Correndo Sobre as Águas

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(...) Nuvens negras e furiosas se digladiavam no céu. Raios magníficos fotografavam a cidade. Trovões bradavam sustos no subúrbio carioca. A tempestade chegaria a qualquer momento, antes mesmo das pessoas se abrigarem (...)
O Mundo É O Que Se Vê - montagem feita com imagens da internet - Bira, 16-06-14.

Correndo Sobre As Águas

Amigos!

Nuvens negras e furiosas se digladiavam no céu. Raios magníficos fotografavam a cidade. Trovões bradavam sustos no subúrbio carioca. A tempestade chegaria a qualquer momento, antes mesmo das pessoas se abrigarem.

- Baldes e baldes de chuva cairiam sobre mim, enquanto eu estivesse correndo -- dentro de mim, no entanto, o céu estava azul...

Antes da chuva chegar, rajadas de vento levantaram a poeira e o lixo que repousavam no chão. Papéis e plásticos - que essa gente não cansa de jogar na rua - formaram rodamoinhos. Depois veio um cheiro de chuva entre os olhares desconfiados de um casal que esperava o ônibus.

- Mas eu continuei correndo -- eu, que tinha um céu ensolarado em minha mente...

O primeiro pingo caiu certeiro na minha testa. Era frio e grosso. Outros chegaram em trajetória enviesada pela ação do vento, deixando as primeiras marcas no chão. Anoiteceu em pleno dia e a ventania virou os guarda-chuvas pelo avesso. Filhotes de pássaros caíram das árvores e agonizaram junto às mangas verdes espalhadas no solo.

- Se correndo eu estava, correndo fiquei -- aquela tempestade inesperada não invadiu o meu mundo...

As águas se acumularam rapidamente, e tudo virou uma sopa: lama, lixo, filhotes de pássaros e mangas verdes... A sopa fria entupiu os ralos e fez os rios transbordarem. Os valões urbanos - onde essa gente não cansa de despejar seu lixo - estavam entupidos e não foram suficientes para abrigar a correnteza. Um carro tentou cruzar a ponte semi-sumersa e foi parar dentro do rio.

- Mas eu corria sobre as águas e sob o céu azul de minha mente -- depois de longos meses de tormenta, (até que enfim!) eu estava voltando a correr!

Abraços!
Bira.




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