Quantos Anos Você Tem?

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Amigos!

DESAFIOS DE SETEMBRO: PARTE III - QUANTOS ANOS VOCÊ TEM?

Na 3ª e última parte do desafio, recorri a dois grandes amigos aniversariantes. Ocultei seus nomes atrás dos números que correspondem às suas idades, expus suas ideias e escapei do labirinto...

Montagem com imagens de internet recortadas, editadas e sobrepostas com Gimp - Bira.


Os aniversários de meus amigos vieram a calhar!...

Eu precisava fazer esta postagem até o fim do mês. Escrever a partir do título: "Quantos Anos Você Tem?", mas não conseguia imprimir qualquer ideia. Os dias estavam passando e o mês preste a acabar, fluindo como grãos de areia na ampulheta ou filete d'água na bica... Só não fluía o texto e desse jeito eu perderia o prazo!

De repente, surgiu um insight!... Percebi que eu me preocupava muito mais com tempo diminuto, do que em realizar a tarefa. "É isso - pensei - Estou pressionado feito alguém de idade avançada que tem medo da morte e por isso não vive!" Sem querer, entrei no labirinto de meu próprio cérebro. Fiquei Rodopiando perdido nos seus corredores sem encontrar a saída, ouvindo um eco incansável, constante e agonizante: "Quantos anos você tem?... "Quantos anos você tem?... "Quantos anos você tem?..."

Ainda bem que o Facebook me avisou do aniversários de dois grandes amigos... Eles iriam me salvar!... Entrei em contato com os dois. O primeiro fazia 66 e o segundo 58 anos e é assim que eles serão nomeados: "Amigo 66" e "Amigo 58" - aqueles que vão me tirar do labirinto!

Recorrendo ao Amigo 66

- Chega aqui, companheiro!... Me diz uma coisa: Como é chegar aos 66 anos? Você já pensou em quanto tempo que ainda tem pela frente?  Me fala um pouco das limitações e compensações dessa idade?... - desferi-lhe o bombardeio de perguntas.

Meu Amigo 66 tomou fôlego... E para falar de limitações, lembrou-se de seu saudoso pai, que aos 70 anos utilizava a expressão "decrepitude física" para descrever as dificuldades que tinha para se cuidar. A expressão adormecida na memória ressurgiu em insonora voz paterna quatro décadas depois.

Ao contrário do pai, meu Amigo 66 pode se cuidar e trabalhar perfeitamente. Está ciente de algumas limitações, mas valoriza as compensações da sua idade:

- Evito pensar em quanto tempo terei de vida... Adquiri sabedoria ao refletir sobre tudo que aconteceu comigo e ao meu redor... O tempo traz a velhice, a sabedoria vem da reflexão... Receber o carinho de pessoas que nem te conhecem é uma das compensações, por exemplo: quando alguém cede o lugar no metrô, eu percebo que ainda existe respeito pelos cabelos brancos.

Meu Amigo 66 desprezava as redes sociais, achando que ali só havia futilidade. Quando a Revolta do Vinagre (jun/13) tomou conta do Facebook não teve jeito: Ele voltou a respirar política, desta vez no ambiente virtual. Aos 66 anos, ele resgatou um militante que hibernava. Aos 66 anos, ele descobriu que muita gente fazendo política intensamente. Aos 66 anos, ele saiu do ambiente virtual e foi rever companheiros militantes de outrora, participou de reuniões e manifestações pelos direitos humanos. Aos 66 anos, meu amigo voltou a acreditar e para me responder à pergunta: "O que mudou em você?", fez a comparação:

- Quando eu era mais novo pensava que através da atuação política o mundo mudaria para melhor em um prazo mais rápido. Hoje, ainda penso que ele mudará, mas em um prazo muito mais longo... Mas adoraria queimar a língua!

Recorrendo ao Amigo 58

Meu Amigo 58 me respondeu por e-mail. Retalhei seu texto e remontei em três blocos, mas tive o cuidado de preservar seu pensamento, veja:

SubjetivIDADE:
"Idade é coisa subjetiva traduzida nos documentos e formulários...  Não penso em envelhecimento como perda ou limitação. Hoje, aos 58, faço coisas que não fazia aos 20 - para tudo há compensação... O melhor período de minha vida foi entre os 30 e 45 anos. Muitas transformações, quereres, fazeres e o ápice da fase mais criativa. Isso foi muito bom para a base que cultivo hoje...

IntensIDADE:
"Minha geração é diferente da atual... Fui criado dentro de critérios rígidos. O respeito aos mais velhos era forte e rigoroso, me fazendo pensar que eles estavam muito distantes de mim. Hoje, faço atividades com meus sobrinhos - o que antes distanciava, agora aproxima. O respeito se associou ao bem-querer e não ao impor. São sete sobrinhos-netos criados de forma bem diferente...

PersonalIDADE:
"Quando criança pensava que não passaria dos 30 - o que me parecia uma idade bastante avançada. Não queria ser grande para continuar usufruindo as vantagens de ser criança. Sempre tive um enorme senso de auto-sobrevivência..."

Ao fechar esse e-mail, percebi que já tinha uma postagem. O labirinto se desfez e eu estava pronto para outra, na fluência de meus 54 anos de vida!... E você?... 

Quantos anos você tem?

Abraços!
Bira.
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2 comentários:

Bons Km disse...

Oi Bira, esse assunto é bem de cada um, conheço jovens velhos e velhos jovens, depois de perder algumas pessoas muito queridas ainda muito jovens perdi o medo da velhice, tenho medo de morrer e não ter vivido, e descobri que existem duas possibilidades ou você envelhece ou morre cedo, é triste ver as forças da minha avó a abandonando, mas é uma delicia ver meus sobrinhos aprendendo palavras novas e se aventurando em seus passinhos, é o ciclo da vida, e parece que nunca houve tempo suficiente, eu ainda sou muito jovem, ainda vou aprender muito, não me sinto com 28 anos e a idade é algo que não me incomoda hoje, mas principalmente não me define, meu marido tem 20 anos a mais que eu, poderia ser um problema, mas não é, talvez por ser mais novo que eu, entendeu ;D eu adoro fazer aniversários fechar ciclos, crescer, cair, pedalar, evoluir e envelhecer. Faz parte de uma vida bem vivida as rugas as marcas de sol os dentes amarelados os músculos cansados e eu to pronta não vou me entregar ainda vou viver e correr muito, sorrir muito e tomar quantas xícaras de café eu quiser. É isso, pra lá nós vamos... todos os sortudos.
Beijos
Bons treinos
Ju

Obrigado, Ju por acrescentar mais conteúdo à postagem... De vez em quando eu escapo do assunto Corrida aqui no blog, principalmente quando estou parado, por motivo de lesão, como no momento desta postagem.