(...) O subúrbio é como a mãe que todos amam e deixam, quando possível. Os filhos do subúrbio estão nas filas de apostas que não cabem dentro das lotéricas e invadem as calçadas (...)
Amigos!
Mais um dia nasceu no subúrbio!
Montagem feita com recorte de imagens da internet - Bira, 27-05-2014. |
Mergulhar no Subúrbio
Mais um dia nasceu no subúrbio!
Quando o céu clareou, todas as velas de um despacho já estavam apagadas. Mas era cedo demais para o gari passar recolhendo a sujeira. Como os vampiros que fogem da luz natural, a névoa
fria mergulhou no mato. Ela refugiou-se na
sombra rasteira do capim. Sobreviveu ali, nas formas de gotas, por algumas poucas horas. Depois morreu, transformando-se em vapor, e fluiu para o céu feito alma. Urubus empoleirados nas hastes dos postes de luz, aguardavam o melhor momento para disputar o tal despacho. Enquanto isso, eles abriam suas asas embebidas de orvalho, formando poses macabras.
Carros passavam apressados para fugir do rush. Seus motoristas abaixavam o quebra-sol e olhavam somente para a estrada. Às margens do asfalto o subúrbio não era visto mas estava ali, respirando o rastro de poeira dos carros. Esse subúrbio marginal tem casas com tijolos à mostra. Tem calçadas intransitáveis, canos furados, gambiarras, lava-jatos e gatos de luz. Tem barraca de cachorro-quente na esquina e um cachorro faminto implorando por um pedaço, com os olhos. Se o vira-lata magrelo ganhou apenas um chute, aqueles urubus já desceram do poste para devorar o tal despacho.
O dia passa no subúrbio que todos amam. Os anos passam no subúrbio que todos deixam. O subúrbio é como a mãe que todos amam e deixam, quando possível. Os filhos do subúrbio estão nas filas de apostas que não cabem dentro das lotéricas e invadem as calçadas. Segurando um volante com os números da sorte, eles aspiram seus sonhos no ar, juntamente com a poeira que mais um carro espalhou.
Tateei o subúrbio com os pés. Observei-o com os olhos da alma. Senti o aroma nem sempre agradável de suas ruas. Ouvi todos os seus decibéis. Provei a fruta madura que escapou sobre um muro... Fiz tudo isso correndo por todo o subúrbio. Se eu não posso fugir de ambos, optei por mergulhar dentro dele e de mim!
Abraços!
Bira.
Carros passavam apressados para fugir do rush. Seus motoristas abaixavam o quebra-sol e olhavam somente para a estrada. Às margens do asfalto o subúrbio não era visto mas estava ali, respirando o rastro de poeira dos carros. Esse subúrbio marginal tem casas com tijolos à mostra. Tem calçadas intransitáveis, canos furados, gambiarras, lava-jatos e gatos de luz. Tem barraca de cachorro-quente na esquina e um cachorro faminto implorando por um pedaço, com os olhos. Se o vira-lata magrelo ganhou apenas um chute, aqueles urubus já desceram do poste para devorar o tal despacho.
O dia passa no subúrbio que todos amam. Os anos passam no subúrbio que todos deixam. O subúrbio é como a mãe que todos amam e deixam, quando possível. Os filhos do subúrbio estão nas filas de apostas que não cabem dentro das lotéricas e invadem as calçadas. Segurando um volante com os números da sorte, eles aspiram seus sonhos no ar, juntamente com a poeira que mais um carro espalhou.
Tateei o subúrbio com os pés. Observei-o com os olhos da alma. Senti o aroma nem sempre agradável de suas ruas. Ouvi todos os seus decibéis. Provei a fruta madura que escapou sobre um muro... Fiz tudo isso correndo por todo o subúrbio. Se eu não posso fugir de ambos, optei por mergulhar dentro dele e de mim!
Abraços!
Bira.
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