O Diário de Corrida de Zim

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(...) "Quando faltavam dois quilômetros (...) eu já estava me arrastando - para dizer a verdade, eu corria cerca de 700 metros e caminhava 100 (...). Toda hora eu resmungava: 'Isso é coisa de louco!... Aqueles caras que fazem Iroman são loucos!...(...)


O Diário de Corrida de Zim

Amigos!

Erivaldo Zim - foto de arquivo pessoal.

Esta semana eu liguei para o amigo e corredor Erivaldo Zim (foto) por três importantes motivos:

Primeiro, quis prestar solidariedade pelos momentos difíceis que ele está passando. Nosso amigo está sendo submetido a tratamento quimioterápico no INCA - Instituto Nacional do Câncer, para se curar daquela doença. Depois perguntei se ele concordava que seus amigos organizassem um treinão pela sua cura e que, na largada, orassem um Pai Nosso em favor da sua recuperação. Finalmente, eu também queria contar a sua história de corredor neste blog.

Zim (54 anos) concordou e começou a me descrever sua história na corrida...

Na foto: Erivaldo Zim correndo nas olimpíadas militares de 1986.

Começou a correr em 1985, quando um coronel do Exército, no quartel que Zim servia, reuniu a tropa planejando uma confraternização. Fariam uma corrida de Deodoro a Santa Cruz, Zona Oeste do Rio, com percurso de  35 km. O oficial solicitou voluntários e o jovem soldado Zim, então com 23 anos, apresentou-se achando que todos na tropa fariam o mesmo. Para sua surpresa, apenas seis corajosos se ofereceram e só lhe restou, nos próximos dias treinar, treinar e treinar... O dia da prova chegou e, como recompensa, ele cumpriu o trajeto em 2 horas e 17 minutos. Fisgado pela corrida, Zim participou das Olimpíadas do Exército no ano seguinte e deu baixa do serviço militar em 1989.

Erivaldo entrou para a Polícia Militar em 1990, quando participou de diversas provas, incluindo a Corrida da Ponte Rio-Niterói. Em 1992 quis encarar sua primeira maratona, a Sul América Seguros, no Rio. Para isso seguiu uma planilha de treinos da Revista Físico-Forma e escreveu um diário de treinos. O diário de Zim foi impresso e encadernado e com os relatos da sua grande prova.

Ao saber da existência do diário eu abortei da ideia de tentar descrever sua história. Deixarei que os próprios trechos do Diário de Zim revelem o mais importante: As suas emoções de corredor, a seguir:

As Emoções do Diário de Zim


"MINHA 1ª MARATONA" (Trechos do Diário)


A CONCENTRAÇÃO: 

"São sete horas e vinte e cinco minutos, todo mundo alegre, se cumprimentando e desejando aos amigos boa sorte (...)"

A LARGADA: 

"Eu estava tranquilo, mas , como todo mundo, com uma passadinha bem curta: 'só no sapatinho' (...)"

O TRAJETO: 

"Fui ganhando posições, até os 10 km a corrida estava muito boa, fiz com 47 minutos e já havia passado muita gente. Quando cheguei aos 19 km, lembrei da barreira dos 29 e pensei: 'não existe barreira alguma!', apesar de estrar sentindo o joelho."

A BARREIRA: 

"Cheguei aos 25 km com 1:58 h, o mesmo tempo que fiz na Corrida da Ponte'91. No km 28 eu estava ansioso para ver a plaqueta dos 29 km, que não chegava nunca. Minhas passadas começaram a diminuir e o corpo parecia entrar em uma máquina de moer carne."

"Finalmente 29 km! Prossegui com passadas mais curtas e quebrei a barreira (...) Mas o fantasma da barreira estava me esperando nos 34 km. A todo tempo lembrava do que tinha lido sobre maratona, na Revista Físico-Forma, e aquilo ia me dando forças."

A SUPERAÇÃO:

"(...) Isso não é corrida!... Maratona é um desafio. No começo você briga com outros atletas, briga com o tempo... Mas ali, no km 35, eu já estava brigando comigo mesmo. Comecei a resmungar: 'Isso é coisa de maluco!'. A vontade de parar era demais, mas só faltavam sete quilômetros (...) o problema é que depois de ter corrido 35 km, sete quilômetros pareciam outra maratona!"

"Comecei a sentir câimbras, nas batatas das duas pernas, no km 36. Eu não me sentia como um corredor. Eu estava controlando câimbras e dores musculares. Eu já estava me empurrando... nas ruas o público vibrava, dando forças, e a minha única retribuição era um sorriso com cara de choro."

"Cheguei aos 39 km com um cansaço intenso e câimbras cada vez mais fortes. Os aplausos que recebia em nada adiantavam."

A CHEGADA:

"Quando faltavam dois quilômetros (...) eu já estava me arrastando - para dizer a verdade, eu corria cerca de 700 metros e caminhava 100 (...). Toda hora eu resmungava: 'Isso é coisa de louco!... Aqueles caras que fazem Iroman são loucos!...

Nunca mais vou fazer maratona!... Vou ficar um mês sem correr!...' A 500 metros da chegada já dava para ver minha torcida organizada: Tina, Aninha e Cláudio, todos batendo palmas para mim. Eu comecei a me sufocar com alguma coisa que era a vontade de chorar, 'Não!... Eu não vou chorar!'... Queria falar para Tina que minhas pernas estavam doendo, mas minha voz não saía..."

"Quando cruzei a linha e ganhei uma medalha de participação, não aguentei: Corei, chorei de soluçar!... Mas o engraçado é que eu não sabia porque estava chorando. Eu já havia cumprido o que prometi a mim mesmo. Sentei no chão e chorei mais ainda, contando as dificuldades que passei e só parei de chorar quando desabafei os sofrimentos de um corredor na sua primeira maratona... Para vocês veem o quanto forte é essa emoção, agora mesmo estou chorando ao descrever esses momentos... Mas não é um choro triste, nem alegre. É um choro de satisfação!"  # #  #


Chegada de Zim na Maratona Sul América de 1992, no Rio.  
 

O Prazer de Treinar com Amigos


Quem conhece Zim Zim (seu perfil no facebook), sabe de seu enorme prazer em reunir amigos nos memoráveis treinões que realiza. Ano passado ele superou todas expectativas, organizando os dois treinões melhores treinões que eu participei até hoje: O Treinão do Rio da Prata (29-06-14, onde percorremos as trilhas do Vale das Taxas, na Zona Oeste carioca) e o memorável Treinão da Ilha Grande (15-11-14), no litoral de Angra dos Reis. Para se ter uma ideia, além de apoio com hidratação durante o percurso, ele providenciou medalhas, camisa do evento e mesa de frutas. Muitos, como eu, não conheciam a Ilha Grande, para onde fomos de catamarã (que o próprio Zim gratificou) a partir do cais de Conceição do Jacareí. Dificilmente alguém fará um treinão tão grandioso quanto o da Ilha Grande, a não ser o próprio Zim.

Correndo por Zim, no Mendanha!


Os amigos de Erivaldo Zim se reunirão mais uma vez, no Mendanha, em mais um treinão. Será no dia 29 de novembro de 2016, às 7 horas. Antes da largada faremos uma oração de mãos dadas pelo seu restabelecimento. Este evento foi aberto no facebook com o nome Treinão de Confraternização em Solidariedade ao INCA, para ingressar, clique no link a seguir:

https://www.facebook.com/events/560922424059974/

Acreditamos que nosso amigo Zim vai superar mais essa e queremos mostrar que estamos ao seu lado!

Abraço!
Bira.  


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