No fim da tarde, a festa estava só começando na Praça Panamericana, na Penha - Bira, 23-04-2016. |
Correndo nas Ruas de Jorge
Amigos!Sábado, 23 de abril de 2016 - Dia de São Jorge.
A alvorada de São Jorge despertou o subúrbio com o artifício dos fogos que espocaram no céu!...
Acordei com o barulho e corri para olhar na janela, mas o paredão da casa do vizinho tapou a minha visão. Com preguiça, voltei a deitar e a dormir mais um pouco. Quando acordei de novo, não quis entrar no Facebook nem me iludir com as notícias da TV. Antes do almoço, fiz faxina na casa. Antes das quatro, tomei um banho e fui correr. Fui correr pelas ruas para ver os festejos do Dia de São Jorge nas praças, esquinas e bares.
As ruas de São Sebastião mais parecem pertencer a São Jorge. Muitas delas têm santuários espalhados nas calçadas. São pedestais com a sua imagem do santo galopante, protegida por redomas de vidro e circundadas por canteiros repletos de espadas-de-são-jorge. É nesse seu dia que o suburbano espalha cadeiras na rua, faz cantigas, feijoada e mocotó. Monta barracas que vendem cerveja. Veste camisas com a estampa dos versos da oração para o Guerreiro.
A Rua Jucari, em Irajá, foi fechada para montagem de um pula-pula e piscina de bolas. Bira, 23-04-2016... |
... Perto dali, outra festa nas calçadas do metrô ainda espera pela sombra. Bira, 23-04-2016. |
Meu saudoso pai foi devoto do santo. Possuía um anel com sua imagem na mão que eu beijava para pedir bênção. Meu velho também beijava as imagens do santo para ter sua proteção. Naquele tempo não havia filho que não chamasse o pai de "senhor", nem devoto que esquecesse de tratar santo de "são". Hoje, muitos devotos chamam o Cavaleiro Milagroso simplesmente de "Jorge". Mas é que os tempos de hoje não são os tempos de meu pai. Não é mais tempo de beijo nas mãos, de chamar pai de "senhor" e até santo de "são"... É que o nosso tempo não está mais são e nosso povo suplica por bênçãos do jeito que pode.
Ofereceram-me churrasco em frente a um bar, no Largo do Bicão - Bira, 23-04-2016. |
Então continuei correndo em direção ao Largo do Bicão. O sol, que os cariocas gostam de chamar de "lua", dava sinais de falência e se aos poucos se recolhia. Pelo trajeto, vi casas que faziam churrascos em festas mais íntimas. Trailers de rua que espalhavam cadeiras e mesas, tomando conta das calçadas. O clima era de harmonia. Aproximei-me de um bar, onde algumas pessoas faziam churrasco e pedi para tirar uma foto. Fui prontamente atendido pelo churrasqueiro que foi além, me oferecendo churrasco e cerveja. Agradeci mas rejeitei, explicando-lhe que estava correndo.
Cantina na Avenida Meriti, Vila da Penha - Bira, 23-04-2016. |
Vi pouco movimento na Estrada do Quitungo, em Cordovil. Não quis me arriscar pelas ruas que pouco conheço, exibindo o celular. Mesmo no Dia de São Jorge, os "dragões" andam soltos no Rio e querem roubar... Passei por Brás de Pina. Subi e desci o Viaduto da Penha, depois virei para a direita, em direção à Olaria. Logo, deparei com a Praça Panamericana enfeitada com as três cores de São Jorge: O vermelho e o branco das rabiolas, embaixo do verde das árvores.
O movimento na praça começava a intensificar, ao som de caixas acústicas instaladas na quadra central... |
... Não muito longe dali, na Rua do Couto, outra festa se formava. Bira, 23-04-2016. |
Continuei a correr, em direção ao Largo das Cinco Bocas, em Olaria. Achei que tinha festa lá, mas não tinha. Fiz o retorno em Ramos e passei a correr ao lado da linha de trem. A noite foi chegando e o foguetório tomou conta do céu.
Seria dispensável eu dizer que, a certa altura, eu parei de correr porque senti os joelhos. Seria indispensável eu dizer que São Jorge está galopando nas ruas do Rio, só que o carioca não consegue vê-lo além das redomas ou do estampado de suas camisas.
- Ao meu pai e a todos devotos do Santo Guerreiro.
Abraço!
Bira.
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