Algumas imagens do treinão retiradas publicadas no Facebook |
Cordel Urbano do Treinão Rio da Prata
Erivaldo me chamou para correr em Rio da Prata.
Cento e vinte atletas num treinão de 11 milhas,
Subindo a montanha em tortuosa trilha,
Desvendando o caminho no meio da mata.
Erivaldo retirou do carro uma enorme caixa de isopor.
Arrumou mesa com sucos, tangerina e melancia.
Pôs torrada, geleia e bolo, até pra quem não queria,
Seus olhos animados nutriram a todos com carinho e amor.
Erivaldo avisou que era a hora da largada.
Primeiro, quinhentos metros de asfalto plano só para iludir.
Depois veio uma subida, seguida de outra, e outra, e...
Por dois quilômetros não deu pra correr, sequer rimar, só andar e resistir.
Erivaldo, não sei como, pelo caminho se esvaiu.
Tanta gente, melhor preparada que eu, acelerou e sumiu.
Contentei-me em trotar pela mata com olhar de turista,
Colhi das flores apenas suas cores - as molduras da pista.
O chão de asfalto virou cascalho que virou terra batida.
A subida de curvas virou trilha, que virou descida acidentada.
O que perdurou foi o encanto do cenário e o medo da topada
Medo de despencar no solo, como a folha morta ali estendida.
Dado momento,
Se não era a terra que exalava um cheiro de percevejo,
Era um percevejo que exalava um cheiro de terra.
Dado momento,
Se não era o sol que fazia brilhar o aprazível vale,
Era o aprazível vale que fazia brilhar o sol.
Dado momento,
Eu nem sabia mais se estava em um paraíso escondido do Rio de Janeiro,
Ou se o paraíso escondido do Rio da Prata se revelava dentro de mim.
Não saquei o iPhone para tirar, sequer, uma foto.
Preferi ouvir música e só correr quando o caminho ficava plano.
Percorri ali os mais surpreendentes quilômetros deste ano.
No retorno redobrei os cuidados, já que cruzamos com muitas motos.
De repente, nesse caminho de volta, revejo o Erivaldo Zim!
Com ele troco uma saudação, um sorriso e um tapinha.
Devolvo-lhe muito pouco: "Eu, e essa minha alma mesquinha!"
Mas vou me redimir com esse Cordel Urbano... Melhor agradecer assim!
-- Obrigado Erivaldo Zim!
Abraços!
Bira.