sábado, 26 de novembro de 2016

Uma Recompensa Inesperada

Detalhe da foto de Vannucci Jr, gravando mais uma corrida para depois postar as imagens no seu Canal Corrida Rústica...

Uma Recompensa Inesperada


Amigos!

Em novembro de 2015 eu amargava um longo período de lesões e, sem correr, fazia peripécias para manter esse blog ativo. Um de meus artifícios era contar histórias de amigos corredores, mas isso não era nada fácil. O lado difícil para contar de histórias reais é conseguir desvendar os detalhes dos fatos e intimidades da vida do entrevistado. Só assim, o leitor se identifica, reconhece a profundidade e mergulha no texto.

Lembro que naqueles dias eu estava encontrando muita dificuldade para escrever a história de meu amigo Vannucci Jr. - Youtuber e proprietário do blog Corrida Rústica. Tínhamos trocado e-mails e telefonemas, mas faltava algo. Toda informação que eu tinha não seria suficiente para retratar o famoso corredor da boina preta, como eu queria. Eu não queria apenas descrever o seu passado, mas mostrar os efeitos daquilo que ele fazia, ao migrar pelas cidades filmando corredores.

Fiquei muito tempo sem saber por onde começar a postagem de Vannucci, acho que já tinha até desistido da missão, quando, certo dia, meu celular tocou dentro do metrô. Olhei no display que a ligação vinha de Natal e atendi, constrangido, em meio aos ouvidos espalhados no vagão. Do outro lado, uma voz perguntou arrastando ansiedade e sotaque nordestino:

-- Alô... É o Vannucci??...

Quase desliguei percebendo que era um engano, mas num lapso entendi que alguém estava me confundindo com o amigo da boina. Respondi que eu me chamava Bira, mas conhecia o Vannucci...

-- Você tem o telefone dele? - Suplicou o natalense Sandro -- Preciso falar com o Vannucci... Eu acompanho os vídeos no blog dele. Foi lá que vi o número desse seu celular e fiz a confusão... Olha, eu comecei a correr por causa dos vídeos de Vannucci!...

Dei-lhe o número, mas no dia seguinte retornei à ligação para saber se ele conseguira o que queria, além de perguntar sobre os detalhes da sua história... Fiquei surpreso quando Sandro falou que saiu da depressão para começar a correr, inspirado pelos vídeos do canal Corrida Rústica e vibrei: Pronto!... Eu já tinha o que precisava para concluir a postagem do corredor da boina preta!... Bastaria misturar as histórias desses homens, que nem se conheciam, e mostrar a influência de um na guinada de vida do outro. Isso resultou na  postagem: "Vannucci, Filma Eu!", parte dela replicada na Revista Triângulo Esporte.

Esta semana, um ano depois, Sandro me ligou outra vez para dizer que continua correndo lá em Natal. Explicou que não tem Facebook, pois não sabe "mexer" direito, mas que na última corrida avistou um grupo de corredores de Juiz de Fora e se aproximou, pedindo para eles gravarem o seguinte vídeo de agradecimento:

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

O Corredor de Longão


Foto de arquivo pessoal editada - Bira, 16-11-16.


O Corredor de Longão


Lá vai o corredor de longão!... Assustando as pessoas quando descobrem que ele corre por mais de três horas seguidas, engolindo lentamente cada quilômetro, feito a jiboia que engole um boi. Costurando as ruas e os bairros, revisitando a nobreza de alguns e a degradação de muitos.

Ninguém conhece os lugares melhor do que o corredor de longão!... Ninguém possui amor tão intenso pelo chão onde pisa. Ninguém consegue fazer amor com a cidade como ele faz, tocando nas partes mais sensíveis da sua amada. Ofegando e gotejando, sobre ela, vapores e suores de prazer. É no sobe-e-desce das ladeiras e no entra-e-sai dos becos que ele é conduzido ao clímax explosivo de um retão. A seguir, desfalece satisfeito sobre a relva, acariciado pela brisa e envolto pelo céu.

Lá vem o corredor de longão!... Arrastando uma lufada de ar que ventilou toda cidade... Ah, se todos fossem como ele, dia após dia, aos milhares, aos milhões! Milhões de pernas inquietas, movimentando o ar. Os capilares de cada corpo serão como as ruas, onde os corredores de longão circulam feito seus próprios plasmas. Imagina milhares de cidades repletas de corredores no entorno de um mundo, plasmando energia!... Indo e vindo num longão sem começo, nem fim, nem direção, nem limites, nem fronteiras!

Lá vai o corredor de longão!...

Lá vem o corredor de longão!...

Nos capilares de um mundo ideal... Muito além das cidades... Dentro e fora dele mesmo, no tudo, no todo... Lá vai!

Abraço!
Bira.

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Fora da Nuvem, Correndo em Qualquer Lugar!

Foto pessoal transformada pelo aplicativo Prisma.


Fora da Nuvem, Correndo em Qualquer Lugar!


Amigos!

Paro diante da tela do computador sem saber por onde começar este texto. São mais de quatro meses sem fazer uma postagem neste blog e visitando muito pouco o Facebook. Saí da "nuvem", onde todos moram nos dias atuais. Mas não foi nada planejado: de repente, resolvi cobrir os móveis, trancar a casa e pegar o primeiro voo imaginário para fora do mundo dos pixels. Para completar, meu celular enguiçou (três vezes!) e, desconectado, eu aguardo as promoções do Black Friday para substituí-lo. Juro que cheguei a pensar em nem ter mais celular, mas... Como eu iria chamar o Uber ou pagar as contas sem precisar ir ao banco?

Fica calmo, não estou com fobia social-virtual. Fora da "nuvem", ao alcance das minhas mãos, tem um monte de gente, até onde meu grito alcança. É verdade que há muito eu não grito, então as minhas palavras desfalecem num raio cinco metros. Então percebo que a internet é um grito, ou melhor, é um monte de gente gritando para muito além dos cinco metros de seu entorno. Ontem mesmo, falei com uma colega que a Rede é viciante porque é como um simulacro de telepatia, devolvendo ao homem uma capacidade que ele perdeu -- de comunicar-se instantaneamente, sem limites... Ela perguntou onde eu li isso, ignorando todas as minhas vidas passadas.

Bem, agora que falei em "passadas" posso retomar o tema deste blog: A corrida.

Sim, eu voltei a correr este ano, mas só há pouco comecei a treinar de verdade, sem alarde e solitário (fica calmo, não estou com fobia social, apenas feliz). Vou fazer a Maratona do Rio'17 depois de dois anos afastado. Comecei a treinar bem cedo, não tenho pressa - ainda faltam oito meses para a prova. Estou curtindo a viagem dos treinos... E como é bom treinar de novo!

Esta semana, correndo no asfalto, encarei chuva forte e fria, atirada por nuvens reais. A descarga só me fez refrescar e correr mais forte! Percebi que também sou nuvem, gotejando e emitindo água ou vapor... Fecundando o chão e povoando o céu, ao mesmo tempo... Colorindo a cidade aos olhos de quem sonha e admira um corredor. Trocando vibrações com a Terra a cada toque do solado de meus tênis.

Paro diante da tela do computador sem saber por onde terminar este texto. Meus dedos lentos percorrem o teclado para desenhar a próxima cena: Amanhã vou correr em qualquer lugar da cidade e isso já é o bastante. Estou fora da nuvem, mas disperso no céu!

Abraços!

Bira.