Precisar não precisa: era início dos anos 80 e o Zeca jogava cartas comigo na Praça. Ele chegava no fim da tarde no velho fusca repleto de adesivos do PDT. Discutia política e jogadas sem perder - o humor, é claro!
Certo dia ele não apareceu e ninguém podia imaginar que estava morto. A notícia chegou com uma semana de atraso. Eu não fui ao enterro nem na missa, mas em sua homenagem escrevi um poema que não li para ninguém: Quem joga na praça não lê poemas, tão pouco poemas concretos. De concreto ali, só os bancos da praça...
Era início dos anos 80, não tinha blog ou internet, e a primeira versão do poema ficou assim:
ADEUS ZECA
(versão pré-internética)
Na tarde molhada.
A cova engole fria um corpo -
Apaga do cotidiano um homem.
Na face molhada,
Os olhos fitam rubros a cena -
Apagam da mente a esperança.
Se a cova apaga um frio cotidiano,
a esperança mente.
Se a tarde engole os olhos rubros,
um homem acena:
-Adeus!
Passados trinta anos, fiz adaptações com ferramentas de hoje:
1- Na versão seguir, palavras são figuras que passeiam nas estrofes - precisar não precisa.
2- Mais abaixo, é a sua vez de recompor o texto, quantas vezes quiser. Escolha as palavras na caixinha. Procure não repeti-las em uma mesma estrofe. É provável que isso estimule o lado direito do seu cérebro, pois o meu está fervilhando!
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Adeus Zeca I - 2012
(versão cyber-concreta)
um homem acena:
Adeus!
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Adeus Zeca II - 2012
(versão cyber-concreta-interativa) - escolha a palavra clicando na caixinha!
(versão cyber-concreta-interativa) - escolha a palavra clicando na caixinha!
Na molhada
a um .
que do um .
Na molhada
a a pálida .
que da a esperança.
Se a um frio cotidiano
a .
Se a a .
um homem acena:
Adeus!
...................................................................................
Abraços!
Bira.
2 comentários:
muito bacana!
Obrigado, Railer!
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