segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Arte com Corredores

Amigos!

Esta semana minha amiga Márcia Baroni mudou sua imagem no perfil do Facebook. De brincadeira, eu fiz uma alteração na imagem e lhe devolvi o arquivo. Não foi nada demais, mas ficou divertido, tanto que ela colocou no perfil... César, meu filho mais velho, falou que eu estava criando uma nova moda na rede: a de alterar as imagens do perfil de amigos e depois repostar... Achei que ele estava exagerando, mas tive a ideia de fazer esta postagem.

Fucei em vários perfis de amigos do Facebook, são muitos! Em princípio, encontrei poucas fotos propícias a uma rápida edição... Tenho quase certeza que as "vítimas" irão gostar... Eis o resultado:

MEU RIO

Imagem editada do perfil de Márcia Baroni - corredora, Rio de Janeiro (RJ):
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FLOR SABINE 

Imagem editada do perfil da Sabine Heitling - atleta, Santa Cruz do Sul (RS):
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BARBIANI  

Imagem editada do perfil da Fabiani Dutra - corredora, São Paulo (SP):
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COLAPSO 

Imagens editadas de três perfis: a) Ronicesse Felix de Lima - atleta, (São Paulo - SP);  b) olhar de Camila Farias - ciclista e  c) Sergio Cordeiro - corredor (Magé - RJ):
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É com esse "treino leve" que o ano termina em BiraNaNet. Um sorriso sereno, um abraço fraterno e a vontade de voltar melhor ainda em 2014.

Um Feliz Ano Novo a todos os amigos deste blog, representados nas fotos acima!

Abraços!
Bira.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Os Cinco Melhores Posts do Ano!

Amigos!

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Para fechar o ano, escolhi as cinco melhores postagens deste blog - que na verdade são seis - porque eu não quis cortar mais nenhuma. Vale à pena conferir ou rever...

Em 80% dos posts eu falei de Corrida e fiz em forma de crônica, tentando interligar os dois mundos - corrida e literatura. É claro que eu não sou a pessoa mais indicada para isso - seja como atleta ou escritor - mas a minha ousadia já traz bons resultados... Foram mais de 50 postagens em 2013, quase uma por semana, então confira a seleção:

MELHORES DE 2013: http://www.birananet.com/search/label/Melhores%20de%202013

Dando uma de Repórter

Em janeiro eu tive a ideia de seguir o último colocado na corrida de São Sebastião, no Aterro. Smartphone na mão, conversei e filmei com os corredores das últimas posições. Registrei a surpreendente chegada de um casal no fechamento da corrida, ao som de sirenes e aplausos, em "Nossos Maravilhosos Últimos Colocados" - o post mais acessado de 2013:
http://www.birananet.com/2013/01/nossos-maravilhosos-ultimos-colocados.html 

Auto-ajuda

Estava lesionado e não tinha jeito, a não ser esperar. Era mais uma das várias vezes que isso ocorreu ao longo deste ano. Já que não poderia treinar, só me restava escrever a postagem "A Falta que a Faz": http://www.birananet.com/2013/04/a-falta-que-corrida-faz.html

Amigos Corredores

Mesmo sem dispor de grandes recursos gráficos, quis brincar um pouquinho com imagens e homenagear meus amigos. Usei apenas os programas Gimp e Paint e publiquei a postagem - "Arte com Amigos!": http://www.birananet.com/2013/06/arte-com-amigos.html

História de Corredor

A primeira vez que Antônio Carlos me convidou para uma corrida em Minas Gerais eu não o conhecia pessoalmente, apenas no Facebook. Naquele momento eu vi não daria, deixei passar e passou... Na segunda vez que recebi o convite, foi em forma de um panfleto virtual onde várias crianças davam largada em uma corrida. Naquele momento eu estava lesionado, mas resolvi viajar e contar tudo no blog. O fato rendeu três postagens e a história de Antônio Carlos de Carvalho é minha predileta - "Correndo no Cemitério": http://www.birananet.com/2013/08/correndo-no-cemiterio-antonio-boca-e.html 

As Flores Estão na Alma

Em setembro eu me impus um desafio: escolhi três temas para fazer três postagens. Fiquei com um certo medo de não conseguir. Um dos temas foi "Onde Estão as Flores?", pois se aproximava a primavera e eu deveria sair pelo bairro onde moro (Irajá) em busca de flores. Na minha cabeça, tudo estava perfeito e eu divulguei o desafio no blog. Na manhã que eu saí de casa para tirar fotos de flores e fazer a postagem, no entanto, a ficha caiu: "Onde é que eu vou encontrar flores nesse bairro?... O que vou escrever sobre isso?..." - pensei. Tremi um pouco, mas fui á luta. Aos poucos a postagem foi saindo com imagens, prosas e versos:  http://www.birananet.com/2013/09/onde-estao-as-flores.html

Uma Grande Betoneira

Aparente não havia nada especial naquele treino. Percorri os mesmos lugares que passei por diversas vezes em mais uma tentativa de retorno. Até os momentos de prazer eram esperados durante a corrida, e eles chegaram. O que eu não esperava era a chegada de uma pergunta em minha mente: "Como a Corrida Dilui os Problemas?", muito menos uma resposta, concomitante:
 http://www.birananet.com/2013/10/como-corrida-dilui-os-problemas.html

Corredor do Brasil e Amigo Leitor;

Muito obrigado por passar por  aqui! Quero que você esbanje Saúde em 2014: Saúde física, mental, emocional, espiritual, financeira e social!... Que a sua Saúde contagie as pessoas à sua volta e isso se espalhe pelo mundo!... Eu também estarei em nossa casa para absorver e refletir essa energia!




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Abraços!
Bira.

sábado, 21 de dezembro de 2013

Um Longão em Cada Estado 2014!

Amigos!



Em 2014, darei continuidade à Série "Um Longão em Cada Estado". Visitarei o maior número de cidades possível, onde correrei com novos amigos. Contarei aqui as histórias de corredores e descreverei os aspectos locais.

Devido às lesões, em 2013 visitei apenas Goiânia. Se eu quiser percorrer todos os 26 estados (mais o Distrito Federal) ainda em vida, vou ter de dar uma acelerada nisso.

Se você e seu grupo de corrida, em qualquer cidade do Brasil, desejarem organizar um treinão com BiraNaNet, escreva para: contato@birananet.com.

Clique no link a seguir e veja o que já foi feito - Um Longão em Cada Estado:

http://www.birananet.com/search/label/1%20Long%C3%A3o%20em%20cada%20Estado

Abraços!
Bira.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

O Ano da Limonada

Amigos!



No ano da limonada além da perda de um amigo, foi preciso superar lesões. Tive que aprender a escrever sobre Corrida mesmo estando distante ou parado, mesmo treinando sozinho no retorno de lesão. Tive que descobrir as belezas de qualquer lugar e tentar traduzi-las aqui, como se fossem lições de vida.

Na falta de assunto, diversifiquei o blog com contos ou crônicas. Viajei em busca de fatos, como a cobertura de uma pequena corrida em uma pequena cidade do interior de Minas - sem ter a real noção do tamanho daquele gesto que rendeu três postagens. Viajei para Goiânia, onde corri com novos amigos e decidi que vou fazer o mesmo em todo Brasil.

2013 me deu alguns limões e eu preparei esse refresco de 50 postagens... Prove! Ele está doce, gelado e foi feito para você!...

Nessa Retrospectiva 2013 eu juntei pedaços de postagens e montei os textos a seguir:

TREINANDO COM OS AMIGOS 


Quando 50 corredores se reuniram para correr os 18 km da Serra do Mendanha. A maioria nem sabia o que teria pela frente: Uma estrada sinuosa de terra batida com inclinação suportável no início, mas que na altura do km 6 se erguia feito muro. Nesse dia, o saudoso Adriano deu o click e ficou de fora da foto de seu treino derradeiro. Nosso amigo partiu dias depois, então eu pude entender a razão daquele fato: Todos na foto sorriram para ele. O seu click registrava uma sorridente despedida... 
A única forma de se despedir sorrindo de quem se ama é não ter consciência do fato.



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Quero enviar para Adriano o meu sorriso de braços abertos e erguidos - 
como se vê na foto.
Embelezar seu novo caminho com as cores da foto
E revelar a história viva que jaz atrás do brilho de cada olhar.
Agora é Adriano que jaz-vivo em nossa história,
É ele que sem palavras ou gestos se apresentará -
Um ser intangível como o amor que nunca jaz.

A simples presença ou mera lembrança de um amigo nos diverte. Brilham os olhos e o coração dá saltos de alegria e prazer. Quando um amigo se ausenta, nosso corpo se aquieta e a mente flui, além do tempo, resgatando os momentos simples, mas incrivelmente belos. O passado revivido com os amigos é belíssimo porque é rico em detalhes. Quando não somos capazes de reconstruir o panorama geral de um lugar em que estivemos com eles, nossa mente nos compensa revelando detalhes que sequer pensávamos ter percebido. O detalhe de um gesto, de uma expressão, uma frase ou olhar. Os detalhes em forma de cheiros, melodias, cores e abraços. Sentimos saudade das suas piadas e de seus argumentos que, antes, estávamos cansados de ouvir, porque agora "ouvimos" os detalhes!

TREINOS SOLITÁRIOS

Trechos de: "Eu Faço Meu Tempo" "Um Longão em Cada Estado" "Como a Corrida Dilui Problemas?"

Manhãs comuns têm gente chegando apressada na estação do metrô, tem apito de guarda no cruzamento, avisando que o sinal mudou de cor, e têm sombras compridas bailando no chão. Volta e meia pode até passar um corredor como eu - eles não são muito frequentes no subúrbio, mas passam... Aumentei meu ritmo depois de cruzar a esquina. Na farmácia, uma moça que cheirava sabonetes interrompeu o gesto quando percebeu meu vulto do lado de fora. Apareci e sumi em frações de segundo, deixando uma imagem difusa a ser preenchida com a imaginação. E a moça imaginou que eu tivesse uns 25 anos, mas não estava de todo errada: Era assim que eu me sentia àquela altura.


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Nas entranhas da cidade onde as cores não cintilam, 
Um corredor suburbano se espalha, feito onda,
para muito além do asfalto onde pisa.
Olhos atentos para se desviar de qualquer obstáculo,
Mente vaga, embebida de otimismo e gratidão 
e uma vontade de eternizar aquele momento!... 


Neste estado de alerta cruzei a esquina e deparei com o Otimismo. Ele não tinha forma nem educação. Adentrou invisível pelas minhas narinas, invadiu o meu peito e, pela milésima vez, converteu minh'alma. Era mais um daqueles momentos em que todos problemas se tornam solúveis... Tentei me portar friamente e analisar o fato, pensando comigo mesmo:

- Como pode a corrida diluir os problemas mais difíceis?...



CONTOS E CRÔNICAS

Trechos de: "Onde Estão as Flores?" "Quatro Mulheres Curtas" "A Fuga"

É preciso ter olhos de lince para encontrar flores nas vias principais de Irajá(...) Desisti das ruas principais e me enfurnei onde os ônibus não passam. Penetrei com olhares indecorosos nas entranhas das casas do subúrbio. Fertilizei a minha memória e retornei ao tempo do chão de terra, do quintal de mangueiras, cajazeiros, jaqueiras, goiabeiras e bananeiras. Espaço fértil onde bailavam peões e bolas-de-gudes, zunindo e triscando, para o espanto da galinha que fugiu do cercado. Mas muito tempo passou e as famílias cresceram. As casas expandiram tomando todos os terrenos. O espaço acabou...
...Hoje as crianças só dispõem de 17 polegadas para brincar, na tela dos computadores... 
O que dizer então de quanto dispõem as flores?...





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Além do azul-encanto, havia mistério nos olhos daquela moça. Anos de choro escorrido pra dentro formaram oceanos em sua alma, onde habitavam sereias silenciosas: Seus olhos eram o portal de acesso ao lar das sereias que ameaçam cantar. Nos demorados banhos matinais, Ângela se assemelhava às sereias... Ah, se todas resolvessem cantar!...

Quando o pé direito de Jorge esmagou o acelerador contra o piso do carro, o motor do veículo urrou de dor. Em cada curva da estrada as rodas velozes gritavam de medo. O vento frio da noite se atirou sobre o automóvel, invadiu as janelas abertas e entupiu os ouvidos de Jorge. Mas ele nada sentia além da urgência de encontrar Margarida.


Imagens do Blog

Trabalhei com imagens, produzi ilustrações com recortes e movimento. Fotografei pequenas instalações, como o "DNA de Corredor" (camisetas de corrida e medalhas) e "Retalhos de Mim" (imagem digital), abaixo:


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Você que compartilhou, comentou ou simplesmente leu esse blog foi o açúcar dessa limonada.

Que 2014 continue nos dando muitas alegrias e a capacidade de superar momentos difíceis! Muito obrigado!

Abraços!
Bira.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Correndo no Paraíso de um Momento X

Amigos!

Gif animado com recorte de foto pessoal - Bira, 10-12-13.

Correndo no Paraíso de um Momento X


Só sabia que ali tinha ar porque estava respirando: nenhuma gota de vento e rajadas de suor... Quarenta toneladas de sol faziam os poucos que passavam se afugentarem nas sombras. Apenas os ponteiros dos relógios trotavam como eu, eles nos arredores das onze da manhã e eu nas proximidades de Costa Barros. Fazia muito calor nos intestinos da cidade - desculpe falar assim, não me leve a mal - mas eu estava correndo nas fronteiras da cidade, a cerca 40 km de Copacabana, onde os carros e trens passavam rápido e um rio assoreado exalava chorume. Mais um pouco e chegaria à Baixada Fluminense. Antes, precisava encontrar um posto de gasolina com Gatorade e água gelada para beber, me banhar, abastecer, sobreviver e continuar.

Ao meu lado surgiu o muro alto e cinzento da estrada de ferro. Ele não produzia sombra, mas regurgitava sobre mim todo calor que bebeu, além disso, cobria grande parte da paisagem. Só soube que o trem passou, do outro lado,  pelo seu barulho e vibração. Imagino que ele estivesse vazio e fosse passar em Nilópolis. Sorri e falei para ninguém ouvir: "Me espera lá que eu tô chegando!". Logo, surgiu um longo barranco com cerca de 20 metros de altura, na outra margem da estrada, e me fez lembrar as falésias das Praias de Pipa...

Foi há apenas três dias. Naquele mesmo horário e com aquele mesmo sol eu corri em Pipa descalço, vestindo apenas short e protetor solar. Nas areias paradisíacas, fui levado pelo silvo dos ventos. Quilômetros e horas passaram despercebidos enquanto meu olhar curioso empurrava o cansaço para a próxima praia do litoral potiguar. Se o calor aumentasse eu dissipava num mergulho. Eu não queria parar...

Logo voltei para o Rio e não quis correr nos seus belos lugares. Escolhi percorrer um roteiro desvalido em um dia escaldante. Com a memória ainda bem recente, eu quis comparar as sensações de correr em ambientes tão opostos e tirar disso uma lição. Independente das condições desfavoráveis eu sabia que chegaria o Momento X daquele treino e ele surgiu ali mesmo, em Costa Barros, enquanto eu filmava minha corrida. Ficou gravado; com as seguintes palavras tentei descrever o que ocorria:

- Eu estou num momento de extrema felicidade que "você" não consegue explicar...  Vai ter gente dizendo que é a beta-endorfina... eu sei lá!... Eu só sei que é um momento de alegria, de prazer; independente da paisagem... A gente corre se sentindo feliz, se sentindo mais forte, se sentindo mais vivo!... Então não precisa nem explicar, né?... Simplesmente correr, saborear o momento que transforma a gente nesse ser corredor, nessa população que corre e que aumenta cada vez mais, graças a Deus!...

Agora que revejo a filmagem, percebo melhor que essa euforia não correspondia à ausência de beleza do local.  Posso entender que naqueles segundos me despi do ego. Abandonei a ilusão do meu separatismo com relação ao local e deixei de ser crítico. Por instantes, o calor deixou de ser escaldante já que ele irradiava de mim. Desvali-me juntamente com o bairro e amparei-me num espaço sem limites. Fluí além dali e para dentro do todo. Percebi que Costa Barros e as praias de Pipa fazem parte de um mesmo paraíso que está dentro de mim e de tudo, que está na eternidade do Momento X.

Abraços!
Bira.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Eu Faço o meu Tempo

(...) Aumentei meu ritmo depois de cruzar a esquina. Na farmácia, uma moça que cheirava sabonetes interrompeu o gesto quando percebeu meu vulto do lado de fora. Apareci e sumi em frações de segundo, deixando uma imagem difusa a ser preenchida com a imaginação(...) 



Eu Faço o meu Tempo!


Amigos!

Quando acordei de manhã, eu ainda tinha 54 anos e uma dor de garganta muito chatinha, que prometia se agravar durante o dia. Apliquei spray de própolis nas amídalas e decidi sair para correr. Quando calcei o tênis, a atitude fez minha idade cair de imediato para 48, a mesma do período que eu decidi voltar a correr.

Fora de casa deparei com um céu sem manchas e uma avenida engarrafada onde as pessoas não tinham escolha, a não ser me ver passar. Não dava para correr rente ao meio-fio e eu me equilibrei pela calçada irregular. Atrás dos óculos escuros escondi o orgulho de quem corre. Embriagada de suor, minha camiseta se agarrou ao corpo. Imitando o suor, minha idade também se esvaiu: decresci em minutos para uns 38 anos(!), ganhei mais disposição e segui em frente...

Manhãs comuns têm gente chegando apressada na estação do metrô, tem apito de guarda no cruzamento, avisando que o sinal mudou de cor, e têm sombras compridas bailando no chão. Volta e meia pode até passar um corredor como eu - eles não são muito frequentes no subúrbio, mas passam... Aumentei meu ritmo depois de cruzar a esquina. Na farmácia, uma moça que cheirava sabonetes interrompeu o gesto quando percebeu meu vulto do lado de fora. Apareci e sumi em frações de segundo, deixando uma imagem difusa a ser preenchida com a imaginação. E a moça imaginou que eu tivesse uns 25 anos, mas não estava de todo errada: Era assim que eu me sentia àquela altura.

Se a cada trecho eu ficava mais jovem não era o corpo que mudava. Eu possuía os mesmos parcos cabelos grisalhos e o mesmo rosto cada vez mais demarcado. A mudança era interna, instantânea e inexplicável. A mudança também era única porque dependia do contexto momentâneo: engarrafamento, apito do guarda, moça da farmácia, etc... Peças aleatórias que podem surgir enquanto se corre numa manhã comum. Não, não é contradição mostrar elementos externos para explicar "mudanças internas" ou "inexplicáveis". O fato é que não há limites para quem se movimenta.

Continuei meu trote pelo bairro até que subi uma passarela para cruzar a Avenida Brasil. Já do outro lado, vi alunos concentrados em frente ao portão de uma escola, esperando a sirene tocar. Dois deles se aproximaram para brincar de correr ao meu lado. Aceitei a proposta e, por cerca de 50 metros, brinquei de correr com a dupla que aparentava ter uns 14 anos, cada. Assumi essa mesma idade até a próxima esquina e me despedi dos garotos com tapinhas de mãos. Segui migrando no bairro e no meu próprio tempo até o treino acabar - se é que esses treinos acabam...

Fui trabalhar sem dar conta de que a garganta havia parado de doer. Perceber que eu faço meu tempo era bem mais importante que isso!

Abraços!
Bira.


segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Problemas não Sobem a Serra

(...) Tudo parecia perfeito: você e seu Amigo Problema se divertiam feito dois irmãos adolescentes numa tarde de domingo, mas as aparências enganam, não era bem isso (...)


Vento frio e sorrisos no alto da serra, em frente às Torres do Mendanha - foto de Erivaldo Zim.


Problemas não Sobem a Serra


Amigos!

Na sua casa tem uma sala de TV que, entre outras coisas, tem um grande e confortável sofá. Foi nele que o seu Amigo Problema acabou de se sentar. Atrevido, ele se espalhou na maciez, parecendo até o dono do pedaço. Com um clique no controle remoto, acendeu a colorida tela de plasma. Abriu uma cerveja gelada e lhe convidou para sentar ao lado. Sem nada perguntar, Amigo Problema lhe deu um copo suado, espumante e irrecusável da bebida. Escolheu assistir aquele filme que você tanto queria ver, mas que nunca encontrava tempo. Antes de "dar o play", Amigo Problema pediu que viesse uma pizza e ela surgiu coberta de muçarela fumegante, cortada à francesinha.

De fato, o filme era bom e divertido, mesclando comédia e suspense. Seus olhos arregalados refletiam o brilho da tela e só se fechavam na hora do riso. Tudo parecia perfeito: você e seu Amigo Problema se divertiam feito dois irmãos adolescentes numa tarde de domingo, mas as aparências enganam, não era bem isso...

Quem observasse os detalhes da cena ficaria surpreso e chocado: Enquanto você se afrouxava em sorrisos com os olhos na tela, seu Amigo Problema também sorria, mas não era do filme: Ele estava rindo de você!... Envolvido pelas sensações de conforto e prazer, você nem percebia. A maciez do sofá, o cheiro da pizza, o sabor da cerveja, o colorido da tela e os som das caixas acústicas de sua sala de TV... Não bastasse tudo isso, ainda tinha um Amigo, comendo junto, bebendo e sorrindo!... Nem você, nem ninguém poderia imaginar que Problema se comprazia do seu sofrimento que retornaria depois do filme acabar.

Desculpe-me por desiludi-lo, mas seu Amigo Problema é um falso amigo que adora sofá. Ele está sempre ali e, nos dias de hoje, é praticamente impossível evitá-lo.

Falando assim, lembrei daquela velha piada do marido que foi traído no sofá: Para resolver o problema, não se separou da esposa, simplesmente vendeu o móvel... O exemplo veio a calhar, portanto não faça igual. Melhor usar estratégia e fazer aquilo que o Amigo Problema detesta, e ele desaparecerá.

Esta historinha de "sofá e Amigo Problema" surgiu na mente enquanto eu subia correndo a Serra do Mendanha. Éramos dezesseis corredores, na manhã deste sábado, trilhando uma estrada deserta de terra batida. Nove quilômetros de um caminho que serpenteia na mata, subindo em direção às imensas antenas plantadas a 900 metros do nível do mar: Ali não havia problemas, apenas amigos!

Fotos colhidas no treino Subida às Torres do Mendanha.


O Amigo Problema, no entanto, adora sofá. Está obeso e não consegue sequer fazer uma caminhada, que dirá subir a serra!... Perceba: Seu Amigo Problema tem dor nas costas e dificuldade para amarrar os sapatos. Sedento e sedentário, não gosta de berber sozinho. Tal qual um vampiro, esse falso amigo se alimenta da emoção alheia. Seca as almas de suas vítimas como parasitos secam as árvores, para depois apodrecerem abraçados e inebriados na ilusão de uma Matrix. Uma dica importante: Não tente se livrar do seu Amigo Problema, isto não é possível. Mas calma, não se desespere! Simplesmente caminhe, se não der para correr, caminhe!... Problema vai detestar e largar do seu pé: Sendo assim, é o seu Amigo Problema que vai fugir de você!

Na subida da serra cada um de nós, corredores, tinha seu próprio Amigo Problema (como não ter?) no entanto não parávamos de sorrir: Problemas não sobem a serra e ficaram prostrados bem longe de nós!

Abraços!
Bira.



segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Como a Corrida Dilui os Problemas?

(...) Enquanto eu corria, o céu azul estava ali. Ele abrigava passarinhos graciosos, pipas coloridas, urubus de voo sereno, nuvens robustas e um avião que vai para New York (...)

Montagem com recorte de foto pessoal e a imagem difusa do Shopping Via Brasil (Google Maps)...

Como a Corrida Dilui os Problemas?

Amigos!

Bastou que eu voltasse a correr para o mundo se mexer à minha volta. Pessoas, carro, árvore, casa, chão... O chacoalhar do movimento mistura tudo no olhar. Enquanto se corre, não dá para detalhar as imagens. Os sentidos se voltam à preservação da integridade física: A visão percebe o chão que está próximo ou a cinco, dez, vinte metros à frente. Ela atenta aos carros que surgem na esquina, à pipa voada que arrasta uma criminosa linha com cerol... A audição de um corredor, nas bordas do trânsito, está alerta ao barulho de um caminhão que se aproxima fora do campo da visão. O tato dos pés, mesmo protegidos, percebe o piso num trecho irregular, garantindo equilíbrio.

Neste estado de alerta cruzei a esquina e deparei com o Otimismo. Ele não tinha forma nem educação. Adentrou invisível pelas minhas narinas, invadiu o meu peito e, pela milésima vez, converteu minh'alma. Era mais um daqueles momentos em que todos problemas se tornam solúveis... Tentei me portar friamente e analisar o fato, pensando comigo mesmo:

- Como pode a corrida diluir os problemas mais difíceis?...

Foi quando um caminhão betoneira, mexendo concreto, quase parou ao meu lado. Na retenção do trânsito, em frente ao Shopping Via Brasil, eu sorri - achando que o fato era uma resposta velada à pergunta que eu acabara de fazer a mim mesmo:

- A corrida dilui problemas feito betoneira misturando concreto. Enquanto se corre, o olhar confunde os objetos (pessoas, carro, árvore, casa, chão e etc.) nas ilusões de ótica; o otimismo invade a quem o percebe sem entender como isso acontece... É que tudo perde a identidade individual. Tudo se mescla e integra um só elemento. É nessa hora, aparentemente confusa, que a mente descobre as soluções mais simples para os problemas da vida. É quando os problemas e as soluções se apresentam ao mesmo tempo, e se neutralizam, no universo indistinto das imagens difusas. Enquanto se corre, o mundo é uma betoneira sem limites circundada pela ilusão azul do céu...

Enquanto eu corria, o céu azul estava ali. Ele abrigava passarinhos graciosos, pipas coloridas, urubus de voo sereno, nuvens robustas e um avião que vai para New York... Cada uma dessas coisas aparentando serem objetos distintos, mas não eram, pois eu estava em movimento, vendo tudo se mesclar no meu entorno - otimista e diluído num universo indescritível...

Voltei!

Abraços!
Bira.


sexta-feira, 18 de outubro de 2013

As Imagens do Blog em 2013

Amigos!

Recortes, montagens e colagens de imagens foi a forma que eu encontrei para ilustrar BiraNaNet, principalmente este ano. Obtive resultados que surpreenderam a mim mesmo. Selecionei alguns abaixo:
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DNA de Corredor - medalhas e camisas de corrida

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- da postagem Arte com Medalhas (junho), onde preparei instalações com medalhas e fotografei: http://www.birananet.com/2013/06/arte-com-medalhas.html

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Retalhos - Os recortes de fotos provocaram movimento de corrida

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- da postagem Colcha de Retalhos (julho), onde eu recortei três fotos em quatro partes cada, fiz a colagem e criei o gif animado. Achei que obteria um movimento circular, mas obtive movimento de corrida: grata surpresa!: http://www.birananet.com/2013/07/colcha-de-retalhos.html

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Cris Heberle - Montagem simples nas fotos enviadas pela própria

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- da postagem Mulheres que Correm Sorriem Mais (Parte II) (junho), não precisei usar de muito artifício além dos belos sorrisos das corredoras:
 http://www.birananet.com/2013/06/mulheres-que-correm-sorriem-mais-parte.html

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Saudade do Adriano - A foto do Adriano (recorte) foi clicada por ele próprio enquanto corria ao meu lado e deu um sorriso.

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- da postagem Arte com Amigos (junho), produzi gifs animados, homenageando três amigos corredores. Entre eles o saudoso Adriano, que partiu deixando um buraco no peito de seus companheiros: http://www.birananet.com/2013/06/arte-com-amigos.html

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Crianças de Goiabal - Colagem simples de imagens filmadas sobre fotos.

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- da postagem Desafios de Setembro (agosto):
http://www.birananet.com/2013/08/os-desafios-setembro.html

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Quatro Mulheres - Montagem com imagens colhidas na internet

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- da postagem Quatro Mulheres Curtas (janeiro), com quatro crônicas sobre mulheres. As imagens são relacionadas aos textos. Pinceladas de Van Gogh fazem a vez de cabelos da mulher :
http://www.birananet.com/2013/01/quatro-mulheres-curtas.html

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Sonho de Corredor - Montagem com imagens da largada da São Silvestre

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- da postagem Sonho de Corredor (outubro), recorte de foto sobre filmagem da largada em gif :
http://www.birananet.com/2013/09/sonho-de-corredor.html

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 Filme: Entrevistando os últimos colocados durante a Corrida de São Sebastião

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- da postagem Nossos Maravilhosos Últimos Colocados (janeiro), agora uma filmagem na corrida de São Sebastião que tem um final comovente, na chegada dos últimos corredores :
NOSSOS MARAVILHOSOS ÚLTIMOS COLOCADOS


As imagens são vitrines, são complementos de texto, são compilações, são resumo ou são a peça principal de uma postagem. "Valem mais do que mil palavras", disse Confúcio, 470 a.C, quando era impossível imaginar a invenção do Smartphone.

BiraNaNet está repleto de imagens, confira!

Abraços!
Bira.

sábado, 5 de outubro de 2013

Unidos da Palestrante

Amigos!

A pouco eu estava dando uma geral no quarto quando encontrei esse texto que reli e dei boas risadas. Escrevi-o em 2009, para cumprir uma lição do curso de férias: "Como Falar em Público".

Produzir e ler um texto com assunto diverso era a lição do dia. Escolhi escrever sobre o próprio tema do curso. Criei uma personagem - a Palestrante - que cometeria todos os erros cujo curso aponta... Achei que ficaria engraçado... Creio que ficou!... Segue um pouquinho de humor:



Unidos da Palestrante

Até hoje não sei se o vermelho irradiado pelo rosto da palestrante foi causado pelo reflexo de seu vestido ou produto de uma exagerada exposição ao sol.  Exagerada no sol, no carmim do vestido, do batom, dos penduricalhos: pulseiras, colares e brincos... E que brincos!... A julgar pela cor, lembravam mini lantejoulas chinesas - acesas é claro!... A julgar pelo ruído, lembravam os sete sinos da felicidade. Não menos discretos, os colares balançavam inquietos, entre a pujança dos seios contidos e fartos... Estariam "fartos" os seios daquela mulher? Estariam fartos do aprisionamento que lhes fora imposto? Afogados no sutiã e sustentados pelo espartilho, clamavam por socorro. Era um grito surdo, sensual e agonizante, que escapava do decote. Era um grito que se ouvia com os olhos... Esses meus olhos!...

Não sei se ela levantou o braço para ajeitar os cabelos ou para exibir a frase "Deus é Fiel" ali impressa. Acho que era isso que estava escrito ali - não deu para ler direito, me desculpem... Deve ter sido os movimentos do braço que não me deixaram ler, ou seria o barulho das pulseiras?...

Nego-me a descrever aquelas pulseiras. Apenas sugiro às escolas de samba que adotem esse instrumento. Ou melhor, adotem essa palestrante. Façam isso pelos seus próprios bem. Acabem com a concorrência antes que ela se estabeleça. Antes que ela migre do auditório para a passarela e se denomine: Grêmio Recreativo Escola de Samba Unidos da Palestrante.

*     *     *

Escrita na hora, essa primeira parte da redação ficou curtinha. A segunda não tinha graça porque descrevia uma palestrante de comportamento correto - pessoas corretas não fazem rir... A leitura feita por um colega com voz de locutor divertiu a turma. A professora pediu cópia e sem querer me ofendeu, achando que eu teria copiado o texto de alguém e assinado, mas não deixou de pedir uma cópia que deve estar sendo usada até hoje para ilustrar seus cursos...

Quando encontrei esse texto me lembrei de um amigo que havia esquecido uma nota de cem, dentro do paletó, "achando" o dinheiro seis meses depois, quando menos esperava.

Abraços!
Bira.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

O Que Rolou em Setembro

Amigos!



Rolou uma promoção, rolou um passeio no parque e rolou um Desafio que fez rolar ansiedade... Assim foi setembro em BiraNaNet:

Ainda Rola o Sorteio

Pela primeira vez (espero que  a primeira de muitas) fiz uma promoção com duas inscrições para a Meia Maratona de Natal, que vai até o dia 10/10/13.

Rolaram os Gatos do Parque

Aproveitei o horário de almoço e, depois de muitos anos, entrei no Campo de Santana achando que o lugar ainda estava repleto de gatos. Descobri que a quantidade de felinos diminuiu muito ali, mas era preciso tomar cuidado com os gatunos.

Rolaram Três Posts no Desafio do Mês

Para finalizar, fui cumprir um desafio que eu mesmo me impus: escrever três postagens a partir dos títulos "Onde Estão as Flores?", "Sonho de Corredor" e "Quantos Anos Você Tem?"...

Em "Onde Estão as Flores?" eu saí com iPhone para tirar fotos e filmar as flores do bairro em que moro, às vésperas da Primavera. Lembro que quando saí de casa e pisei na rua, naquele sábado, olhei o panorama e pensei:

- Isso não vai dar certo!... Olha a M. que eu arrumei... Eu sou mesmo um maluco!...

Depois me acalmei, fui percorrendo o bairro, encontrando flores e situações. Rebusquei a história de Irajá, entrevistei o florista da feira e até criei o grupo "É Primavera" no Facebook e no final pensei de novo:

- E não é que deu certo!... Ainda bem que eu arrumo M.... Ainda bem que sou um maluco!...


Em "Sonho de Corredor" eu mantive contato com Elton Wander, corredor de Ibiporã - interior paranaense - e sua treinadora Adriana de Souza - vice-campeã da São Silvestre 2002. Por telefone, Facebook e e-mail, consegui colher os detalhes que colocaram esta postagem na quarta posição entre as mais acessadas de todo o blog.

"Quantos Anos Você Tem?" foi a mais difícil porque eu não conseguia executar as primeiras ideias que tive e quando vi, o mês já estava perto do fim e eu fiquei preocupado. Quando o Facebook me avisou do aniversário de dois grandes amigos, recorri aos seus argumentos para fazer a postagem e cumprir o desafio.

Link para Postagens de Setembro: http://www.birananet.com/2013_09_01_archive.html

O Que Fazer em Outubro?

Em outubro quem rola é o rolo de pintura: vou pintar as paredes da minha casa nos finais de semana. Mesmo assim, pretendo passar na Ultramaratona Rio24h Fuzileiros Navais, dias 5 e 6 de outubro, no Centro de Educação Física Almirante Adalberto Nunes (CEFAN), onde alguns amigos estarão competindo. Então não tem desafio... Vai ser mesmo o que pintar na ideia ou na parede!... Vamos ver!

Abraços!
Bira.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Quantos Anos Você Tem?

Amigos!

DESAFIOS DE SETEMBRO: PARTE III - QUANTOS ANOS VOCÊ TEM?

Na 3ª e última parte do desafio, recorri a dois grandes amigos aniversariantes. Ocultei seus nomes atrás dos números que correspondem às suas idades, expus suas ideias e escapei do labirinto...

Montagem com imagens de internet recortadas, editadas e sobrepostas com Gimp - Bira.


Os aniversários de meus amigos vieram a calhar!...

Eu precisava fazer esta postagem até o fim do mês. Escrever a partir do título: "Quantos Anos Você Tem?", mas não conseguia imprimir qualquer ideia. Os dias estavam passando e o mês preste a acabar, fluindo como grãos de areia na ampulheta ou filete d'água na bica... Só não fluía o texto e desse jeito eu perderia o prazo!

De repente, surgiu um insight!... Percebi que eu me preocupava muito mais com tempo diminuto, do que em realizar a tarefa. "É isso - pensei - Estou pressionado feito alguém de idade avançada que tem medo da morte e por isso não vive!" Sem querer, entrei no labirinto de meu próprio cérebro. Fiquei Rodopiando perdido nos seus corredores sem encontrar a saída, ouvindo um eco incansável, constante e agonizante: "Quantos anos você tem?... "Quantos anos você tem?... "Quantos anos você tem?..."

Ainda bem que o Facebook me avisou do aniversários de dois grandes amigos... Eles iriam me salvar!... Entrei em contato com os dois. O primeiro fazia 66 e o segundo 58 anos e é assim que eles serão nomeados: "Amigo 66" e "Amigo 58" - aqueles que vão me tirar do labirinto!

Recorrendo ao Amigo 66

- Chega aqui, companheiro!... Me diz uma coisa: Como é chegar aos 66 anos? Você já pensou em quanto tempo que ainda tem pela frente?  Me fala um pouco das limitações e compensações dessa idade?... - desferi-lhe o bombardeio de perguntas.

Meu Amigo 66 tomou fôlego... E para falar de limitações, lembrou-se de seu saudoso pai, que aos 70 anos utilizava a expressão "decrepitude física" para descrever as dificuldades que tinha para se cuidar. A expressão adormecida na memória ressurgiu em insonora voz paterna quatro décadas depois.

Ao contrário do pai, meu Amigo 66 pode se cuidar e trabalhar perfeitamente. Está ciente de algumas limitações, mas valoriza as compensações da sua idade:

- Evito pensar em quanto tempo terei de vida... Adquiri sabedoria ao refletir sobre tudo que aconteceu comigo e ao meu redor... O tempo traz a velhice, a sabedoria vem da reflexão... Receber o carinho de pessoas que nem te conhecem é uma das compensações, por exemplo: quando alguém cede o lugar no metrô, eu percebo que ainda existe respeito pelos cabelos brancos.

Meu Amigo 66 desprezava as redes sociais, achando que ali só havia futilidade. Quando a Revolta do Vinagre (jun/13) tomou conta do Facebook não teve jeito: Ele voltou a respirar política, desta vez no ambiente virtual. Aos 66 anos, ele resgatou um militante que hibernava. Aos 66 anos, ele descobriu que muita gente fazendo política intensamente. Aos 66 anos, ele saiu do ambiente virtual e foi rever companheiros militantes de outrora, participou de reuniões e manifestações pelos direitos humanos. Aos 66 anos, meu amigo voltou a acreditar e para me responder à pergunta: "O que mudou em você?", fez a comparação:

- Quando eu era mais novo pensava que através da atuação política o mundo mudaria para melhor em um prazo mais rápido. Hoje, ainda penso que ele mudará, mas em um prazo muito mais longo... Mas adoraria queimar a língua!

Recorrendo ao Amigo 58

Meu Amigo 58 me respondeu por e-mail. Retalhei seu texto e remontei em três blocos, mas tive o cuidado de preservar seu pensamento, veja:

SubjetivIDADE:
"Idade é coisa subjetiva traduzida nos documentos e formulários...  Não penso em envelhecimento como perda ou limitação. Hoje, aos 58, faço coisas que não fazia aos 20 - para tudo há compensação... O melhor período de minha vida foi entre os 30 e 45 anos. Muitas transformações, quereres, fazeres e o ápice da fase mais criativa. Isso foi muito bom para a base que cultivo hoje...

IntensIDADE:
"Minha geração é diferente da atual... Fui criado dentro de critérios rígidos. O respeito aos mais velhos era forte e rigoroso, me fazendo pensar que eles estavam muito distantes de mim. Hoje, faço atividades com meus sobrinhos - o que antes distanciava, agora aproxima. O respeito se associou ao bem-querer e não ao impor. São sete sobrinhos-netos criados de forma bem diferente...

PersonalIDADE:
"Quando criança pensava que não passaria dos 30 - o que me parecia uma idade bastante avançada. Não queria ser grande para continuar usufruindo as vantagens de ser criança. Sempre tive um enorme senso de auto-sobrevivência..."

Ao fechar esse e-mail, percebi que já tinha uma postagem. O labirinto se desfez e eu estava pronto para outra, na fluência de meus 54 anos de vida!... E você?... 

Quantos anos você tem?

Abraços!
Bira.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Sonho de Corredor

(...) "Quando entrei na Avenida Paulista, em 2000, com as motos ao meu lado e vi o povo gritando, correndo junto nas calçadas, tudo parecia um sonho! Foi meu momento de maior emoção!" - Adriana de Souza. (...)

DESAFIOS DE SETEMBRO: PARTE II - sonho de corredor

Ufa!... Eis a 2ª parte do meu desafio, trazendo um pouco da história de Elton e sua grande treinadora...
Elton sonha correr sua 1ª São Silvestre este ano. Eu sonhei com ele no pódio e fiz esta montagem...

domingo, 8 de setembro de 2013

Onde Estão as Flores?

(...) Dobrei uma esquina e (Aleluia!) fui surpreendido por  buganvílias coloridas que se atiravam sobre um muro em direção à calçada. Parei para filmar a beleza para depois seguir mais animado (...)

Girassóis, aprisionados no chão de asfalto e concreto, surpreendem quem passa na Rua Licínio Barcelos.

Onde Estão as Flores?


Amigos!

Promessa é dívida e, às vésperas da Primavera, saí para cumprir o Desafio de encontrar flores no meu bairro...

Desafios de Setembro: Parte I - Onde Estão As Flores?

"Se o sol estava forte, fazendo as cores saltarem como peixe em corredeira, deveria haver flores nos canteiros e jardins de Irajá." - era esse o pensamento que me movia:

-- Pois então, que surjam flores inusitadas! Vítimas de mim - um caçador que dispara clicks pelo Smartphone, que tem como zoom apenas a extensão de seu braço!

Eu era um pretensioso caçador de matizes a dobrar esquinas com olhar apurado, mas vi, de cara, que a tarefa não seria fácil - as flores não costumam brotar em chão de concreto:

Às margens do Metrô há terreno de sobra para cultivo de flores, 
Mas o que se vê é lixo descartado pelos próprios moradores... 

...Volta e meia alguém despeja pneus e outro alguém ateia fogo. É quando a fumaça preta se espalha, penetrando nas casas e nos pulmões, impregnando as roupas estendidas no varal.


Flores tímidas de um espinheiro ou da planta resistente à fuligem da beira da estrada - Bira, 2013.

É preciso ter olhos de lince para encontrar flores nas vias principais de Irajá. Percebê-las na singeleza de um canteiro carente, feito apenas para impedir o estacionamento de carros na calçada. Canteiros para onde os automóveis atiram garrafas pet e lama, e o vento, sacos plásticos e jornais amarelados:

Como sofrem as florzinhas empoeiradas,
De vida breve e existência ignorada!

Desisti das ruas principais e me enfurnei onde os ônibus não passam. Penetrei com olhares indecorosos nas entranhas das casas do subúrbio. Fertilizei a minha memória e retornei ao tempo do chão de terra, do quintal de mangueiras, cajazeiros, jaqueiras, goiabeiras e bananeiras. Espaço fértil onde bailavam peões e bolas-de-gudes, zunindo e triscando, para o espanto da galinha que fugiu do cercado. Mas muito tempo passou e as famílias cresceram. As casas expandiram tomando todos os terrenos. O espaço acabou:

Hoje as crianças só dispõem de 17 polegadas para brincar, na tela dos computadores...
O que dizer então de quanto dispõem as flores?...


Buganvílias atiram suas flores nas calçadas de uma casa na Rua Coronel Leitão - Bira, 2013.

Dobrei uma esquina e (Aleluia!) fui surpreendido por  buganvílias coloridas que se atiravam sobre um muro em direção à calçada. Parei para filmar a beleza para depois seguir mais animado. Na Rua Licínio Barcelos havia dois girassóis sorrindo para quem passasse. Captei suas imagens e continuei cruzando grande parte do bairro sem maiores surpresas. Tive a ideia de tirar fotos da Igreja de Irajá ornamentada para um casamento, mas sua porta secular insiste em permanecer fechada: Desisti:

Se não vou na igreja não irei, ao lado, no cemitério,
Os dois locais de ofertórios das flores por casamento, morte ou batistério...

Continuei pelas ruas onde é parca a cultura de flores. Cruzei com pessoas que têm parca cultura de flores ou sequer tiveram escolha entre ornar suas casas ou seus estômagos. Atravessei a Avenida Brasil e perambulei em vão pelo antigo conjunto de casas, que finda em um matagal com acesso à Rodovia Presidente Dutra. Ali, flores azuis tentavam emprestar beleza e cheiro ao local, mas a visão e os olfatos humanos só percebiam o negrume e mau-cheiro de um rio poluído:

...Aprisionaram ou protegeram as flores atrás da cerca na estrada?
Do outro lado os porcalhões expelem mijo e palavras escarradas...


A estátua de São Cristóvão próxima ao Trevo das Margaridas, Avenida Pres. Dutra, ornamentada por flores - Bira, 2013.

São Cristóvão está em Irajá, sustentando o menino Jesus em seus ombros de bronze. Ornado por palmas coloridas no início da Dutra, limite atual do bairro que já foi a Sesmaria Ira-ia-já (o mel que brota) nome dado pelos índios. Há 400 anos, as terras de Ira-ia-já se estendiam de Benfica a Campo Grande. Foi daí que o subúrbio carioca floresceu. Agora o bairro tem 100 mil habitantes e segue ilhado entre seus próprios fragmentos: Vista Alegre, Coelho Neto, Vaz Lobo e outros mais:

...Deparei, há quatro séculos, com mel e flor que brota em Irajá,
Mas foi Gilberto Gil que propôs na sedução de um Reggae:
"Vamos Fugir" pra lá? 




Mesmo que você não as veja, as flores estão sempre ali. Na sua lapela ou nos seus cabelos; em sua casa ou no seu bairro elas têm lugar. Essas flores invisíveis aguardam pacientes, um desabrochar que ocorrerá primeiro em sua mente, depois em seu entorno. Pois um coração florescido se espalha feito Ira-ia-já, que deu à luz tantos bairros cariocas:

... Aproveita que é Primavera e desvenda a flor que te espera!

Abraços!
Bira.