com os detalhes não revelados, os motivos ocultos".

A mesma Bruna que em 2010 pensava não saber "traduzir em palavras" seus sentimentos, após completar a Corrida da Ponte, este ano, escreveu o belo relato a seguir:

" (...) Nos últimos metros, não estava mais correndo: estava flutuando, dançando nas pistas, como uma (ex) bailarina. Não ouvi música das caixas de som e ninguém falando ao microfone, pois uma valsa linda estava tocando dentro de mim. Eu era uma debutante em dia de gala (...)"


A ex-bailarina Bruna "flutuando" a poucos metros da chegada na Corrida da Ponte: Retorno de Lesão.


Amigos são Criativos

Bastou que minha amiga mergulhasse nos seus próprios sentimentos para revelar, naquele texto, uma beleza bem maior que o cenário de chegada da corrida... Eis a criatividade! Dependerá dela dar sequência ao exercício poético, daqui por diante. Descrever desta forma é como revelar um filme fotográfico, ou seja: Imaginemos a Bruna cruzando a linha de chegada... Suor e lágrimas se confundem, soluços e ofegância também. Não saberíamos dizer até que ponto ela está emocionada ou simplesmente cansada. Quando ela expõe os detalhes de seus sentimentos, no entanto, outra realidade constrói um cenário muito mais encantador... Eis a criatividade nos detalhes ocultos!... Nossos amigos são criativos porque constroem novos cenários. 


Mês do Amigo

Porque chegamos ao Mês do Amigo, propus à maratonista Marcia Baroni (foto 1) que descrevesse um amigo corredor. Ela enviou o seguinte texto:

- Eu encontrei um grande corredor e amigo há quatro anos atrás: Lúcio Lampert. Minha admiração por ele vem, principalmente, pela sua generosidade. Lúcio voa nas pistas, nas provas com maravilhosos tempos... No entanto, acorda sorridente às 5 h da manhã, várias vezes, para treinar comigo num "pace" bem mais lento que o dele!! Me deu força nos primeiros longões, correndo ao meu lado, incentivando-me a todo momento... Bem, eu não corro tão rápido assim e ele me fez ter confiança para correr na rua, sem medo... Várias vezes, em percursos com subidas, ele foi à frente e voltou para resgatar a mim e outros amigos mais lentos, sempre nos incentivando para ir em frente. Sua paixão pela corrida de rua e simplicidade encanta muita gente. Eu aprendi o quanto a disciplina é importante na corrida de rua com Lúcio. Meu amigo, fora da corrida é especial, alegre e divertido. Tem grande senso de humor e, principalmente, um coração bondoso que está sempre disponível a ajudar o próximo. 



Amigos são Divertidos

A simples presença ou mera lembrança de um amigo nos diverte. Brilham os olhos e o coração dá saltos de alegria e prazer. Quando um amigo se ausenta, nosso corpo se aquieta e a mente flui, além do tempo, resgatando os momentos simples, mas incrivelmente belos. O passado revivido com os amigos é belíssimo porque é rico em detalhes. Quando não somos capazes de reconstruir o panorama geral de um lugar em que estivemos com eles, nossa mente nos compensa revelando detalhes que sequer pensávamos ter percebido. O detalhe de um gesto, de uma expressão, uma frases ou olhar. Os detalhes em forma de cheiros, melodias, cores e abraços. Sentimos saudade das suas piadas e de seus argumentos que, antes, estávamos cansados de ouvir, porque agora "ouvimos" os detalhes!

No dia 20 de julho aproveite: É Dia do Amigo!

Abraços!
Bira. 

terça-feira, 9 de julho de 2013

Bateria Arriada na Maratona mais Bela que Nunca

(...) Uma buzina soou anunciando o início da corrida e aquela gente se moveu. Abriram-se vãos para a passagem dos raios dourados, fazendo a sombra inquieta de cada corredor brincar, deslizando-se nas costas do corredor à sua frente (...)

Gif de imagens dos corredores na Praia da Reserva - Bira.

Bateria Arriada Na Maratona Mais Bela Que Nunca

Amigos!

Na subida da Av. Niemeyer o iPhone que eu usava para filmar os corredores apagou. Acionei o botão liga-desliga e nada... a telinha continuou preta e eu pensei: "Será que o meu suor penetrou no equipamento e o queimou?" Parei de correr, tirei os óculos escuros e percebi que o visor apagado exibia a imagem de bateria fraca. "Não é possível!" - falei comigo mesmo, sentindo uma vontade repentina de abandonar da prova.

Até ali, KM 26 da Maratona do Rio, eu revezava entre correr e filmar os atletas para compor um clip e publicar neste blog. Fiz disso a minha motivação para correr, já que não tinha esperanças em melhorar meu record, sequer chegar perto dele. Permaneci alguns instantes imóvel. Desapontado ao ver  meu sonho se atirar do magnífico precipício que margeia a avenida e se espatifar no rochedo, lá embaixo, onde as ondas do mar também se chocam. Escorei-me no parapeito e observei, do alto, o movimento deslumbrante das águas azuis. Iluminada pelo sol, a Praia de São Conrado exibia uma beleza do tamanho de meu desapontamento por não poder registrá-la. Optei em continuar correndo, mesmo sabendo que a frustração me perseguiria até a linha de chegada. Como reinventar meus planos e refazer o ânimo, por mais 16 quilômetros, até a Aterro do Flamengo?

Antes Disso...

Comecei a treinar para esta maratona em março, ainda ressentindo de lesão que se arrastava por seis meses. Cansei de ficar parado, esperando pela cura de uma suposta fascite plantar. Cinco kg acima do peso, comecei a revezar treinos com fisioterapia. Rolava o pé sobre uma garrafa pet congelada, todas as noites. Em geral corria dia sim, dia não, até chegar aos longões de 30 km. Não foi nada fácil! Diversas vezes pensei que não conseguiria, mas insisti na rolagem sobre o gelo. Minha confiança em completar a prova oscilava de acordo com as dores do solado no pé. Meu sacrifício foi compensado pela perda de peso enquanto o tempo passou, até o dia da prova. Cheguei à largada prevendo uma corrida de quatro horas. Nada animador para mim que almejo completar uma maratona abaixo de 3:20 h. Correr e filmar, no entanto, seria o coelho da cartola.

Preocupado em colher imagens, encontrei poucos amigos na concentração. Passei pelo guarda-volumes, desisti da  emperrada fila do xixi e quando dei por mim, faltava muito pouco para a largada. Entrei no corredor por um atalho lateral e me juntei à massa. Às sete e trinta da manhã, a compressão de pessoas não deixava o brilho amarelo do sol atingir o asfalto. Uma buzina soou anunciando o início da corrida e aquela gente se moveu. Abriram-se vãos para a passagem dos raios dourados, fazendo a sombra inquieta de cada corredor brincar, deslizando-se nas costas do corredor à sua frente. No balé de sombra e luz, todos eram tela e elementos.

Mesmo despreocupado com meu desempenho, ultrapassei as placas de quilometragem a cada cinco minutos. Apesar das paradas para filmagem, estava tendo um regular desempenho (5x1). À medida que o sol se elevava os trechos de praia, à direita, apresentavam diversos brilhos e versões. Do Pontal à Barra, foi possível correr e colher as imagens. Não me dei conta do baixo nível de carga do iPhone em nenhum momento e o pior: a minha "própria bateria" também estava prestes a arriar mais à frente.


O posto de hidratação fornecia Gatorade em saquinhos plásticos - Bira.

Tudo começou à altura do km 20. Uma vontade, até então controlável de ir ao banheiro não me preocupou de início. Se necessário, eu poderia recorrer aos sanitários dos postos de salva-mar da Barra. Começava assim minha superação sobre a situação que ficou crítica no Elevado do Joá, quando uma forte cólica quase me fez parar. A necessidade de ir ao banheiro era urgente. Aparentemente eu não tinha saída, até chegar à praia de São Conrado - três quilômetros à frente. Quando a dor ficou insuportável, um inesperado canteiro das obras do elevado surgiu como surgem os oásis. Graças a Deus não era miragem!... Naquele lugar improvável havia banheiro!

Minutos depois, saí dali aparentemente refeito. Agradeci aos céus e ao vigia do canteiro, antes de voltar à corrida. Retomei o foco e as filmagens. Percorri a Praia de São Conrado e na panorâmica subida da Niemeyer, num golpe fatal, o celular apagou...

Correr Para Esquecer

Por mais belo que fosse o cenário, eu não ficaria prostrado na sinuosa avenida olhando o mar, em plena Maratona do Rio. Só me restava correr e fui em frente. Fiquei triste em não poder registrar a platéia que se concentra no Leblon para aplaudir os corredores: "Que droga!... Como eu  posso ficar chateado num dos momentos mais felizes da prova?" - pensei - "Tudo bem, vamos em frente completar a corrida!" - reagi, sem saber que em Ipanema uma nova cólica me esperava. Desta vez fui salvo pelo banheiro do posto, mas quando voltei à corrida estava apenas trotando. Em Copacabana um amigo se aproximou, justamente quando eu pensava em caminhar. Na Avenida Princesa Isabel, no entanto, eu sucumbi ao cansaço e comecei a andar. Andei pelo túnel, pela enseada e pelo começo do Aterro. Andei pelo corredor de chegada. Cruzei a linha de chegada andando e a bendita cólica voltou - como quem deseja ver a medalha que ganhei. Pela terceira vez fui ao banheiro, agora em um posto na Praia do Aterro. Senti um pouco de tontura amainada pela ducha que tomei. Refeito, bebi água de coco fui pra casa descansar.

Só consegui sentir uma parca sensação de vitória à noite, quando acordei e me lembrei de todo o sacrifício aqui descrito. Mas outras maratonas virão!...

A despeito das minha aflições, a Maratona do Rio estava mais bela que nunca!

Abraços!
Bira.