sexta-feira, 11 de abril de 2014

Além do Blog IV - Poesia Cibernética!

Amigos!
Nesta série "Além do Blog" eu dou novas versões às postagens já feitas. Hoje reapresento uma poesia diferente, com interatividade e movimento. Uma reflexão sobre tudo aquilo que você vê, interpreta e escolhe... Confira!

A gente não escolhe o que vê, e sim: vê o que escolhe.

Na década de 80 eu gostava de política e de jogar baralho na praça. Às vezes escrevia algo que por falta de blog guardava na gaveta. Eu era Brizolista como o Zeca, que estacionava o seu carro na calçada da praça ao lado das mesas de jogatina - era como se seu velho fusca fosse um cachorro de estimação - um vira-latas de aço bege e suspensão rebaixada, repleto de adesivos do PDT, que não enguiçava nunca. Zeca tinha quarenta e poucos anos, mas parecia ter mais. Seus cabelos e barbas mal aparados emolduravam o sorriso que seu bigode escondia. Possuía uma perna mais curta que a outra, mas só fumava Hollywood ou Minister. Era o melhor jogador de tranca da praça, segundo suas próprias palavras. Era o maior falador da praça, segundo as palavras alheias.

Eram anos 80 quando soubemos que:

- O Zeca morreu!

- Como Pode?

- Foi tiro!

- E os detalhes?

- Ninguém sabe, foi na semana passada...

Comovido, sem sequer ir ao enterro, eu escrevi "Adeus Zeca" e depois sepultei o poema na gaveta do armário. Somente há dois anos eu exumei o poema. Aqui no blog, ele ganhou interatividade e roupagem cinética. O texto simples se valoriza quando permite a manipulação e auto-transformação perante o observador.

Quase trinta anos depois, "Adeus Zeca" me apresenta novas possibilidades e me faz pensar sobre as possibilidades de tudo aquilo que se vê...

Veja as três versões:

1- Adeus Zeca (1985)

ADEUS ZECA

Na tarde molhada.
A cova engole fria um corpo -
Apaga do cotidiano um homem.

Na face molhada,
Os olhos fitam rubros a cena -
Apagam da mente a esperança.

Se a cova apaga um frio cotidiano,
a esperança mente.

Se a tarde engole os olhos rubros,
um homem acena:
-Adeus!


2- Adeus Zeca (Versão Interativa 2012)
Clique na caixinha e escolha a palavra, sem repeti-la na mesma estrofe... Você pode criar várias versões para a poesia...


Na  molhada

  um    .

que  do  um   .


Na  molhada

a     a pálida .

que   da   a esperança.


Se a     um frio cotidiano

a    .


Se a     a   .
um homem acena:
Adeus!


3- Adeus Zeca (Versão Cinética 2012)
Agora são as palavras que mudam por conta própria, a cada estrofe mais rápido, até quase se fundirem, ou seja, as múltiplas versões se apresentam concomitantemente. Como em tudo na vida, você escolhe o que vê, fotografando o instante que lhe agrada.
___________ 
Um teste interessante seria colocar na tela as imagens da última estrofe (muito rápidas) e tocar na tecla "PrtScn/SysRq" que fotografa a tela, depois colar (ctrl + V) a imagem no Paint, para conferir a versão fotografada naquele momento.










Abraços!
Bira.

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