Tempo e Espaço
Amigos!
Quando eu era criança, no início dos anos 70, levava o almoço para o meu irmão, no trabalho. Ia de ônibus (905 - Irajá / Bonsucesso) praticamente de um ponto final ao outro. Só que não era fácil fazer aquilo: As viagens me provocavam náuseas e pareciam que nunca iam acabar... Todos os dias, o lotação rodopiava pelos bairros, parando de poste em poste, feito um cachorro de rua. Eram 13 km de trajeto convertidos em 50 minutos de agonia, ida e volta... Mas, tudo bem, isso passou!
Fiquei quase adulto, me livrei das náuseas e fui trabalhar de office boy no Centro. A qualidade dos ônibus melhorou um pouquinho e eu descobri que para ir à praia bastava descer do 905, na Penha, e embarcar no 483 nos finais de semana. Daquela feita, o itinerário de 35 km se converteria em duas horas de frisson para ver o mar.
Curioso é que, ao longo dos anos, eu tinha a impressão que a Zona Sul estava em outro município, apartado de mim, suburbano, pelo tempo e espaço...
Sorte minha me tornar corredor e romper essas barreiras com os próprios pés! Agora eu já tenho mais de 60 anos e vou de Irajá a Bonsucesso sem embarcar no 905. Sigo correndo, mas não me contento e continuo o trajeto... Avanço mais dez quilômetros e chego ao Centro da Cidade, porém ainda não é o fim: Só desembarco dos tênis nas areias de Copacabana, com quase três horas de treino e 32 km de percurso.
É assim que funciona: toda vez que corro eu pego carona no tempo e tomo posse do chão que piso, naquele lapso. Cada pisada que dou representa uma nova conquista e o desprendimento da conquista anterior. Trocando as pisadas como quem troca os amores e vive de paixão, eu vou!
Sigo reinterpretando o tempo e redimensionando o espaço, não quero parar!
Abraço!
Bira.
(Postagem de Whatsapp, sem revisão de prováveis erros)
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