segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Prepare-se! Você Vai Precisar da Corrida

Recorte de imagens da internet, com efeitos do Gimp.

Prepare-se! Você Vai Precisar da Corrida 


Amigos!

Prepare-se! 2018 chegou com tudo nos bares, nas esquinas e nas redes sociais. Um ano de conflitos, que só estão esperando o carnaval passar para fazer o seu desfile. A chapa vai esquentar muito mais que o asfalto onde você corre.

Prepare-se! 2018 vai provocar discórdia entre bons amigos nos bares, nas esquinas e nas redes sociais. É que um rio de dinheiro ficou represado e aguarda os vencedores da guerra "ideológica" para definir seu novo curso. O dinheiro correrá para os bolsos deles, num ritmo muito mais rápido que o seu "pace" de corredor.

Prepare-se! Em 2018, as ventanias de janeiro prometem se estender por todo ano. Filhotes de pássaros cairão das árvores, feito mangas verdes, que nos temporais cobrem o chão. Mas os dançarinos, provocadores das chuvas, no entanto, estarão muito bem abrigados. No fim da guerra, eles trocarão apertos com as mãos lavadas nas águas da tormenta, com a mesma tranquilidade que você lava sua camiseta suada.

Prepare-se! Em 2018 você vai precisar da corrida. Com ela em dia, você poderá sorrir ou trocar de assunto sempre que a chapa esquentar. Seja no bar, na esquina ou nas redes sociais. Você poderá ignorar os que querem lhe enfileirar nos conflitos que eles mesmo provocam. Você não se perderá dos amigos nos treinões da vida. Tampouco perderá os amigos que a corrida lhe deu.

Prepare-se!

Abraços!

Bira.

sábado, 27 de janeiro de 2018

No Dia em que Eu Corri na Montanha...

Correndo na Montanha, recorte e colagem com Gimp, Bira - 27-01-18.

No Dia em que Eu Corri na Montanha...


Amigos!

No dia em que eu corri na montanha, pude ver, lá do alto, o mar espelhando o céu. Uma infinidade de azuis invadiu os meus olhos enquanto o vento desceu das nuvens para me acariciar. Vi a espuma branca das ondas imitando o movimento branco das nuvens. No entorno da trilha, onde eu trotei, o capim criou olas agitadas pela brisa. O deslocamento não me permitiu observar a beleza de uma flor semi oculta na relva. Mas percebi o coletivo das flores espalhadas ao longo do caminho, então elas passaram a correr do meu lado... Foi incrível descobrir que as flores correm, expelindo polem e borrifando perfume! Foi surpreendente perceber que as borboletas amarelas piscam, feito vaga-lume, no abrir e fechar das asas de um voo imprevisível. Fiquei surdo no zunir de um vento forte e repentino, que abafou o piado dos pássaros. Mas eu sabia que as aves estavam por perto, saboreando sementes ou devorando insetos. Volta e meia, elas plainavam naquele vento e ficava fácil entender porque vivem cantando.



No dia em que eu corri na montanha, tive a recompensa por todo esforço que fiz, durante os anos que treinei na cidade. Foi assim que ganhei condições de subir a montanha. Disputando espaço com os automóveis, reivindiquei uma faixa de asfalto para treinar. Meu cenário era limitado pelos muros e paredes pichadas. Em alguns momentos, pelo viaduto sombrio onde um casal de mendigos dormia e se escondia do céu. Mais adiante, uma vitrine exibia flores sequestradas, talvez na montanha. Outras vitrines vendiam frascos de perfume extraídos de outras flores. Passarinhos assustados procuravam árvores para pousar. Borboletas dormiam, de dia, para se travestir de mariposas, de noite, e depois morrerem tontas de tanto girar em volta de uma luminária. Se os ventos da cidade assobiavam, era prenúncio de chuva forte, com possibilidade de enchente. Se a chuva caísse, terminaria mais um treino para mim.

No dia em que eu corri na montanha, é bem possível que eu não estivesse pisando ali. É bem possível que aquela montanha fosse fruto da minha imaginação. Um lugar ideal para correr e se encantar com o mundo, onde o azul não tem limites. Um descampado sem muros, paredes, coberturas e medos. O inverso do subúrbio da cidade onde eu nasci. Uma fuga, um abrigo, um trono no topo do mundo! É que a energia que flui na montanha repercute pela vida inteira. Pouco importa se o corredor ainda nem tenha, de fato, chegado até lá. Mesmo que ele suba a montanha no seu último dia de vida. A energia da montanha regredirá para o seu passado. E todo o passado se transformará, mostrando que não existe o impossível. E toda a história da vida do corredor valerá à pena, visto que lhe conduziu até a montanha!

No dia em que eu corri na montanha, justifiquei meu passado e num passe de mágica vi tudo mudar!

Abraço!

Bira.



quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Tinha Uma Tarde Correndo Comigo...

Gif animado feito com recortes de imagens da internet - Bira, 24-10-18.

Amigos!

Tinha Uma Tarde Correndo Comigo...


Tinha uma Tarde correndo comigo, nas ruas da cidade,
Além de um sol solitário me plagiando, lá no céu.
Tinha um display digital de relógio, no meu pulso,
Pulsando os segundos, na cadência do meu coração.

Tinha Corrida no asfalto onde meus tênis passavam,
Rompendo os limites ou costurando os bairros!
Tinha um rio de felicidade atravessando o meu corpo,
Respingando otimismo à flor do meu chão.

Tinha uma Noite afoita por invadir o meu treino.
Tinha meu treino inquieto por penetrar na Noite.
Só faltava os postes acenderem e a Tarde se despedir,
Como se despedem os corredores na passagem de bastão.

Tinha uma sequência de postes demarcando meu caminho.
Tinha uma sequência de ruas me convidando para entrar.
Os faroletes dos carros, que iam, avermelharam meus olhos,
Os faróis de milha dos carros, que vinham, ofuscaram minha visão.

Tinha uma noite correndo comigo, nas ruas da cidade,
E uma maldosa topada pronta para me derrubar.
Tinha astros ocultos correndo, no anonimato do céu,
E um monstro de nuvem engolindo a lua na escuridão.

Tinha um sol brotando, a cada instante, nos mares do mundo,
Formando uma Manhã que corre pelo planeta sem parar.
Tinha uma possibilidade de recomeço ao nascer de cada dia,
E milhões de corredores que tomaram essa mesma decisão.


Abraço!

Bira.

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Meus Sonhos Também Correm!

Sonhos Que Correm, Imagem composta de recortes da internet, com Gimp - Bira, 15-01-18.

Meus Sonhos Também Correm!


Um belo dia, lá nos idos de 1985, eu sonhei em participar de uma corrida e fiz minha inscrição na Maratona do Rio. Até hoje não sei o que deu na telha, pois eu não era um corredor. Só vi o tamanho da encrenca ao me meter, entre seis mil atletas, na concentração.

Quando os 42 km de prova iniciaram, eu chorei de emoção. Chorei na largada o choro da chegada. Garanti logo o meu choro, pois minha chegada seria improvável... Mas falando sério, eu acho mesmo é que chorei porque me vi no meio do sonho!

Depois que as lágrimas secaram foi a vez do suor escorrer. Paguei com ele, o preço que pagam os sonhadores inconsequentes e derreti, feito picolé, no asfalto da cidade. Foram cinco horas e meia até concluir a corrida. A despeito do péssimo tempo, eu me tornei um maratonista, de cara!

O meu segundo sonho veio de imediato. Eu quis baixar o tempo de prova, meses depois, correndo em São Paulo. Só vi o tamanho da da nova encrenca, nos últimos quilômetros da maratona paulistana. Uma de minhas pernas travou. Tive que arrastá-la para completar a corrida, em pouco mais de 4 horas.

Embora eu só tivesse 25 anos, aquilo era o melhor que eu tinha para dar. Minha vida era tão dura quanto os tênis da época. Além do mais, eu treinava sozinho, sem saber direito o que fazia. Trabalhava de dia e corria de noite. Quando trotava, pelas ruas do subúrbio, eu era olhado com a desconfiança que olham para os loucos dos anos 80.

Mesmo assim eu tive um terceiro sonho, que se confundiu com a euforia, correndo sobre a Ponte Rio-Niterói. O monumento foi palco dos primeiros quilômetros da Maratona do Rio'86. No vão central, o meu espírito se uniu aos dos demais corredores: (Com gestos espontâneos, acenamos para os helicópteros da TV Manchete. Emendamos o trajeto aéreo com a extinta Perimetral. Depois cruzamos o Aterro e a ferradura da Enseada, em Botafogo. Entramos e saímos na Urca. Entramos e saímos nos túneis. Enfurnamo-nos na noite e na Avenida Nossa Senhora de Copacabana. Fizemos o retorno na altura do Posto 6. Quando entramos na Avenida Atlântica, rumo ao Leme, tivemos a certeza que concluiríamos a prova). Foi somente no corredor de chegada que cada corredor se desgarrou da união espiritual e assumiu sua própria identidade. Eu reassumi a minha e cruzei o pórtico com gestos de vitória. Estava pronto para sonhar de novo, mas a vida tem seus planos...

Por conta da vida eu parei e só voltei a correr 22 anos depois, acredite! O lapso de tempo só estancou em 2009, quando eu fiz 48 anos. Quando a Corrida retornou, ela ordenou que eu trocasse de roupas, de amigos, de lugares, de horários, de hábitos, de disposição, de propósitos e de direção. Só perduraram família, emprego e documentos.

Aqueles sonhos também voltaram e me levaram para correr nas montanhas, nos vales e nas praias. Meus tênis correram em muitas outras metrópoles. Quem me viu passar teve a chance de sonhar em correr também. Hoje mesmo, nas ruas das minha cidade, eu proferi convites para que todos viessem correr. Não precisei bradar uma só palavra, apenas o toc-toc dos meus tênis no chão, feito código morse, se fazia entender.

Agora, os meus sonhos correm para quebrar as barreiras entre os homens, que quando vistos parados até parecem desiguais. Imagina se todos os homens resolvessem correr e que fosse possível nunca mais parar. Rapidamente, acabariam as disputas de território, derrubando as fronteiras do mundo. É que eles correriam o mesmo caminho que se espalha em todas as direções. É que correndo, eles estariam espiritualmente unidos, acenando para Deus como quem acena para um helicóptero de TV.

Abraços!

Bira.



quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

O Ranking dos Grupos de Corrida Voltou!

O Ranking dos Grupos de Corrida Voltou!




Amigos!

A primeira vez que BiraNaNet divulgou um Ranking dos Grupos de Corrida, no Facebook foi em 2016. Na época, também entrevistamos os fundadores dos três maiores: João Batista - dos Corredores de Rua, Luciene Casanova - dos Amantes da Corrida e Flávio Loureiro - dos Viciados em Corrida de Rua. Além disso, contamos suas histórias. Hoje, estes grupos continuam liderando, com sobras, mas houve mudanças de posição, entre eles.

Dezenas de outros grupos despontavam, como emergentes, a partir da quarta posição. O Ranking acompanhou o sobe e desce dos grupos e despertou curiosidade geral.

Hoje, um ano e meio depois, voltamos para conferir o que mudou... Quem subiu? Quem desceu? Quem surgiu? Confira, a seguir, os 20 mais populares:

Este levantamento inclui grupos de corrida com mais de 8.000 membros. Utilize os comentários do blog para comunicar qualquer omissão.

1- Análise dos Três Primeiros Colocados:


 CORREDORES DE RUA
1º lugar - Corredores de Rua, em junho de 2016 possuía 70 mil membros. Este mês, janeiro de 2018 = 134.540 (quase o dobro) e vem mantendo a dianteira.
Link: https://www.facebook.com/groups/670415156348578/



 AMANTES DA CORRIDA
2º lugar - Amantes da Corrida, em junho de 2016 tinha 53 mil integrantes. Este mês, janeiro de 2018 = 118.600 (mais que o dobro) e ultrapassou os Viciados.
Link: https://www.facebook.com/groups/126686910740530/



 Viciados em Corridas de Rua
3º lugar - Viciados em Corridas de Rua, em junho de 2016 agregava 68 mil corredores. Este mês, janeiro de 2018 = 94.000 (um aumento estupendo, mas não suficiente para manter a 2ª posição).
Link: https://www.facebook.com/groups/viciadosemcorridasderua/


Observe o gráfico e dos três primeiros:

De 05/2016 até 01/2018, os Amantes da Corrida deu um salto, mas os Corredores seguem firmes na dianteira. 


2- Os Grupos Emergentes:

4º lugar - Tubinaticos - Amigos da Vila Olímpica 
- novo no Ranking! membros: 25.509.
Link: https://www.facebook.com/groups/tubinaticos1/

5º lugar - Caçadores de Atletas
- subiu 16 posições! De 5.946 para 18.173 membros!
Link: https://www.facebook.com/groups/1021127647924946/

6º lugar - Atleta Michele Daniele
- subiu de 14.192 para 16.800. Caiu 2 posições.
Link: https://www.facebook.com/groups/1734487013452199/

7º lugar - Corrida Energia Vibrante
- subiu de 11.961 para 14.257. Caiu 2 posições.
Link: https://www.facebook.com/groups/356929897760179/

8º lugar - Corredores
- subiu de 11.916 para 13.885. Caiu 2 posições.
Link: https://www.facebook.com/groups/145394755509406/

9º lugar - Prazer em Correr
- subiu 14 posições! De 5.654 para 12.961.
Link: https://www.facebook.com/groups/prazeremcorrer/

10º lugar - Corredores Capixabas
- subiu 1 posição! De 10.504 para 12.078.
Link: https://www.facebook.com/groups/302757236407794/

11º lugar - Nike+ Run Club-RIO
- subiu de 10.811 para 11.484, descendo 1 posição.
Link: https://www.facebook.com/groups/264760153712668/

12º lugar - Correr Entre Amigos
- caiu de 11.673 para 11.417, descendo 5 posições.
Link: https://www.facebook.com/groups/correrentreamigos/

13º lugar - Guepardos Endorfinados
- manteve a 13º posição, subindo de 10.072 para 10.577.
Link: https://www.facebook.com/groups/503169739843799/

14º lugar - Sou Atleta
- caiu de 11.058 para 10.468, descendo 6 posições.
Link: https://www.facebook.com/groups/souatleta/

15º lugar - Loucos Por Corrida L.P.C
- caiu de 11.031 para 10.466, descendo 6 posições.
Link: https://www.facebook.com/groups/253975891293987/

16º lugar - #EuQueroCorrer
- caiu de 10.342 para 10.303, descendo 4 posições.
Link: https://www.facebook.com/groups/353636094809596/

17º lugar - Corredores de Brasília
- subiu de 8.236 para 9.743, descendo 2 posições.
Link: https://www.facebook.com/groups/corredoresderuaBSB/

18º lugar - Corredores do Rio de Janeiro
- subiu de 7.894 para 8.231, descendo 2 posições.
Link: https://www.facebook.com/groups/172311202806915/

19º lugar - Tarja Preta Runners
- subiu 3 posições! De 5.936 para 8.113 membros.
Link: https://www.facebook.com/groups/988516331191439/

20º lugar - Corredores Cariocas
- subiu de 7.358 para 8.036, descendo 3 posições.
Link: https://www.facebook.com/groups/corredorescariocas/

- obs. O Grupo Geração Saúde, que detinha o 14º lugar, com 9.097 membros, não foi localizado.

Avaliando os Grupos do 4º ao 20º lugar:

Boa parte deles manteve-se estagnada, aumentando muito pouco seu contingente e perderam posições por isso. Os grupos que mais ganharam adesões foram: Caçadores de Atletas (multiplicado por três!) e Prazer em Correr (que ficou duas vezes e meia maior!). Surpreendentemente, esta edição apresenta o Tubináticos, que já chega ocupando o topo com nada menos que 25 mil componentes.

Futuramente faremos novas apurações, extensivas a grupos de até 5 mil membros. Qualquer omissão pode ser citada nos comentários de rodapé, que corrigiremos mais tarde.

Lembrando ainda que este Ranking tem caráter recreativo, até mesmo orientador, para aqueles que utilizam os grupos para promoções ou troca de informação.

Para finalizar, preparei no link abaixo, uma seleção de Crônicas de Corrida que é especialidade de BiraNaNet... Clique na Imagem e confira!

Degustação BiraNaNet - clique!

 Clique e conheça um pouco do blog!









Abraço!

Bira.

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Um Corredor Passou por Aqui

Foto de Erivaldo Zim - fonte Facebook.

Um Corredor Passou por Aqui


- Pela memória de Zim, que propiciou tantos momentos inesquecíveis aos seus amigos de corrida.

Um corredor passou por aqui
Deixando respingos no chão
E um rastro de sorriso no caminho.

Ele foi naquela direção,
Pela estrada que termina
Onde começa a trilha da montanha.

Mas o corredor não estava sozinho.
Dezenas lhe seguiam
Correndo e sorrindo igual.

Todo o bairro, mesmo parado,
Seguia-lhe com os olhos.
E aí, todo bairro sorriu também.

Um corredor conduziu seus amigos
Pelas trilhas dos vales,
No meio da mata.

Fez que todos ficassem tranquilos,
E desvendassem as belezas
Da subida da montanha.

Fez que a própria montanha
Se sentisse amada e regada
Do suor que vem do encanto.

Mas todo encanto da mata
Não existiria se não houvesse
Corredores a observar.

É que o corredor consciente sabia
Que o encanto não existe sem olhos que o vejam.
Que o amor não germina fora dos corações.

Então, o corredor consciente chamou outros corredores,
Agregou outros olhos e outros corações
E revelou todo encanto, e promoveu todo amor!

Um corredor passou por aqui
Deixando respingos no chão
E um rastro de sorriso no caminho.

Ele foi naquela direção,
Pela estrada que termina
Onde começa a trilha da montanha.

Agora, o corredor vai sozinho,
Mas um dia seguiremos seu rastro
E nos sentiremos seguros, de novo, ao seu lado.

Obrigado Zim, por nos ter guiado em tantas trilhas e tantos treinões!



Abraços!

Bira.



domingo, 7 de janeiro de 2018

Meus Tênis de Chuva

Tênis de Chuva e Flores - Montagem com recortes de imagens de internet - Bira, 06-01-18.

Meus Tênis de Chuva

Amigos!

Meus tênis de chuva estão desgastados nas solas, têm marcas de atrito na entressola e puídos no cabedal. Eles também precisam de uma boa lavada que eu não tive tempo de dar. É que depois da última vez que corremos, só eu tomei banho. Já eles, ficaram embaixo de uma goteira para se livrar dos respingos de lama. Depois disso, secaram aos poucos e ganharam um cheiro de cachorro molhado. Feito um cão molhado, meus tênis de chuva nem entram mais em casa. Arrumei um canto para eles, do lado de fora, onde repousam dos treinos sem sequer latir.

Mas nem sempre foi assim...

Ainda lembro do primeiro dia com eles, novinhos, em minhas mãos. Suas cores brilhavam, dentro dos meus olhos, e seu leve cheiro de borracha sintética, feito perfume, invadiam meu peito. Acalentei-os, antes de experimentar sua maciez nos pés. A sensação foi tão boa que eu tive pena de estreiá-los na poeira do asfalto. Fiquei um bom tempo levando-os para trabalhar no escritório, comigo, ou passear-mos no shopping, feito namorados. Aleguei, pra mim mesmo, que eles precisavam amaciar antes de correr pelas ruas.

Dissipada a paixão, encaramos os treinos e nos tornamos bons companheiros. Na primeira corrida que fizemos, meus tênis se viram acuados, no corredor de largada. Viram, no seu entorno, um emaranhado de pernas ansiosas pela partida e uma multidão de tênis inquietos de todas as cores e todas as marcas. Enquanto isso, eu tentava enxergar o display da contagem regressiva, no alto do pórtico, ignorando as imagens ao nível do solo. Quando a sirene tocou, veio o frisson da largada e a energia dos corpos em movimento repentino. Naquele momento, meus tênis descobriram para que vieram ao mundo e desabrocharam, feito flor.

Meses velozes passaram feito corredores de pista... 

Sem que eu desse conta, meus tênis se desgastaram no solado sob o calcanhar. Percebi que eles também já não tinham o mesmo amortecimento que antes, mas prossegui. Certo dia, entrei na loja de artigos esportivos e deparei com outro par, em promoção. Eles tinham brilho, cheiro e maciez de calçado novo. Não resisti e comprei. Então tudo se repetiu: tive pena de colocá-los para correr na rua. Amaciei-os, primeiro, no escritório ou no shopping. Enquanto isso, o outro par continuava se desgastando nos treinos de asfalto.

Quando pensei em jogar fora meus velhos tênis, janeiro chegou... 

Vieram as tardes chuvosas e os rastros de lama nas ruas. Meus velhos tênis não foram para o lixo, mas viraram meus tênis de chuva. Na primeira tempestade, pingos grossos despencaram do céu, trazendo uma alegria que só quem corre na chuva consegue ter. Para colher esse contentamento, tem que ter coragem e se livrar do guarda-chuva. É preciso perder o medo da trovoada ou de olhos alheios. Desmanchar, numa pisada, seu próprio reflexo na poça d'água do chão.

A poeira da estrada virou lama que cubriu os cabedais dos meus tênis e respingou minhas panturrilhas. Meu olhar, atento ao trânsito, ignorava tais detalhes. Eu não poderia deixar que o prazer que sentia terminasse num trágico escorregão. Meus tênis de chuva chafurdavam com a alegria dos porcos, e outra vez desabrocharam como lírio no lodo!

Meus tênis de chuva estão desgastados nas solas, têm marcas de atrito na entressola e puídos no cabedal. Há algum tempo perderam o status de tênis principal para outro novinho e quase foram para o lixo. Ainda bem que existem as fortes chuvas, das quais os fracos se abrigam e os bravos até conseguem ser felizes. Meus tênis de chuva me ensinam a ser forte e feliz, encontrando alegria nas condições onde muitos só veriam o sofrimento.

Abraços!

Bira.