Janelas de Lançamento: montagem com imagem da internet - Bira, 2012. |
As Janelas de Lançamento
Amigos!Passou a hora do almoço e o vento começou a soprar no subúrbio carioca. A molecada de férias engoliu a refeição e partiu para a rua com carretel e pipa nas mãos. Estava aberta a janela de lançamento de pipas, daquele dia, no céu da periferia! Os moleques não contaram até dez para empinar seus coloridos brinquedos de papel, ignorando que a 6.000 km dali - na base de lançamento de Cabo Canaveral, na Flórida, uma outra contagem regressiva se encerrava: 5, 4, 3, 2, 1, 0... Então, foguetes propulsores urraram como milhões de ursos, expelindo o fogo e a fumaça de milhões de dragões. O ônibus espacial Challenger era lançado naquele 28 de janeiro de 1986, sobre coloridos olhares brilhantes de orgulho e patriotismo americano. Durou apenas 1 minuto para a nave explodir e o orgulho virar tristeza, derretendo-se em lágrimas que escorriam nos rostos da platéia assustada. Bandeiras americanas enlutadas se fecharam a meio-pau.
Se a tristeza explodia deixando rastros de fumaça branca no céu da Flórida, pipas coloridas floriam o céu fluminense. O susto por aqui chegou mais tarde: quando o Jornal Nacional exibiu as imagens da tragédia na TV.
Sempre estranhei quando os jornalistas escreviam ou falavam sobre abertura e fechamento das "janelas de lançamento". Só há pouco acessei a Wikipédia para tirar minhas dúvidas... Simples: Observando a posição do local de lançamento com relação a um destino no espaço, cientistas calculam o período de tempo em que todas as condições se apresentam favoráveis ao lançamento de um foguete. Por aqui, os empinadores de pipa já sabem os meses de vento e de férias, ou em que direção o ar se move à tarde. Repentinos temporais, no entanto, fecham as janelas do céu para pipas ou foguetes. Quando o Challenger se desfez no ar com seus sete tripulantes, a causa foi o rompimento de um anel de vedação do tanque de combustível. Acidentes acontecem...
Guardadas as proporções, imagine a decepção de cientistas e pipeiros que não conseguiram sustentar seus artefatos no céu. Uma janela do tempo se abre, entre as fragilidades das asas de cera de Ícaro e dos anéis de vedação da Challenger, num longo período de histórias infindas de sucesso e fracasso.
Pipas, balões, aviões, foguetes, satélite e sonhos habitam o céu. Aliás, os sonhos chegaram ali primeiro, projetados pelo olhar dos homens de esperança. Inflando o peito com o ar de fé e coragem, eles arregaçam as mangas sem saber que esse é seu melhor momento. Mais do que obter sucesso, o que conduz o homem na Terra é sustentar os sonhos no céu.
Abraços!
Bira.
0 comentários:
Postar um comentário