terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Terapia Para Corredores Lesionados

Terapia Para Corredores Lesionados


...A impaciência de esperar por uma cura que nunca chega e a promessa de por em prática um Plano B, nunca concretizada, pois tudo que se deseja é voltar a correr...

Amigos!

Deu cinco da tarde, de domingo, quando o sol que castigava o Rio se escondeu atrás de nuvens carregadas. A chuva de verão seria quase certa, a não ser que o vento furioso arrastasse o aguaceiro para o mar. Aparentemente, eu não tinha motivos para estar triste, mas estava... Então me aproximei da minha mulher que assistia um filme e falei: "Edna, a corrida está me fazendo muita falta!..."

O sininho do Messenger tocou anunciando mensagem no meu celular. Era minha amiga Katia Abreu, que há muito não vejo e voltou de Paris para o Rio, dizendo: "Bira, vi sua foto no Facebook... Você parece um monge!... Você está pintando ou escrevendo?" Não daria para responder com o teclado virtual do celular. Disse apenas que estava, há muito, lesionado e sem correr, depois marcamos um almoço.

Do basculante do banheiro eu percebi que o céu ficou ainda mais fechado, e me perguntei: "Há quanto tempo não corro na chuva?!..." Respondi a mim mesmo vestindo a roupa de corrida, como quem diz: "Dane-se a lesão!...Vai ser agora!"

Saí para correr esperando a chuva desabar sobre mim e a cidade, mas ao longo de 17 km o tempo se firmou. Percorri trajetos usuais, ida e volta, entre Irajá e Bonsucesso. A fascite plantar não quis me incomodar, mas estava ali nos pés, qual um fantasma. Eu fingia que a ignorava, retirando o suor da testa com o dedo indicador, feito de um limpador de para-brisas. Eu estava suando de novo!... para ficar perfeito, só faltava ter inspiração para escrever uma crônica do tipo Eu Faço o Meu Tempo, que me veio à mente enquanto eu corria. Mas a ideia que tive foi a de escrever sobre Terapia Para Corredores Lesionados, então vejamos:

Terapia Para Corredores Lesionados


Ninguém gosta de falar de lesão, mas isso pode acontecer com qualquer um. Pior ainda se o problema se estende por meses ou mais de um ano, como é o meu caso. Todos os benefícios obtidos com anos de corrida ficam ameaçados. A barriga, antes sequinha e invejada, fica saliente e desperta a atenção de uma amiga dentro do elevador, que diz: "Parou de correr?... Estou percebendo uma mudança no seu 'shape'..." O comentário me deixa meio sem graça e sem tempo de responder adequadamente até que o elevador chegue ao andar de destino. Só me resta emitir um sorriso labial e fazer um comentário sobre a previsão do tempo - muito mais próprio para quem está em um elevador.

Chato também, é o corredor ter que ficar repetindo que está lesionado toda hora aos amigos que perguntam como estão os treinos. Tem hora que ele não quer tocar nesse assunto. Tem hora que ele quer ignorar que está lesionado, simplesmente para não ressentir do fato. É quando ele entra nas redes sociais e vê todo mundo correndo. É quando ele recebe um monte de convites para um monte de treinos e corridas... Aí, se ele tiver num bom dia, dirá para si mesmo: "Tenha calma, tudo vai passar!..." Mas se o dia for ruim, a vitimização é certa: "Por que isso aconteceu logo comigo?!"

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À medida que o tempo vai passando e a lesão não se desfaz, o corredor pode perder a auto-estima, isolar-se dos amigos ou ficar deprimido. Por sorte, a maioria dos corredores têm vida regrada, então não acredito que possam recorrer ao excesso de álcool ou drogas ilegais - a não ser que tenham utilizado a corrida para livrar-se delas, anteriormente. Mas esses seriam casos extremos e pontuais...

Por experiência própria, eu constatei um aumento gradual de irritabilidade e perda de humor. A impaciência de esperar por uma cura que nunca chega e a promessa de por em prática um Plano B, nunca concretizada, pois tudo que se deseja é voltar a correr e não simplesmente substituir a corrida.

Foi pensando nisso tudo que eu liguei para um amigo, o psicólogo Dr. Horácio Holanda e expus o fato. Falei da quantidade cada vez maior de corredores de rua em nosso país e da necessidade, a meu ver, de se criar grupos de terapia para corredores lesionados. Coordenadas por profissionais como Holanda, o grupo corredores lesionados seria conduzido na partilhar de suas dificuldades e na busca do equilíbrio emocional, naqueles momentos difíceis.

Pelo que sei, não existem grupos de terapia com esse perfil, mas se houvesse eu não relutaria em participar. É muito mais fácil partilhar com pessoas que têm problemas semelhantes, até que tudo se resolva e a vida volte à normalidade, seja o problema que for.

Abraços!
Bira.


quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

A Embriaguez da Corrida

'Escrever sobre corrida neste blog, nesse momento, é como utilizar um celular cuja carga está acabando... Preciso, rápido, de um carregador!... Preciso de um gole de corrida!... Um gole não, preciso me embriagar de corrida!'


terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Vocabulário do Corredor: Você Consulta, Você Faz!



Vocabulário do Corredor: Você Consulta, Você Faz!


Amigos!

Vocabulário do Corredor é uma página do Facebook, ordenada de A a Z, onde o atleta pode consultar e acrescentar novos termos empregados na corrida de rua e atletismo, no geral. Para somar uma expressão de corrida é muito simples: Procure a imagem da sua letra inicial e faça um comentário, como no print de tela abaixo:


Criada em julho do ano passado, a página recebeu incontáveis visitas que aos poucos vão acrescentando novos termos. A ideia é fazer do Vocabulário do Corredor uma base de conhecimento e troca de informação... Aos poucos, vamos chegando lá!...

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Se você ainda não conhece o Vocabulário do Corredor, clique no link:

https://www.facebook.com/Vocabul%C3%A1rio-do-Corredor-de-Rua-536849436467690/?fref=ts

Abraços!
Bira.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

As Postagens Imperdíveis de 2015 - Retrospectiva.

Doze momentos marcantes nas postagens de BiraNaNet de 2015... Reveja ou confira, algumas postagens imperdíveis...

Trecho de "Estou Voltando?", mar/15 - para ler a postagem completa, clique na imagem.

Trecho de "Morro de Saudade da Corrida!" - mar/15 - para ler a postagem completa, clique na imagem.

Trecho de "Moraes Runners Somos Nós!" - jun/15 - para ler a postagem completa, clique na imagem. 


Trecho de "Correr, Tropeçar, Chorar e Sorrir..." - ago/15 - Para ler a portagem completa, clique na imagem.

Trecho de "O Começo e o Fim dos Grandes Treinões." - out/15 - Para ler a postagem completa, clique na imagem.

Trecho de "O Diário de Corrida de Zim." - nov/15 - Para ler a postagem completa, clique na imagem.


Trecho de "Vannucci, Filma Eu!!!" - nov/15 - Para ler a postagem completa, clique na imagem.


Trecho de "O Treinão Não Morreu, Muito Menos Eu!" - nov/15 - Para ler a postagem completa, clique na imagem.

Amigos,

Muita gente conheceu este blog somente este ano. Talvez você seja um desses, talvez já estivesse por aqui. 2015 foi um ano difícil para mim que permaneci lesionado. Este blog quase parou, porém, além de simplesmente resistir ele conseguiu crescer!...

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É isso que desejo para todos nós, no difícil ano de 2016 que se anuncia. Que a gente possa crescer, em todos os aspectos. Que a gente vença a crise e supere a si mesmo!

Muito obrigado por ter passado aqui em BiraNaNet!... Vem muito mais por aí!

Abraço!
Bira.

sábado, 12 de dezembro de 2015

A Rua é do Povo!... E do Corredor Também!

O direito de treinar nas ruas, sem ter a obrigação de pagar a qualquer intermediário, é básico e elementar. A rua é de todos!

Treinão de Confraternização do INCA, em Campo Grande, Rio de Janeiro (nov/15) - Foto Moraes Runners.

A Rua É do Povo!... E do Corredor Também!


Se você é um daqueles corredores que vivem reclamando do preço das inscrições de corrida, se liga!...

Se você tem orgulho de correr na pipoca, dizendo que "é um protesto, porque a rua é sua!", abra os olhos, a coisa pode ser muito pior!...

Fique sabendo que, para muitos, as ruas não lhe pertencem, sequer para treinar!

Fique sabendo que, para muitos, você não tem direito de juntar amigos e fazer um simples treinão!

Se você está pensando que é brincadeira, faça o seguinte teste:

1- Convoque seus amigos para um treinão, bem bacana, criando um evento no Facebook.

2- Se o evento for um sucesso e atrair uma massa, alguém dirá que é "falta de ética" fazer um treinão sem a prescrição de profissionais de educação física, conforme o Decreto nº 38.255.

Obs.: É lógico que se seu treinão tiver apenas meia dúzia de pessoas, ninguém vai se incomodar contigo... Mas se você começar a atrair muita gente, será visto como uma ameaça, por alguns.

Mas não se espante, a coisa pode ficar muito pior!... Se o seu evento tomar dimensão, você pode receber ligação de um presidente de uma federação de atletismo, querendo barrar seu treinão!... Não estou brincando, não! Isso aconteceu comigo e eu tenho provas que ficaram gravadas no meu Zap.

Quando promovi o TREINÃO DO BRASIL - um treinão simultâneo e informal em todo território nacional - um presidente de uma federação da Região Norte me "ordenou" que lhe informasse o meu e-mail para que ele me comunicasse oficialmente que eu estaria burlando o Código de Trânsito. Eu ainda troquei algumas mensagens com esta pessoa, argumentando que não estávamos fazendo nenhuma corrida, mas um treinão totalmente gratuito. Sua intenção era implícita, mas ao mesmo tempo clara: Ele queria que eu pagasse alguma taxa para que a sua federação autorizasse um simples treinão (!), imagina... Depois de repetir, em vão, que eu não tinha dinheiro, bloqueei a fera.

A Rua é do Povo!

O fato é que a internet fez o mundo mudar. As pessoas têm seus blogs, seus perfis nas redes sociais, onde postam seus próprios conteúdos. Elas saíram da passividade e se tornaram verdadeiras ameaças aos oligopólios da comunicação. Um exemplo disso é a queda da audiência das TVs e o fim dos jornais impressos.

No mundo da corrida não é diferente: aqueles treinos que reuniam meia dúzia de corredores, hoje pode atrair centenas. É um direito do corredor participar! Ele não tem a obrigação de pagar assessorias (nada contra as assessorias). Ele pode simplesmente fazer o que sempre fez e correr de graça na rua que é sua! Não adianta um ou outro profissional do esporte falar mal dos treinões. Não adianta dizerem que "somente um profissional pode prescrever treinões", pois isso corresponderia a lotear as ruas para os profissionais de educação física.

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É preciso dizer que um treinão gratuito não se deve se prender a códigos ou regulamentos de quaisquer entidade.

É preciso dizer que o corredor tem direito de correr na rua... Que a rua é de todos... Que ninguém se preocupava com os grupos de corridas informais quando eles eram pequenos... Que ninguém tem o direito exclusivo de intermediar o relacionamento dos corredores.

Bons profissionais não se preocupam, ou se sentem ameaçados, quando um simples corredor marca um treinão na rede. Bons corredores tem discernimento e autonomia para escolher para onde querem ir...

A internet chegou e todo mundo pode fazer postagens ou convocar um treino. Nada contra quem ganha dinheiro com o mundo da corrida, muito pelo contrário... Mas a rua é do povo!... E do corredor também!

Abraços!
Bira.

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

O Treinão Não Morreu, Muito Menos Eu!

Amigos!

Forcei a barra e participei de mais um grande treinão: Não deu para resistir!

Fazia tempos que eu não olhava para o céu, sábado à noite, para saber se o tempo seria bom no domingo. Fazia tempos que eu não deixava a roupa de corrida separada, para não perder a hora na manhã seguinte. Para ser mais exato, fazia mais de um ano até que esse momento chegou!

Acordei às cinco, tomei banho e café enquanto o céu clareava. Segui o ritual dos corredores mas eu não iria correr, só iria rever os amigos no Treinão de Confraternização de Erivaldo Zim. Nosso amigo que atravessa momentos difíceis, já descritos em outra postagem deste blog, recebeu cerca de 300 corredores em Campo Grande, Zona Oeste do Rio.



Sobre um gramado na Rua Azhauri Mascarenhas, a 50 metros da Avenida Brasil, foram montadas tendas com mesa de frutas e hidratação suficiente para o grande público. A conversa ficou animada diante de muitos reencontros. Os abraços e poses para fotos só cessaram momentos antes da largada, quando todos fizeram uma oração pelo restabelecimento de Zim, que trata um câncer. Foram recolhidas dezenas de latas de leite em pó para o INCA - Instituto Nacional do Câncer.

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Quando foi dada a largada a animação foi estupenda. Parecia uma pequena corrida, mas era um treino. Não lembro exatamente o momento em que fui tomado pela euforia e decidi correr. Embrenhei-me no meio daqueles que fariam o percurso de 17 km e, sem querer saber se conseguiria ou não, pensei: "Dane-se a minha lesão (fascite plantar)! Agora eu vou correr!" -- e gritei:

-- O Treinão não Acabou!!!

Sim, os grandes treinões não haviam acabado, como disse a amiga Sheila Zanesco ao passar do meu lado, ali mesmo, antes de adentrarmos na Estrada do Pedregoso. Dali para frente, nossos olhos se inundaram de verde. As áreas menos habitadas daquela estrada apresentavam um cenário de interior. Uma casinha mal pintada, uma plantação de quiabo e o relevo encapado pela mata.



Demorou pouco para o sol vencer a nebulosidade e participar do treinão. Tudo ficou mais quente, mas o Zim pensa em tudo e nos socorreu com pontos de hidratação. Ciclistas faziam o staff do treino checando se todos estavam bem. Plaquetas indicativas foram espalhadas no percurso, para que ninguém se perdesse nos caminhos adornados pela mata. Os pisos variavam entre asfalto, cascalho e terra batida. Só não variava a temperatura elevada.

Não me arrependi de ter arriscado cumprir o trajeto, depois de tantos meses parado. Muito pelo contrário: Salvei meu ano! Mesmo tendo que caminhar em alguns trechos de subida, completei todo o percurso e descobri que estou tão vivo quanto os grandes treinões.

Abraço!
Bira.


quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Treinão Já Tem Data em 2016!

Amigos!



Treinão do Brasil, o maior treinão de corrida de rua de todos os tempos, já data marcada para o próximo ano. Será no dia 22 da maio de 2016, domingo, às 7 h - horário de Brasilia, em todo país.

Para quem não conhece, Treinão do Brasil é uma corrida de rua nacional e simultânea, ou seja: todos os corredores dão largada no mesmo momento em qualquer lugar do país. O evento poderá ser organizado (no formato de treinão ou de corrida) por corredores, grupos de corrida, assessorias ou quem mais se interessar. A sua primeira edição ocorreu em 20 de setembro último, quando atingiu 48 cidades e totalizou 2.500 corredores.

A Força do Treinão na Expansão do Esporte

É muito comum, nas grandes cidades brasileiras, grupos de corredores se reunirem para treinar nos finais de semana. Foi daí que surgiu a ideia do treinão único, nacional e simultâneo. Adotou-se um tema: "Correr Pela Paz" e a cor branca das camisas. A ideia agradou e ganhou adeptos pelas redes sociais. O sucesso foi maior ainda em cidades de pequeno e médio porte, onde a corrida de rua carece de grandes eventos. Foi assim que, por exemplo, a cidade de Sertanópolis PR se mobilizou para realizar sua primeira corrida de rua, no formato do evento.

Um outro aspecto do Treinão ficou desconhecido pela maioria de seus participantes: Foi formado um grupo de WatsApp, composto pelos organizadores de cada cidade envolvida. Esse grupo heterogênico, com corredores dos mais diversos níveis, não se dispersou. Muitos já se conhecem pessoalmente e se encontraram nas corridas de rua nacionais, estreitando amizades. A ideia do Treinão se manteve entre eles, e o evento retornará com algumas mudanças.

Vai Ser Treino ou Corrida?

Depende. Uma das mudanças do Treinão do Brasil'16 é que cada organizador poderá optar por fazer um simples treinão informal (com qualquer número de participantes) ou uma Corrida Treinão do Brasil, com medalha, pódio, camiseta e etc. O motivo da mudança é levar a corrida às cidades que não tem competições, oferecendo-lhes um evento nacional. Caberá apenas ao organizador da corrida local, no entanto, conseguir apoio e se responsabilizar pelo evento deste nível. Neste caso, o Treinão do Brasil cederá sua marca para exploração, apenas local, por acordo.

Nos locais onde os organizadores optarem por treinões informais, o evento seguirá os mesmos moldes de 2015.

Paz com Todas as Cores!

Outra mudança do Treinão'16 é que poderemos usar camisas de qualquer cor, não apenas o branco. Para identificar o evento com seu tema (A Paz) os corredores podem portar um simples boné branco, prender os cabelos com um acessório de cor branca, usar um laço de fita branca na camisa ou enrolada no pulso. Desta forma, as equipes de corrida poderão utilizar seus próprios uniformes no evento e o corredor avulso, sua camisa predileta.

Fique Atento!

Na medida que chegarem novidades e adesões, o blog BiraNaNet fará novas postagens sobre o Treinão do Brasil'16.

Link para o evento no Facebook: https://www.facebook.com/events/1661846440713830/


Não esqueça de curtir o Blog BiraNaNet na barra lateral!

Abraço!
Bira.

domingo, 22 de novembro de 2015

As Estrelas do Ano!

Amigos!

Ico Pires, Vannucci Jr., Zim, Moraes e Lindalva foram as cinco personalidades retratadas aqui, em 2015.

Este ano eu não corri, sequer treinei e no primeiro trimestre este blog quase parou. Lesionado, dividi meu foco com outros assuntos, até o final de maio. Quando tudo parecia estar se perdendo, no entanto, tive uma ideia: Realizar o Treinão do Brasil. O evento foi simultâneo e agregou 50 cidades, além de fazer subir a audiência de BiraNaNet. Para atender à demanda, resolvi contar histórias de amigos corredores, uma vez que eu estava inativo. O resultado foi prá lá de bom!...

Moraes, Ico, Vannucci e Lindalva foram as estrelas deste blog em 2015. A postagem intitulada "Todas as Idades de Lindalva..." ganhou destaque no Blog Pulso de O Globo.

Se você não leu essas cinco histórias, aproveite o momento. Coloquei abaixo um breve trecho de cada postagem, basta clicar para ler o restante:

1 - Todas as Idades de Lindalva...

"(...) Lindalva aposentou-se em 2005, aos 60 anos, mas continuou fazendo faxinas. Teve problemas de pressão arterial e procurou um médico, aos 64. O médico recomendou que fizesse caminhadas. E foi aí que a sua vida começou, enfim, a mudar (...)"    (clique no texto)


2 - O Diário de Corrida de Zim.

"(...) A 500 metros da chegada já dava para ver minha torcida organizada: Tina, Aninha e Cláudio, todos batendo palmas para mim. Eu comecei a me sufocar com alguma coisa que era a vontade de chorar, 'Não!... Eu não vou chorar!'... Queria falar para Tina que minhas pernas estavam doendo, mas minha voz não saía... (...)"  (clique no texto)




3 - Vannucci, Filma Eu!!!

"(...) Em 2008, Vannucci já residia em Uberaba e atravessava um longo período de lesão nos meniscos. Impossibilitado de correr, teve a ideia de filmar uma corrida da garupa de uma moto. O vídeo não ficou muito interessante, mas foi o pontapé para o surgimento de seu blog, Corrida Rústica, em 2010.Neste intervalo voltou a correr e aprendeu a editar seus vídeos. Como marca, adotou a boina preta que chamava atenção dos corredores que eram filmados (...)"  (clique no texto)

4 - Moraes Runners Somos Nós!

"(...) Carioca de Padre Miguel, Moraes entrou para Escola de Aprendizes da Marinha, em Santa Catarina, aos 18 anos. Ali deu sequência à prática de esporte, iniciado na infância, nas competições de corrida entre colégios da Zona Oeste. Bom de bola, logo entrou para a seleção de futebol do quartel. Manteve-se invicto por um ano e quatro meses - todo período que atuou como cabeça de área da seleção. Já formado marujo, voltou para o Rio, onde foi indicado para servir no navio G 26 (...) (clique no texto)

5 - Quando a Corrida Te Fisgou?

"(...) Três mil corredores se concentravam em frente a Estátua do Bellini, no Maracanã. Seria dada a largada da Corrida das Torcidas. O percurso de 7,5 km, no entorno estádio, não assustava maioria dos atletas. O estreante Ico Pires, no entanto, fugia a essa regra e deu a largada pensando:-- Vou completar essa corrida de qualquer jeito... Seja na ambulância ou carregado!(...)"  (clique no texto)






Espero que em 2016 eu volte a correr para produzir mais crônicas de corridas... Oxalá eu fique curado!... Independente disso, continuarei contando as histórias de nossos amigos corredores.

Abraço!
Bira.

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Vannucci, Filma Eu!!!

Vannucci Jr. nunca foi a Parnamirim (cidade vizinha a Natal - RN), nem tampouco conhece Sandro Oliveira, um morador do município conhecido por ter o maior cajueiro do mundo. Sendo assim, seria improvável que eu começasse a escrever sobre Vannucci citando Parnamirim e Sandro Oliveira, mas é justamente o que farei e você saberá porque, em...

A alegria de Vannucci ao filmar corredores, foto de arquivo pessoal.

Vannucci, Filma Eu!!!

Amigos!

Aos 47 anos, Sandro Oliveira estava obeso, deprimido e tomava dois remédios para hipertensão...

Talvez fosse o começo de março de 2015, quando a noite caiu, no Rio Grande do Norte, e o vento balançou as cortinas do quarto de Sandro. Escrevo "talvez", porque o vento fazia isso todos os dias de todos os meses. Pobre vento potiguar, que balançava as cortinas quando queria balançar Sandro!... Queria fazê-lo encontrar uma nova perspectiva na vida. Mas, no fim de cada noite, o forte vento já estava exausto e produzia um silvo triste, incapaz de animar qualquer ser humano, antes que o sono chegasse.

Talvez fosse começo de março, quando Sandro ligou o computador e entrou na internet. Digo talvez, porque Sandro fazia isso todos os dias. Daquela feita, no entanto, seria diferente. Ele descobriu o blog Corrida Rústica, e começou a assistir, ali, os vídeos produzidos por Vannucci Jr. que fizeram seus olhos brilharem. Em um desses vídeos, Vannucci saía para correr às cinco da manhã e encontrava amigos pelo trajeto. Sandro imaginou-se dentro do vídeo, correndo com Vannucci e seus amigos nas ruas de Uberaba - MG, e decidiu: é isso que eu quero para mim!

Talvez já fosse final de março, quando inspirado pelo blog de Vannucci, Sandro começou a praticar treinamento funcional, visando iniciar na corrida. Tempos depois já estava correndo. Começou a perceber os bons ventos que sempre entraram pela sua janela. Começou a perder o excesso de peso, subtraindo 12 kg em seis meses. No dia 28 de outubro, Sandro estava feliz e queria falar com Vannucci para agradecê-lo. Entrou no blog de Vannucci e descobriu um número de celular para contato. Mas o número não era de Vannucci, era o meu celular que ali foi divulgado devido a um evento que eu e Vannucci promovíamos.

Talvez não fosse por simples engano que Sandro me ligou e disse:

-- Bom dia, Vannucci!... Eu me chamo Sandro e sou de Natal...

Eu estava no metrô quando recebi a ligação e quase desliguei depois de dizer que era engano. Mas rapidamente intuí que ele quisesse falar com meu amigo de Uberaba:

-- Sandro, você deve ter visto o meu número no blog do Vannucci, mas eu me chamo Bira...

-- Poxa, Bira, eu queria muito falar com ele! Acompanho seus vídeos na internet e comecei a correr por causa dele. Você tem o número dele? - suplicou.

-- Tudo bem... Aguarda um pouco que eu vou te passar por mensagem. - e desliguei.

Ontem foi a minha vez de ligar para o Sandro e lhe perguntar se conseguiu falar com Vannucci e saber, com detalhes, os motivos de seu contato. Expliquei-lhe que eu estava fazendo uma postagem sobre nosso amigo e ele revelou sua história, que descrevi.

Vannucci - AB (Antes da Boina)


quarta-feira, 11 de novembro de 2015

O Diário de Corrida de Zim

(...) "Quando faltavam dois quilômetros (...) eu já estava me arrastando - para dizer a verdade, eu corria cerca de 700 metros e caminhava 100 (...). Toda hora eu resmungava: 'Isso é coisa de louco!... Aqueles caras que fazem Iroman são loucos!...(...)


O Diário de Corrida de Zim

Amigos!

Erivaldo Zim - foto de arquivo pessoal.

Esta semana eu liguei para o amigo e corredor Erivaldo Zim (foto) por três importantes motivos:

Primeiro, quis prestar solidariedade pelos momentos difíceis que ele está passando. Nosso amigo está sendo submetido a tratamento quimioterápico no INCA - Instituto Nacional do Câncer, para se curar daquela doença. Depois perguntei se ele concordava que seus amigos organizassem um treinão pela sua cura e que, na largada, orassem um Pai Nosso em favor da sua recuperação. Finalmente, eu também queria contar a sua história de corredor neste blog.

Zim (54 anos) concordou e começou a me descrever sua história na corrida...

Na foto: Erivaldo Zim correndo nas olimpíadas militares de 1986.

Começou a correr em 1985, quando um coronel do Exército, no quartel que Zim servia, reuniu a tropa planejando uma confraternização. Fariam uma corrida de Deodoro a Santa Cruz, Zona Oeste do Rio, com percurso de  35 km. O oficial solicitou voluntários e o jovem soldado Zim, então com 23 anos, apresentou-se achando que todos na tropa fariam o mesmo. Para sua surpresa, apenas seis corajosos se ofereceram e só lhe restou, nos próximos dias treinar, treinar e treinar... O dia da prova chegou e, como recompensa, ele cumpriu o trajeto em 2 horas e 17 minutos. Fisgado pela corrida, Zim participou das Olimpíadas do Exército no ano seguinte e deu baixa do serviço militar em 1989.

Erivaldo entrou para a Polícia Militar em 1990, quando participou de diversas provas, incluindo a Corrida da Ponte Rio-Niterói. Em 1992 quis encarar sua primeira maratona, a Sul América Seguros, no Rio. Para isso seguiu uma planilha de treinos da Revista Físico-Forma e escreveu um diário de treinos. O diário de Zim foi impresso e encadernado e com os relatos da sua grande prova.

Ao saber da existência do diário eu abortei da ideia de tentar descrever sua história. Deixarei que os próprios trechos do Diário de Zim revelem o mais importante: As suas emoções de corredor, a seguir:

As Emoções do Diário de Zim


"MINHA 1ª MARATONA" (Trechos do Diário)


A CONCENTRAÇÃO: 

"São sete horas e vinte e cinco minutos, todo mundo alegre, se cumprimentando e desejando aos amigos boa sorte (...)"

A LARGADA: 

"Eu estava tranquilo, mas , como todo mundo, com uma passadinha bem curta: 'só no sapatinho' (...)"

O TRAJETO: 

"Fui ganhando posições, até os 10 km a corrida estava muito boa, fiz com 47 minutos e já havia passado muita gente. Quando cheguei aos 19 km, lembrei da barreira dos 29 e pensei: 'não existe barreira alguma!', apesar de estrar sentindo o joelho."

A BARREIRA: 

"Cheguei aos 25 km com 1:58 h, o mesmo tempo que fiz na Corrida da Ponte'91. No km 28 eu estava ansioso para ver a plaqueta dos 29 km, que não chegava nunca. Minhas passadas começaram a diminuir e o corpo parecia entrar em uma máquina de moer carne."

"Finalmente 29 km! Prossegui com passadas mais curtas e quebrei a barreira (...) Mas o fantasma da barreira estava me esperando nos 34 km. A todo tempo lembrava do que tinha lido sobre maratona, na Revista Físico-Forma, e aquilo ia me dando forças."

A SUPERAÇÃO:

"(...) Isso não é corrida!... Maratona é um desafio. No começo você briga com outros atletas, briga com o tempo... Mas ali, no km 35, eu já estava brigando comigo mesmo. Comecei a resmungar: 'Isso é coisa de maluco!'. A vontade de parar era demais, mas só faltavam sete quilômetros (...) o problema é que depois de ter corrido 35 km, sete quilômetros pareciam outra maratona!"

"Comecei a sentir câimbras, nas batatas das duas pernas, no km 36. Eu não me sentia como um corredor. Eu estava controlando câimbras e dores musculares. Eu já estava me empurrando... nas ruas o público vibrava, dando forças, e a minha única retribuição era um sorriso com cara de choro."

"Cheguei aos 39 km com um cansaço intenso e câimbras cada vez mais fortes. Os aplausos que recebia em nada adiantavam."

A CHEGADA:

"Quando faltavam dois quilômetros (...) eu já estava me arrastando - para dizer a verdade, eu corria cerca de 700 metros e caminhava 100 (...). Toda hora eu resmungava: 'Isso é coisa de louco!... Aqueles caras que fazem Iroman são loucos!...

Nunca mais vou fazer maratona!... Vou ficar um mês sem correr!...' A 500 metros da chegada já dava para ver minha torcida organizada: Tina, Aninha e Cláudio, todos batendo palmas para mim. Eu comecei a me sufocar com alguma coisa que era a vontade de chorar, 'Não!... Eu não vou chorar!'... Queria falar para Tina que minhas pernas estavam doendo, mas minha voz não saía..."

"Quando cruzei a linha e ganhei uma medalha de participação, não aguentei: Corei, chorei de soluçar!... Mas o engraçado é que eu não sabia porque estava chorando. Eu já havia cumprido o que prometi a mim mesmo. Sentei no chão e chorei mais ainda, contando as dificuldades que passei e só parei de chorar quando desabafei os sofrimentos de um corredor na sua primeira maratona... Para vocês veem o quanto forte é essa emoção, agora mesmo estou chorando ao descrever esses momentos... Mas não é um choro triste, nem alegre. É um choro de satisfação!"  # #  #


Chegada de Zim na Maratona Sul América de 1992, no Rio.  
 

O Prazer de Treinar com Amigos


Quem conhece Zim Zim (seu perfil no facebook), sabe de seu enorme prazer em reunir amigos nos memoráveis treinões que realiza. Ano passado ele superou todas expectativas, organizando os dois treinões melhores treinões que eu participei até hoje: O Treinão do Rio da Prata (29-06-14, onde percorremos as trilhas do Vale das Taxas, na Zona Oeste carioca) e o memorável Treinão da Ilha Grande (15-11-14), no litoral de Angra dos Reis. Para se ter uma ideia, além de apoio com hidratação durante o percurso, ele providenciou medalhas, camisa do evento e mesa de frutas. Muitos, como eu, não conheciam a Ilha Grande, para onde fomos de catamarã (que o próprio Zim gratificou) a partir do cais de Conceição do Jacareí. Dificilmente alguém fará um treinão tão grandioso quanto o da Ilha Grande, a não ser o próprio Zim.

Correndo por Zim, no Mendanha!


Os amigos de Erivaldo Zim se reunirão mais uma vez, no Mendanha, em mais um treinão. Será no dia 29 de novembro de 2016, às 7 horas. Antes da largada faremos uma oração de mãos dadas pelo seu restabelecimento. Este evento foi aberto no facebook com o nome Treinão de Confraternização em Solidariedade ao INCA, para ingressar, clique no link a seguir:

https://www.facebook.com/events/560922424059974/

Acreditamos que nosso amigo Zim vai superar mais essa e queremos mostrar que estamos ao seu lado!

Abraço!
Bira.  


segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Memórias Póstumas de Um Corredor - Última Parte

Amigos!

Imagem composta com recortes de fotos da internet, ditada com Gimp e Paint - Bira, 11/15.

Última Introdução

Vivo. É assim que me sinto diante das minhas memórias... Não importa por quanto tempo eu esteja parado nem o quanto engordei, por causa disso. Não importa que a sola do meu pé insista em arder quando piso no chão. Farei das memórias meu chão e correrei nas pistas que são formadas entre as linhas deste texto!

Agora estou vivo, porque assim decidi! Não lamentarei pela cura que espero, quando o esperar já constitui privilégio. Esperar é uma oportunidade que ganhamos para rever e projetar. Se você é daqueles que apenas lamenta toda vez que está esperando, perde a oportunidade de avaliar o passado para fazer melhor, mais à frente.

Revejo tudo que um corredor pode sentir descrito aqui, em várias postagens. Já relatei alguns trechos e agora dou fim a esta série de "Memórias...".

Capítulo XIII - Aprendendo a Descrever


Fiz esse blog, em 2008, para relatar minhas corridas. Não demorou muito e eu descobri que o relato das corridas de um corredor comum e cinquentão não despertava grande interesse.

Mas eu estava no auge de um dos meus treinamentos solitários e queria dividir essa experiência com o maior número possível de pessoas, então me fiz a pergunta:

-- De que forma um cara como eu atrairia algum acesso para o seu blog?

A resposta veio rápida, na minha cabeça:

-- Pare de falar de você e descreva apenas o que vê e o que sente... Faça assim: Quando estiver correndo, transforme seus sentimentos em uma lente. Depois coloque esta lente entre seus olhos e a paisagem... A seguir, relate o que vê e descreva o que sente!... Se fizer direitinho, seu texto será capaz de espalhar emoções!

Os corredores não diferem das pessoas na preguiça de descrever suas emoções. É muito comum ouvir a expressão "emoção indescritível", quando tudo pode ser descrito. Aprender a descrever é uma ultra maratona interminável. É o mergulho num oceano de mistérios, belezas e perigos. A criatividade (afirmo!) está ao alcance de todos que têm coragem de mergulhar nos seus oceanos.

Arrisco-me muito neste espaço, faço dele o meu mar. De tanto que arrisco às vezes acerto, como em "DNA de Corredor", uma composição feita com medalhas e camisas de corridas, da postagem "Arte com Medalhas":

DNA de Corredor: instalação composta de medalhas e camisas de corrida de rua - Bira/2013.

Capítulo XIV - Meus Projetos

Em maio de 2013 eu decidi que faria "Um Longão em Cada Estado" e dei esse título ao primeiro projeto deste blog. Comecei aqui no Rio, para ficar mais fácil, e juntei 80 corredores para a subida ao Alto do Sumaré. Três meses depois, fui a Goiânia a convite de Nilo Resende, do blog Companheiros de Corrida. Tive uma surpreendente acolhida, quando Nilo me apresentou seus amigos e sua cidade. Depois disso eu comecei a trilhar uma via-crúcis de lesões e interrompi o projeto. Voltei um ano depois, em setembro de 2014, na belíssima Gramado. A fascite plantar que me acometia se agravou e o projeto foi interrompido até hoje. A ideia de fazer "Um Longão em Cada Estado" continua de pé, esperando melhores dias.

1º Encontro de Blogueiros, Hotel Mar Palace, Copacabana, Rio, jul/15.


O Primeiro Encontro de Blogs e Grupos de Corrida (foto acima) aconteceu em julho de 2014, no Hotel Mar Palace, em Copacabana. Era véspera de Maratona do Rio, uma oportunidade para corredores blogueiros, vindo de todo Brasil, se reunirem para estreitar amizades e trocar experiências. Tive apenas dois meses para divulgar o encontro, o que inviabilizou a participação de vários blogueiros. Mesmo assim, o tempo ficou apertado para que todos pudessem falar.

Foto do Treinão do Brasil, em, Macapá - AP: 300 corredores.

Treinão do Brasil, um sucesso longe dos meus olhos... Foi essa a definição que eu encontrei para o evento, que pretendia reunir o maior número possível de corredores em várias cidades, em um treinão simultâneo. Isso mesmo: faríamos um único treinão nacional, largando todos ao mesmo tempo, vestidos de branco e tendo como tema "Correr Pela Paz!". Idealizado em junho o treinão teria quatro meses para ser promovido. Com apoio dos blogs Companheiros de Corrida, Corrida Rústica e JMaratona foram feitas divulgações. As adesões foram surgindo, até que alcançamos 50 cidades com treinões marcados. Através do Facebook e telefonemas, falei com corredores de norte a sul do Brasil para promover o evento. Angariei confiança e conquistei amizades. No dia 20 de setembro de 2015, às 8 horas, em ponto, 2.500 corredores largaram no Treinão do Brasil. A festa foi grande em várias cidades. Aqui no Rio, no entanto, eu não consegui juntar mais de 40 corredores em Copacabana e não escondo minha decepção. Durante meses eu fiquei fazendo contatos com gente de todo o país e não tive como promover devidamente o treinão de Copacabana. A despeito da minha frustração local, o Treinão do Brasil foi o maior e mais abrangente treinão feito por corredores de rua de todos os tempos. Foi destaque nas mídias de varias cidades e muitas amizades foram concebidas. O Treinão do Brasil promete voltar, maior e melh, em 2016.

Capítulo XVI - Isso Não Vai Acabar em Memórias!

Eu ainda teria muita história para relatar aqui, mas é evidente que não estou morto e resolvi parar com esse negócio. Confesso que esta série foi um pretexto para alimentar o blog, já que estou a tanto tempo sem correr. Mas foi também um gostoso desafio... Produzir postagens sobre corrida, sem sair de casa para correr, é como narrar um jogo de dentro do estúdio da TV... Bem, eu nunca narrei um jogo, mas adoro fazer comparações...

Voltarei ao presente e se viajar, de novo, será para o futuro (o que seria outro belo desafio). Longe das corridas, alimentarei esse blog com o leite que tirarei das pedras - ou das pedras farei sopa. Agora as pedras estão apenas no meu caminho e não sobre mim. Falta menos tempo para eu voltar a correr do que quando eu iniciei esta série, esta postagem, esta frase, esta palavra, este pensamento:

Vivo. É assim que me sinto ao perceber que meu retorno às corridas está cada vez mais próximo!...

- FIM -

Abraços!
Bira.


quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Memórias Póstumas de Um Corredor - Parte III

Amigos!

Imagem composta de recortes de fotos da internet, utilizando os apps Gimp e Paint - Bira, 03/11/15.

Introdução III

Morto. É assim que me sinto toda vez que levanto... A fascite plantar atirou meu humor no chão e o espalhou feito brasas. Estou pisando nas minhas próprias brasas e com elas vou virando cinza. Estou sendo cremado na fornalha desta lesão, longe dos olhos cerimoniosos dos amigos de corrida... Pobre de mim, pois ninguém recolherá meu pó!

Mas, pensando bem, é melhor que seja assim. Melhor deixar que as lufadas de vento arrastem meus ciscos em um treino derradeiro por toda a cidade. Visitarei as mesmas ruas que, em vida, reguei com gotas de sonho e suor. Agora que não suo, fluirei, pela manhã, no eco inaudível daqueles 
sonhos antigos. 

Fragmentos de mim continuarão flutuando até o cair da noite. Na madrugada, Incorporarão no vento frio. Serei o vento que silva em resposta ao uivado dos lobos. Serei a brisa gelada que, de sacanagem, invade as frestas de sua janela e lhe provocam arrepios!...

Mas enquanto esse vento não chega, relaxe!... Continue a ler minhas memórias:

Capítulo X - Meus Amigos de Corrida


segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Memórias Póstumas de Um Corredor - Parte 2

Amigos!

Imagem composta por recortes de fotos da internet, utilizando os apps Gimp e Paint - Bira, 02/11/15.


Introdução II

Morto. É assim que me sinto ao completar um ano sem correr... Mas nem tudo na morte é tão triste quanto aparenta para os vivos... Saibam que agora, que sou um corredor falecido, ouço as conversas de todos vocês!... Informo-lhes que é inútil cochichar para esconderem o que falam de mim. Informo-lhes que é inútil, até mesmo, se calarem pois leio seus pensamentos. Pior ainda: leio os pensamentos antes deles surgirem nas suas mentes!... Portanto, sei muito mais de vocês do que vocês próprios sabem de si.

Não tenham pena de corredores fantasmas como eu. Saibam que eles têm uma infinita vantagem diante dos vivos. Pra começar, não precisam gastar fortunas com suplementos e material esportivo. Ainda por cima, eles podem participar de qualquer prova, em qualquer lugar do mundo, sem pagar viagem, hotel ou inscrição! Eles não estão aprisionados na carne sensível que pulsa, que sua e se fere ao esbarrar com outra carne sensível...

Mas vamos deixar as revelações do mundo oculto de lado e mergulhar nas recordações do mundo visível. Seguem as memórias de quando me viam correndo nas ruas:

Capítulo VI - Correndo nos Anos 80

Para falar das corridas dos anos 80 é necessário ambientar o leitor àquela época. Havia pouca informação e recursos disponíveis para quem se propusesse a correr... Havia muito menos ainda para mim, nascido no subúrbio, onde só se falava de futebol. Já relatei isso em outra postagem, com o texto a seguir:

" (...) Esqueça tudo que você entende de corrida de rua hoje: Esqueça das suas camisetas e bermudas tecnológicas que não retêm suor. Esqueça dos seus tênis importados que se adaptam ao formato do pé. Esqueça do seu frequencímetro Garmin que localiza o satélite para medir o percurso. Esqueça até mesmo dos seus fones de ouvido. Esqueça, sobretudo, dessa grande quantidade de amigos corredores que treinam contigo...

Pronto, agora você está em 1985 e corre sozinho na beirada do asfalto. Seus tênis são feitos de lona azul e têm sola dura de borracha. Sua camiseta é branca e de algodão. Ela vai ficar encharcada de suor, vergonha e raiva, quando alguém lhe chamar de maluco na rua...

Isso mesmo, em 1985 e só os "loucos" corriam, enquanto as "pessoas normais" davam longas tragadas em seus cigarros, imitando os atores de Hollywood e desportistas dos um comercias de TV. (...)" - Trecho de: Além do Blog - Meu País Maratona.


Foi nesse cenário que eu saí, do nada, para correr a Maratona do Rio... Isso mesmo que eu quis dizer: inscrevi-me na longa prova sem sequer dar um treino. Veja no capítulo seguinte:

Capítulo VII - Minha Primeira Maratona

Selecionei dois trechos do relato que fiz, 29 anos depois, da minha primeira corrida: O momento em que eu quase abandonei a prova, por esgotamento, e a emoção da chegada...

1- "(...) Lembro-me de um trecho muito difícil, entre os túneis de Botafogo [ já era noite ]. Eu já devia estar "correndo" por quase quatro horas, praticamente sozinho e totalmente esgotado. Seguia em uma faixa estreita, na contra-mão da pista. Fui bombardeado pelos faróis dos carros. As rajadas de luzes queriam me abater. Pensei em desistir, sucumbir sentado no meio-fio, mas perdurei. (...)"

2- "(...) As arquibancadas do Leme abriram um vão generoso em forma de pista pintada de branco, como uma mulher promíscua que se oferece para um jovem debutante. Eu, debutante na corrida, merecia penetrar naquele paraíso. Merecia receber o afago em forma de aplauso da pouca platéia que ali permanecia!... Iluminada por refletores mais potentes que o sol, a chagada da prova, no entanto, não era uma simples mulher promíscua. Ela era a musa mais bela da Praia do Leme, prestes a ser conquistada!

"Impingi-me de uma força sobrenatural e suplantei o cansaço. Uma forte emoção injetou adrenalina nos meus músculos e eu desabalei a correr forte, rumo à chegada. Corri os últimos 500 metros como sequer havia corrido em todo percurso.


"Esfuziante de alegria, cruzei a linha de chegada e me tornei maratonista!" 
- Trechos de: Minha Primeira Maratona.

No ano seguinte voltei a correr a Maratona do Rio, que foi marcante, com largada no pedágio da Ponte Rio-Niterói. No vão central, helicópteros se aproximavam para nos filmar. Motivado, fui fazer a Maratona de São Paulo no mesmo ano. Completei aquela prova arrastando uma das pernas que ficou totalmente travada, no último quilômetro. Fui socorrido e recebi uma massagem milagrosa, que resolveu o problema.

Eu sentia um orgulho tremendo de ser maratonista e não me importava em correr sozinho pelas ruas noturnas dos bairros. Muito pelo contrário: a corrida me distinguia dos demais, mas nem tudo estava bem... Eu comecei a urinar sangue e o médico diagnosticou que eu tinha cálculos renais. Vieram as crises que me faziam rolar de dor pelo chão. Tentei continuar a correr, mesmo assim, mas foi a vez de sentir os joelhos. Depois de muitas tentativas de retorno frustradas eu não vi outra escolha senão tentar esquecer a corrida, e parei.

Capítulo VIII - Um Exilado da Corrida

Não falarei dos 23 anos em que eu não corri, mas farei uma ressalva: Houve momentos que eu tentei voltar e implementei alguns treinos, sempre sentindo os joelhos e desistindo. Nas férias, aproveitava para correr longos trajetos nas areias de qualquer praia do Brasil. Triste, absorvi a ideia de que a corrida não era para mim. Aos 48 anos voltei, muito mais informado e menos afoito. Comecei nas corridas curtas e só cheguei à maratona três anos depois. Mesmo assim, voltei a me lesionar seriamente e agora estou morto outra vez!

Capítulo IX - Morrer É Preciso!

É necessário estar morto para perceber as conexões que unem as almas. É necessário se despir dos sentidos que aprisionam o indivíduo à carne, criando ilusões. Quem lamentou que eu morri sem realizar o sonho de correr na Europa, acalme-se: Agora eu corro em qualquer lugar!... Basta conectar a minha alma liberta à de qualquer corredor! Agora corro nos lugares mais belos, onde os olhos da carne não enxergam, e se enxergassem não seriam capazes de perceber a beleza!

Continua nas próximas postagens...

Abraço!
Bira.


sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Memórias Póstumas de Um Corredor - Parte I

(...) É necessário estar morto para as memórias saírem do túmulo e despertarem alguma atenção. Eis o lado bom de ser defunto!... Adquire-se respeito - talvez porque as pessoas tenham medo que a alma penada lhes puxe o pé, no meio da noite (...)

Imagem composta por recortes de fotos da internet, utilizando os apps Gimp e Paint - Bira, 29/10/15.

Amigos!

Memórias Póstumas de Um Corredor - Parte I

Introdução (da parte I)

Morto. É assim que me sinto ao escrever esta postagem. Vai fazer um ano que não corro e nem melhoro da "minha" lesão. Coloco a palavra "minha" entre aspas para exorcizar a má sorte. Sei que as aspas não curam, mas eu me nego a dizer que essa fascite plantar é minha... Não é! Fascites plantares não pertencem a ninguém!... Elas são como um encosto que ao invés de subir nas costas do oprimido (fazendo dele um cavalo) grudam nos seus pés (feito ferraduras). Eu que já me denominava um corredor pangaré, agora me vejo ferrado em todos os sentidos.

Além dos pés, as fascites atacam todo o corpo e a alma. Imagino elas avançando lentamente, feito uma sombra, partindo das plantas dos pés e subindo pelas pernas. Elas sugam a tonicidade das pernas, que ficaram ociosas, e chegam à barriga, que ganha volume. Esse volume sufoca o orgulho de qualquer corredor. Quando o efeito sombrio encobre a face, o bom-humor do corredor desaparece.

Corredor com fascite só corre quando um sonho lhe socorre. Ele só treina com os olhos, no facebook dos amigos. Ele só está vivo enquanto sonha, se acorda, está morto... E foi assim que eu me tornei um defunto moderno, psico-digitando aqui minhas memórias... Então vai:

Capítulo I - O Retorno às Corridas

Em 2007, quando eu fiz 48 anos, proclamei solenemente, para que minha mulher e filhos ouvissem:

-- Vou voltar a correr!!

Recebi como resposta uma sonora e coletiva gargalhada. Não que eles fossem debochados - confesso que o debochado da família sou eu - mas é que eu caíra na descrença de tanto repetir aquela frase. Mesmo não tendo razão, eu me senti humilhado. Engoli minha réplica, mas reafirmei em pensamento:

-- Eu vou voltar sim!... Vocês vão ver!!

E viram. No dia seguinte eu vesti o short e os tênis - que estavam encostados - e fui correr no final da tarde. Era incrível: Depois de mais de vinte anos, eu estava correndo de novo!... Fiquei eufórico em poucos minutos e desabalei num trajeto de oito quilômetro, pelas  ruas do bairro. Lembro-me, como se fosse agora, da maravilhosa sensação de voltar a correr.

-- Como pude parar por tanto tempo?" - eu pensava e delirava: -- Eu nasci para correr... Veja como estou correndo forte depois de tanto tempo?..." - dizia para mim mesmo.

Cheguei em casa decidido a nunca mais parar, mas não seria bem assim...

Capítulo II - Benditos Joelhos!

Acordei na manhã seguinte com as pernas doloridas, coisa que eu já esperava. O que eu não esperava foram as dores nos joelhos, que quase me impediram de caminhar na escada. Imediatamente lembrei que os joelhos que me fizeram parar por tantos anos, e desanimei. Dois dias depois, no entanto, eu parecia estar bem e repeti o trajeto. Mas na manhã que seguiu, meus joelhos nem dobravam e eu parei... Parei, mas não estava entregando os pontos: fui procurar uma academia para fazer reforço muscular nas coxas e panturrilhas. Baseei-me no exemplo do meu ídolo do futebol, Zico, que aliviou a contusão dos joelhos reforçando a musculatura das pernas... E não é que deu certo?!... Em pouco tempo eu estava definitivamente de volta!

Capítulo III - Voltinhas na Oliveira Belo

Para quem não conhece, a Avenida Oliveira Belo fica na Vila da Penha. No meio dela passa um rio, margeado por uma pista, com 1.700 metros, para corrida e caminhada. Experimentei trotar ali e gostei, voltando todos os dias. Eu tinha um medo tremendo de desistir, e me ver rodeado de gente seria a estratégia. No trabalho um amigo começou a me emprestar revistas de corrida e eu fiquei de queixo caído... Era como se eu tivesse saindo de uma máquina do tempo, oriundo dos anos 80, para deparar com toda tecnologia esportiva dos tempos atuais.

"Tênis de pisada", "tecidos tecnológicos" e "frequencímetro" eram apenas algumas das expressões de um novo mundo deste esporte. O crescimento da economia fazia do Brasil um mercado promissor, bem diferente daquele Brasil dos anos 80, que assistiu a Maratona do Rio nascer e morrer por falta de patrocínio. Na internet surgiam os blogs de corrida e o orkut passava a vez pro facebook. As capitas do país ficavam cada vez mais repletas de provas e os meus olhos nem piscavam, na ânsia de beber toda informação desse mundo que borbulhava.

Capítulo IV - Corrida Leblon - Leme

(na foto: Corrida Leblon Leme, jan/08)

Li na Revista O2 que estavam abertas as inscrições para a primeira corrida de 2008. Motivado, garanti o meu retorno às provas de rua que descrevi, aqui no blog, desse jeito:

(...) Duas décadas depois, reencontrei a velha namorada - a Corrida. Era manhã de domingo no Leblon e eu já tinha 48 anos, quando larguei na Leblon-Leme. Fiquei tímido para puxar assunto... Ela, Corrida, continuava jovem e mais linda do que nunca. Minha juventude, no entanto, se resumia à atitude de estar ali. Fiquei surpreso quando me vi em seus braços. Tomei banhos de suor e auto-estima. (...)

Depois dessa prova eu me inscrevi em todas as corridas de 10 km. Coloquei na cabeça que correria abaixo de 40 minutos, apesar de quase cinquentão, e cheguei perto. Só não consegui quebrar essa marca porque não sou suficientemente disciplinado. Saí dos 10 k para as meias maratonas, em 2009. Em 2010, estava de volta ao meu país: A Maratona!... Como o descrito num trecho de outra postagem deste blog:

(...) Maratona não é uma prova e sim um lugar. Um lugar que se desloca pelo mundo e abriga pessoas felizes, mesmo que estejam em sofrimento físico. A Maratona é minha terra! Quando eu digo "sou maratonista", refiro-me à minha nacionalidade. Meu país Maratona abriga pessoas das mais diversas raças, culturas e níveis sociais. Meu país Maratona me torna igual, lado a lado os com demais corredores, trocando forças pelo difícil trajeto. Lembro-me de quando completei a Maratona de Buenos Aires 2010 e não contive um forte choro, após cruzar a linha de chegada. Um argentino que veio logo atrás me amparou com um abraço de irmão, dizendo não menos emocionado que eu:

- Campeón... Eres un campeón!...

Desabei em soluços sobre seu ombro solidário e depois nunca mais o vi. Meu irmão argentino e eu somos maratonistas, habitantes de um mesmo país que tem 42.195 metros de emoção. (...)

Capítulo V - Memórias do Defunto Corredor

É necessário estar morto para as memórias saírem do túmulo e despertarem alguma atenção. Eis o lado bom de ser defunto!... Adquire-se respeito - talvez porque as pessoas tenham medo que a alma penada lhes puxe o pé, no meio da noite. Mas fiquem tranquilos: não puxarei o pé de ninguém! Bastou-me ter, em vida, uma fascite que não quisesse largar do meu próprio pé. Agora, morto, só lhe peço atenção para a minha história...

Clique aqui para ler a Parte II...

Abraço!
Bira.